
Foto: Reprodução/Corinthians
Em 6 de fevereiro de 1955, o Corinthians fez um jogo histórico contra o arquirrival Palmeiras. Na ocasião, os times disputaram o Campeonato Paulista do IV Centenário da cidade de São Paulo. A tão desejada taça, que valeria por 100 anos, ficou com o Timão.
O que a diretoria, a torcida e os jogadores não sabiam é que aquele triunfo iniciaria um período extenso de campanhas ruins, que culminariam com a chamada era do Jejum Corinthiano, um período de quase 23 anos sem ganhar títulos de grande expressividade.
Títulos menores conquistados na época
Embora seja considerado um período sem títulos, o Corinthians ganhou alguns torneios de menor expressão, incluindo muitos torneios internacionais:
- Torneio Internacional Charles Miller (1955)
- Copa do Atlântico (1956)
- Taça dos Invictos (1956 e 1957)
- Torneio de Brasília (1958)
- Taça Charles Miller (1958)
- Taça Estado de São Paulo (1962)
- Troféu Lourenço Fló Júnior (1962)
- Pentagonal do Recife (1965)
- Taça Rio São Paulo (1966) - dividido com Botafogo, Santos e Vasco
- Copa da Cidade de Turim (ESP) (1966 e 1969)
- Triangular de Goiânia (1967)
- Taça Piratininga (1968)
- Torneio Costa do Sol (1969)
- Torneio Apolo V (EUA) (1969)
- Torneio do Povo (1971)
- Torneio Laudo Natel (1973)
- Copa Cidade de São Paulo (1975)
Destaques do período
O Corinthians, apesar de não ter levado campeonatos, fez boas campanhas em vários anos, tendo nesse período contado com grandes elencos, e revelado jogadores que até hoje estão na história do time, como o craque Rivelino.
O jogador ficou no Corinthians de 1965 até 1974, quando deixou o time após a derrota na final do Paulista para o Palmeiras. Em 1966, o Corinthians também contou com Mané Garrincha, que com apenas dois gols acabou deixando o clube após 13 partidas.
Outro destaque foi o elenco de 1961, que contava com nomes campeões do mundo. O time estreou na pré-temporada daquele ano, na inauguração do sistema de iluminação do Parque São Jorge, com uma incrível vitória de 7 a 2 no Flamengo.
No entanto, a campanha do Campeonato Paulista no primeiro turno foi decepcionante, terminando nas últimas colocações. No segundo turno, após a troca do treinador e reforço de jogadores, o time reagiu. Assim, conquistou o sexto lugar, que apesar de ruim, comparado ao desempenho anterior, foi considerado um excelente resultado.
Relação com os adversários
Inspirados por uma música que fazia sucesso na época, os torcedores rivais, sempre mais preocupados com o Corinthians do que com seus próprios clubes, começaram a se referir ao plantel de 1961 como o time do “Faz-me-rir”.
Ao que a torcida corinthiana respondia: “No momento difícil, presente, a torcida responde por ti. Demonstrando a toda essa gente que tu tens um nome, do qual não se ri!”, defendendo a equipe alvinegra. Em 1976, o clube ficou próximo do fim do jejum. Com isso, na semifinal contra o Fluminense, a torcida realizou a famosa invasão corinthiana no Maracanã.
Superstições e curiosidades
Justificando o período tão grande sem títulos, algumas lendas surgiram na história corinthiana. Uma delas é a história contada por Marlene Matheus, de que certa noite, antes do fim do jejum, o então presidente Vicente Matheus sai atrás de uma macumba, um sapo enterrado com a boca amarrada sobre as traves do Parque São Jorge.
Outra lenda que circunda o jejum é uma suposta praga de Pelé. Dizem que durante o amistoso Seleção Brasileira x Corinthians, em 1958, ele sofreu uma dura falta do zagueiro corinthiano Ari Clemente. Por causa disso, segundo a lenda, Pelé prometera que, enquanto ele jogasse futebol, o Corinthians não seria campeão. A história ficou fortalecida já que o título de 1977 veio exatos 12 dias depois da despedida dele dos gramados.
O grito sufocado de um povo
Em 1977, por fim, no terceiro jogo da final do Paulista, o Corinthians conquistou o tão sonhado título sobre a Ponte Preta, com o sofrido gol de Basílio. O lance do tento, que durou apenas sete segundos, mudou para sempre a história do Timão.
Apesar do pouco tempo, foi sofrido, como não poderia ser diferente. A bola já havia batido na trave e sido defendida na mesma jogada, foi então que Basílio acertou o fundo das redes e levou alívio, felicidade e outras emoções indescritíveis para toda uma nação.
22 anos, oito meses e sete dias foi o tempo que durou o jejum de títulos do Corinthians. Qualquer time entre os chamados “grandes”, ficaria apagado, esquecido, se tornaria um clube menor após tanto tempo sem ganhar um título. Mas, o Corinthians não era qualquer um.
Ao contrário, durante o maior período de revés do clube, sua torcida não parou de crescer, e sua história continuou a ser escrita, com grande ídolos, jogos, e episódios inesquecíveis da história mundial, como a invasão de 1976.
Em 13 de outubro de 1977, mais uma partida contra a Ponte Preta seria disputada e esta levaria ao fim do jejum de 23 anos. Ouça dos jogadores como foi cada toque que se tornou o gol mais importante em nossa história. Veja o vídeo completo: https://t.co/uMAMz5o5Zs pic.twitter.com/sBqNGMjg8A
— Corinthians (@Corinthians) June 8, 2020