O ex-atacante do Corinthians e atualmente comentarista Casagrande, contou da sua relação especial com outro ídolo do Corinthians: Sócrates. Casão se refere ao sentimento pelo amigo como de "amor", e fala da relação afastada entre eles antes da morte do parceiro, em 2011, mas não se lamenta de nada.

Vindo da base do Timão, Casagrande passou a fazer parte do elenco principal alvinegro em 1980. Nesta época, Sócrates já era um dos principais jogadores da equipe e desde então formaram uma dupla inesquecível dentro e fora de campo.

"O primeiro jogo que eu fiz com o Sócrates foi Corinthians e Fortaleza, lá em Fortaleza. Naquele dia ficou muito claro que tinha um entrosamento natural. Foi uma coisa de dois jogadores que já jogavam dois, três anos juntos. E foi o primeiro jogo", contou Casagrande no quadro "Na Sala do Casa", do Globoesporte.com.

"No mesmo dia que percebemos que a gente era uma dupla forte no futebol, nós percebemos que tínhamos muita afinidade. Muita intimidade e afinidade", completou.

Ainda no começo da sua carreira, Casagrande foi acusado de porte de drogas, mas acabou absolvido por falta de provas. O episódio, porém, gerou uma preocupação em Sócrates e aproximou ainda mais a amizade dos dois.

"Depois que eu fui preso, o Magrão virou um escudo, um protetor. Eles se organizaram entre eles para não deixar que eu saísse sozinho. Era uma quarta-feira, acabava o jogo e eu falava "vou sair, vou na balada, lá no bar tal", e o Magrão ia comigo. Era um modo de eles me protegerem contra um novo ataque, da repressão, da polícia. Ele foi o meu maior parceiro, em 1983, em cima dessa preocupação. E aí a nossa amizade ficou muito próxima", contou Casagrande.

Juntos, os dois jogadores foram protagonistas da Democracia Corinthiana, movimento que lutava contra a ditadura militar do Brasil na década de 80. Relembrando da época, Casão disse que o amigo possuía muitos pontos fortes também fora de campo.

"Naquele momento da Democracia Corinthiana o Magrão era muito culto, muito inteligente. Conhecia sobre todos os assuntos, literatura, política e tinha definições políticas na cabeça. Eu tinha as mesmas definições, mas era garoto na época", relembrou Casão.

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A vida depois de se aposentarem do futebol, no entanto, separou surpresas para os dois amigos. Ao pedir uma oportunidade de emprego para Casagrande na televisão, Sócrates ficou sentido com uma resposta negativa e a partir de então eles se separaram.

"Não teve briga. O que teve foi que ele me ligou perguntando se a Globo o queria como comentarista, e a direção disse que "seria o máximo, acontece que não é confiável". Isso foi porque ele foi comentarista do SporTV e teve um jogo, em 1995, em que ele chegou alterado, fez o jogo alterado, tinha bebido, e isso queimou o filme dele. E aí ele passou a dizer que eu tinha me vendido para o "sistema". Aquilo me magoou muito", acrescentou.

Casão não lamenta o ocorrido, no entanto, e lembra que teve a oportunidade de dizer seus sentimentos para o colega pouco antes da sua morte.

"Felizmente, um dia nos encontramos num programa, e eu pude falar para ele o quanto eu amava ele", finalizou o comentarista.

Com uma hemorragia digestiva alta, Sócrates foi internado em agosto de 2011. O ídolo do Corinthians faleceu no dia em que o clube alvinegro conquistou o pentacampeonato brasileiro de futebol, no mesmo ano.

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