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2016 na íntegra, conto de fadas e até Justin Bieber: autor da biografia de Cássio fala ao Meu Timão

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Cássio foi escolhido pelo historiador Celso Unzelte como personagem de biografia

Cássio foi escolhido pelo historiador Celso Unzelte como personagem de biografia

Danilo Fernandes/ Meu Timão

"Muita gente tem falado 'puxa, fazer um livro sobre uma pessoa que está em atividade'. Mas acho que depois que fizeram biografia do Justin Bieber com 17 anos está valendo tudo."

A fala acima, dita entre risos pelo jornalista Celso Unzelte, historiador do Corinthians e autor de uma recém-escrita biografia sobre Cássio, foi uma forma bem humorada de explicar o peso da história de vida do goleiro que dedicou oito de seus 32 anos a defender o Timão.

"Cássio - A trajetória do maior goleiro da história do Corinthians", da editora Universo dos Livros, já está disponível em pré-venda pela internet e tem lançamento nas livrarias e demais lojas previsto para a próxima segunda-feira. A biografia foi escrita em meados deste ano, enquanto o camisa 12 do Timão conquistava a Copa América pela Seleção Brasileira.

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Justamente em função da convocação de Cássio que lhe rendeu um inédito título de Seleção, foi difícil o goleiro parar para atender Celso Unzelte tantas vezes quanto o historiador gostaria. "Fui comendo pelas bordas", conta então o jornalista assumidamente corinthiano.

Além das diversas conversas com o atarefado Cássio, Unzelte também ouviu muitas histórias da advogada e "segunda mãe" Mariju, do preparador de goleiros ex-Corinthians Mauri Lima, do assessor de imprensa Luciano Signorini, de familiares...

"Só lamento não ter falado com o Tite porque era uma época difícil, de Copa América", justifica o escritor.

Com todo o respeito que Tite merece em termos de história do Corinthians, Celso nem precisaria se lamentar. O protagonista (e porta-voz) desta história é outro. "Se você vê ele (Cássio) nas entrevistas coletivas, não está acostumado a vê-lo falando por muito tempo. Para esse livro, ele falou", garante o historiador.

E de fato, como diria Tite, "falou muito". Falou inclusive sobre o ponto de virada de sua vida que representou a temporada de 2016. Falou tanto que comoveu o jornalista cuja simpatia já datava daquela noite de quarta-feira em maio de 2012, no Pacaembu, quando foi colocado à prova cara a cara com Diego Souza, em lance que marca o "apito inicial" da biografia.

Acompanhe a entrevista de Celso Unzelte, autor da biografia sobre Cássio, ao Meu Timão

Por que escolheu o Cássio como personagem para escrever uma biografia diante de tantas outras possibilidades de jogadores e ex-jogadores do Corinthians por quem você, como historiador do clube, certamente também se interessa?

O Cássio é não só o maior ídolo do Corinthians hoje em atividade como também um dos maiores ídolos de qualquer clube brasileiro. Você conta nos dedos gente que tem o tamanho dele. Victor do Atlético-MG, Dudu no Palmeiras está chegando a isso embora não tenha os títulos e o tempo de casa do Cássio. Quem mais? A gente demora até para pensar. O D'Alessandro, que está se retirando do Internacional. O Cássio é um dos maiores ídolos do Corinthians, é um dos maiores ídolos em atividade no Brasil.

Você cita a idolatria do Cássio no Corinthians. Colocaria ele num top-3 de ídolos do clube?

Top-3 é difícil, porque a posição dele é passiva. Goleiro é passivo, não é ativo. Segundo porque o Corinthians teve muitos jogadores importantes. Top-3 para mim é Luizinho, Sócrates e Rivellino. E aí você tem outros caras com atividade de linha importante também... Cláudio, Baltazar, mais recentemente Marcelinho (Carioca). Numa perspectiva de jogadores de linha, eles estarão sempre à frente do goleiro. Mas o Cássio caminha a passos largos para ser um dos que mais jogou, um dos que mais marcaram presença em títulos. Já é quem mais conquistou título jogando, digo títulos oficiais, porque se contar Troféu Ramón de Carranza e Copa Bandeirantes o Marcelinho ainda tem dez. Ele fica bravo com isso, mas títulos oficiais são títulos oficiais. Colocaria o Cássio seguramente entre os 20 ídolos do Corinthians já com certeza.

Cássio

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

O que tem no livro? Qual a linha que você seguiu para contar a história do Cássio?

É contar a história dele, desse conto de fadas do cara que chegou como quarto goleiro e de repente tem essa chance no meio da competição que o clube mais queria ganhar, a Libertadores. Tem uma participação absolutamente decisiva na conquista da Libertadores a partir da defesa do Diego Souza, na conquista do Mundial, nas conquistas de Campeonatos Brasileiros... Conta a ascensão e também a queda, quando ele perde a posição (de titular), tem problemas pessoais. Ele não fugiu de contar no livro. E a volta por cima para se tornar o ídolo que ele é hoje. Muita gente tem falado 'puxa, fazer um livro sobre uma pessoa que está em atividade'. Mas acho que depois que fizeram biografia do Justin Bieber com 17 anos está valendo tudo (risos). E não é uma questão só de ter idade. É de ter história. E o Cássio tem história, é a famosa jornada do herói. Tem queda, volta por cima, chamamento... Por isso digo: é quase um conto de fadas mesmo. Um garoto humilde do interior do Rio Grande do Sul que venceu jogando futebol. Por isso as pessoas se identificam tanto com ele. Parece uma figura bem humana, como todos nós, que deu certo. A síntese do livro é essa. Todos os corinthianos conhecem a história do Cássio. Só coube a mim contar.

