21 anos após erro de tatuador, corinthiano fecha costas com lembranças épicas da Libertadores
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Por Lucas Faraldo
Imagine você, na empolgação de fazer uma primeira tatuagem, deixar desenharem errado na sua pele o escudo do Corinthians. Foi isso que aconteceu com o torcedor Edson Souza dos Santos, que demorou 21 anos para enfim corrigir o desenho e, de quebra, "fechar as costas" com nada mais nada menos que seis das principais lembranças do título da Libertadores de 2012.
"A tormenta de mais de 20 anos chegou ao fim", sintetizou Edson, mais conhecido como Edinho, em conversa com a reportagem do Meu Timão.
Tudo começou no longínquo ano de 1996, quando Edson decidiu gravar na pele uma imagem que o fizesse lembrar da conquista do Paulistão de 1995. Por recomendação de amigos, se dirigiu a um tatuador de Guarulhos mesmo, cidade onde mora, e pediu o desenho do escudo do Corinthians na parte superior esquerda das costas. Mas aí...
"Cheguei em casa empolgadão, né? Aí meu sobrinho, pequeno mas já corinthiano, me viu olhando a tatuagem no espelho e falou: 'Ô, Edinho! A bandeira (do estado de São Paulo) ficou ao contrário, pô!'. Você imagina minha decepção. Mas beleza, né... O Coringão fala mais alto", contou, já explicando o porquê de ter mantido o desenho por mais de duas décadas.
"E sabe o que é pior? O tatuador era são-paulino!", acrescentou, num misto de raiva e bom humor.
Em 2017, no entanto, surgiu na vida de Edinho o personagem que mudaria sua vida (ou pelo menos suas costas) para sempre: Homero Ribeiro da Costa Filho, dono do estúdio Homero Tattoo, também em Guarulhos. O tatuador, que ficou conhecido recentemente entre torcedores do Timão por desenhar uma ilustração sob encomenda para o técnico Fábio Carille após o título do último Campeonato Paulista, foi o escolhido para corrigir a famigerada tatuagem.
"Já era hora de resolver isso, né? Aí eu vinha seguindo o Homero nas redes sociais, vi o trabalho dele, gostei e decidi ir ao estúdio", recordou Edinho, se referindo à primeira das sessões, realizada no início deste mês de setembro.
"Ele (Edinho) tinha a ideia de fazer algo relacionado à Libertadores. Aí sugeri cobrir com a taça a tal bandeira invertida", comentou Homero, também em contato com o Meu Timão.
Mas quem disse que a taça seria suficiente? Quem disse que apenas a correção do escudo iria satisfazer Edinho?
"Fazer só a taça não vai ter graça, fazer só o símbolo não vai ter graça. Aí pensei em tatuar as costas toda. Me reuni com o Homero, ele tem a mente aberta, imaginação fértil. Aí ele já deu a ideia, foi riscando com a canetinha, tirou a foto e me mostrou. Aprovei na hora", relatou Edinho.
Em meio às sugestões de Homero, ficaram definidas quais lembranças da Libertadores seriam gravadas nas costas de Edinho: a comemoração de Paulinho no alambrado do Pacaembu, a defesa de Cássio no chute de Diego Souza, a comemoração de Tite, o gol de Romarinho na Bombonera e a provocação de Emerson Sheik para cima de Caruzzo na finalíssima. Ah! E a taça localizada no interior do já tatuado escudo alvinegro, é claro!
Mas por que a Libertadores?
De 1996 a 2012, Edinho conviveu com ao menos duas grandes frustrações em sua vida: o erro do tatuador são-paulino e a seca corinthiana na Libertadores. E poder enfim soltar o grito de campeão no torneio sul-americano foi um momento inesquecível na vida não apenas do torcedor guarulhense como de qualquer outro corinthiano.
"Te juro, eu comemorei mais do que o Mundial. O pessoal aqui, nós assistimos a todos os jogos na minha casa. Só assiste corinthiano aqui, não vem ninguém de fora. Só entra corinthiano aqui em casa para assistir. A gente se reunia no bar de um colega nosso antes do jogo, na ansiedade, vai que vai, pegava cerveja gelada e vinha ver o jogo aqui na minha casa", falou Edinho.
"A Libertadores sempre esteve engasgada para o Coringão, piadinha a torto e a direito. A gente estava cansado disso, né? Aí veio do jeito mais maravilhoso, nenhum corinthiano sonhava. Campeão invicto, cara?! Em cima do Boca?! No Pacaembu?! Pelo amor de Deus! Nem no melhor dos nossos sonhos a gente imaginava isso. Calamos a boca de todo mundo", finalizou.