Em meio à ditadura militar, iniciou-se no Corinthians o período denominado de Democracia Corinthiana. O movimento, que durou de 1982 até 1984, foi encabeçado por jogadores consagrados, como Sócrates, Wladimir, Casagrande, Biro-Biro, Zé Maria e Zenon.
Conquistas do movimento
Apesar de ter durado apenas dois anos, a iniciativa provocou mudanças estruturais importantes no clube. Assim, todos os funcionários tinham o mesmo peso em seus votos e opiniões. Desde as contratações, local de concentração e escalações, até as regras internas eram democraticamente decididas.
Depois de uma campanha ruim em 1981, o primeiro ano da autogestão ajudou a recuperar a situação do time em campo. O treinador Mário Travaglini viu seus comandados chegarem até as semifinais do Campeonato Brasileiro e faturarem o Campeonato Paulista.
Emenda Dante de Oliveira
A luta não parou por aí. Não bastava que a democracia reinasse apenas dentro do Parque São Jorge. O próximo passo era colocar um ponto final na repressão vivida em todo o país. Com isso, os integrantes do movimento participaram do comício pelas Diretas Já e reivindicaram a aprovação da Emenda Constitucional Dante de Oliveira.
A emenda propunha, entre outras coisas, que as eleições presidenciais fossem realizadas por voto direto em novembro de 1984, algo que não acontecia desde 1960. Em um de seus discursos, inclusive, Sócrates declarou que, caso a emenda fosse aprovada, ele ficaria no Timão. No entanto, seu plano foi frustrado e o ídolo alvinegro foi para a Fiorentina, da Itália.
O fim
Depois disso, a Democracia Corinthiana foi se desfazendo. Casagrande também se despediu do clube e foi para o rival São Paulo. Em 1985, o então presidente Waldemar Pires tentou lançar Adilson Monteiro Alves como seu sucessor, mas foi derrotado na eleição. Quase 40 anos depois, Duilio Monteiro Alves, filho de Adilson, se tornaria presidente do Corinthians.
A derrota de Alves colocaria a pá final no movimento. Ele foi uma figura fundamental para a implantação das ideias, até então, revolucionárias. O diretor de futebol costumava se reunir com os jogadores mais politizados. Logo, ficou convencido de que as opiniões dos atletas e demais colaboradores da equipe deveriam ser ouvidas pela diretoria.
Apoiadores importantes
O movimento ganhou a simpatia de outras pessoas influentes. Os principais exemplos são a cantora Rita Lee, o jornalista Juca Kfouri, além dos publicitários Boni e Washington Olivetto. O último, aliás, assumiu o marketing corinthiano e dispensou receber salário por isso. Foi ele quem nomeou a iniciativa como Democracia Corinthiana.