Quase um roteiro já pronto, né?

Parece mesmo. A vida dele parece um roteiro de cinema. O herói improvável.

Como foi conversar com ele sobre esse momento de queda citado por você em referência à temporada de 2016 do Cássio?

A gente tocou nesse assunto logo nas primeiras conversas sobre o que é uma biografia, né? Muita gente acha que biografia é só para falar a favor. Muito biografado, inclusive. Por isso resisto muito em fazer biografias, porque fica só a parte boa da vida do cara, que começa a cortar tudo que é ruim. Avisei o Cássio que tocaríamos em assuntos que talvez não fossem agradáveis. Ele falou que não teria problema. Ele se preocupa muito em ser um exemplo para as novas gerações, para garotos que queiram jogar futebol. Ele tem plena consciência de que houve um momento de queda. Em momento algum ele censurou isso. Ele desde as primeiras conversas não negou, teve um declínio até físico por causa disso, era outro tempo, era solteiro. Hoje tem uma relação com religião que valoriza muito, principalmente o casamento com a Janara ajudou a dar uma centrada na vida dele. Ele sabia desde o começo que tocaríamos nesse assunto, foi muito franco, direto, não fugiu de nenhuma pergunta, até se antecipou em algumas colocações. É um livro que tem muito depoimento dele. Inicialmente queria que fosse todo na boca dele, em primeira pessoa. Isso não foi possível por causa da vida corrida dele, mas no livro tem muita coisa vinda da boca dele, inclusive essa fase mais infeliz cujo capítulo chama 'A queda do gigante', não nega que teve uma queda e depois uma volta por cima. Pelo contrário. Valoriza e se orgulha dessa volta por cima.

Talvez esse seja o capítulo mais esperado para os torcedores lerem. Possivelmente o trecho que mais chama atenção. Para você também? Ou, se pedisse para escolher uma parte da história que mais chama sua atenção, seria outra?

Particularmente gosto da abertura do livro. Primeiro tem uma introdução em que explico essa história do maior goleiro da história do Corinthians, porque sempre tem um chato que acha que é outro, não quer ouvir argumentos (risos). Fora isso, o capítulo um se chama 'A maior de todas as defesas'. É meu capítulo preferido como escritor e também como corinthiano. É a descrição do momento em que defende a bola do Diego Souza. O livro começa no Pacaembu, em 23 de maio de 2012. E aí vem uma frase dele: 'Até hoje fico pensando. Como não tinha mais ninguém atrás para me ajudar. O Tite sempre foi muito chato na organização do time. De não deixar ninguém ficar no mano a mano com o adversário'. E aí vai. Todos os capítulos puxo uma cena, por exemplo a primeira defesa contra o Chelsea no capítulo do título mundial. No primeiro capítulo faço a conta do tempo que o Diego Souza carregou aquela bola sozinho 'num Pacaembu em silêncio onde só se ouviam as batidas dos instrumentos da Gaviões e dos corações'.

Cássio no aclamado jogo entre Corinthians e Vasco pela Libertadores-12

Cássio no aclamado jogo entre Corinthians e Vasco pela Libertadores-12

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

O que mudou na sua opinião sobre o Cássio escrevendo o livro?

Conheci mais de perto o ser humano. Já tinha uma simpatia pelo Cássio. Óbvio: do tempo da Libertadores, acompanhei do tobogã com meu filho, é o grande ídolo do meu filho. Daniel hoje tem 15 anos, na época tinha sete, oito. Já tinha uma simpatia pelo personagem, uma pessoa muito simples que valoriza suas origens, sua família, muito preocupado com essa questão do ídolo que é, de atender a todos, não decepcionar as pessoas. Muito tímido, mas muito humano, feliz com tudo o que a vida deu a ele. Curte muito ser o ídolo que é, sem soberba, sem querer ser mais que os outros. O Cássio é um cara comovente, não à toa tantas crianças e velhinhos gostam dele. É um cara do bem.

Verdade... É muito fácil encontrarmos torcedores que rendem boas reportagens justamente por serem fãs dele.

Tem um capítulo no livro com depoimento dele sobre a torcida corinthiana. Ele fala da identificação principalmente com crianças e velhos. Teve uma senhora de 84 anos cujo tema da festa de aniversário dela foi o Cássio. Bolo do Cássio, máscara do Cássio, enfeites do Cássio. Realmente ele é um cara do bem.

Cássio e mais seis: os corinthianos que se salvam para 2020

Veja mais em: Cássio, História do Corinthians e Ídolos do Corinthians.

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