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Quais são as maiores vendas da história do Corinthians?

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Paulinho, Jô e Willian estão entre as vendas mais caras da história do Corinthians em todos os recortes possíveis

Rodrigo Coca/Ag. Corinthians

O Corinthians é um clube que tem a formação de atletas como base da sua história e vive até hoje da fábrica de jogadores do Parque São Jorge para alimentar e custear o time profissional do clube. Fica a dúvida, porém, sobre qual teria sido a venda mais cara da história do clube. O Meu Timão traz um estudo detalhado para você.

Há de se avisar que é difícil estabelecer um parâmetro único para negociações no futebol brasileiro realizadas antes do Plano Real pela volatilidade das moedas correntes no país. Podem ser usados alguns parâmetros diferentes que serão explicados durante o texto.

A base de cálculo para correção será a do IGP-M, disponível na plataforma do Banco Central na internet, e a moeda que será usada como padrão será o dólar, mais antiga que o euro e, portanto, com cálculo mais próximo da realidade ao se adaptar os valores dos anos 80 em diante.

Os negócios pré-Real e a inflação

Aquecido principalmente a partir dos anos 80, quando os clubes do exterior passaram a investir massivamente no talento brasileiro, o mercado reserva algumas grandes transações a partir desse período. Dessa forma, grandes craques dos anos anteriores ficam para trás no comparativo geral.

Rivellino, por exemplo, foi negociado por cerca de 4 milhões de cruzeiros, em soma do valor pago pelo Fluminense e da renda dos amistosos realizados entre as equipes na época da negociação, no começo de 1975.

Como o Brasil passou por várias trocas de moedas em sua história e as conversões ficam irreais - 415 cruzeiros era o salário mínimo em 1974, por exemplo, mas hoje equivale a zero reais. Sim, zero, não há base para trazer aquela moeda para os dias de hoje.

Saída de Rivellino foi até capa da Folha de S. Paulo, que não costuma dedicar muitas manchetes ao esporte

Saída de Rivellino foi até capa da Folha de S. Paulo, que não costuma dedicar muitas manchetes ao esporte

Reprodução/Folha de S. Paulo

Um dos parâmetros seria ver quantos salários mínimos Rivellino valeu à sua época. Por uma conta simples, o Fluminense pagou 9.600 salários mínimos do Brasil para ter o jogador. Hoje em dia, 9.600 salário mínimos equivalem mais ou menos a R$ 11 milhões. É uma referência razoável do que se pagava no futebol da época.

Sócrates, por exemplo, pode ser tido como a primeira grande venda do Corinthians, já que teve a sua ida à Fiorentina cotada em dólares, moeda de pouquíssima variação cambial desde o seu estabelecimento.

Depois de grande negociação entre as partes, o meia foi comprado por 2,7 milhões de dólares pelo clube italiano segundo o livro Doutor, de Andrew Downie, biografia do craque. Esse valor, corrigido para os tempos atuais, equivale a 7,3 milhões de dólares em fevereiro de 2022.

Ou seja, sob esse parâmetro, Sócrates rendeu aproximadamente R$ 36 milhões para o Corinthians em 1984. Já pelo parâmetro usado para Rivellino, Sócrates foi vendido à época por 53 mil salários mínimos - aproximadamente R$ 60 milhões em fevereiro de 2022. Uma grande diferença.

Sócrates foi vendido por 2,7 milhões de dólares em 1984, o equivalente a 7,3 milhões de dóalres em 2022

Sócrates foi vendido por 2,7 milhões de dólares (divididos em três parcelas) em 1984, o equivalente a 7,3 milhões de dólares em 2022

Reprodução/Folha de S. Paulo

Seu grande companheiro da época, porém, não pode dizer o mesmo. Um dos últimos representantes do time da Democracia em 1986, Casagrande teve uma reta final melancólica no Corinthians, com dirigentes incomodados pela sua influência tanto no vestiário quanto dentro da torcida.

A pressa para negociá-lo foi tamanha que o clube liberou o empresário Juan Figger para oferecer os serviços do atacante em vários times europeus e acabou cedendo o passe do atleta para o agente por apenas 1 milhão de dólares - Casão havia disputado a Copa do Mundo pelo Brasil apenas seis meses antes e tinha 23 anos de idade na época da negociação.

A década das vendas

A década de 90 pode ser colocada como a década em que o Corinthians e a maioria dos clubes brasileiros mais conseguiu negociar bons valores em sequência pelos seus atletas. Em um misto de investimento estrangeiro no futebol e de moeda forte por causa do plano real, os valores em dólares foram por várias vezes altos para tirar jogadores daqui.

O centroavante Viola, por exemplo, saiu por 5 milhões de dólares para o Valência, em 1995. Marcelinho, dois anos depois, foi contratado pelo mesmo clube por 8 milhões de dólares, valores que moviam grandes atletas no futebol europeu.

Marcelinho voltou ao Corinthians um semestre depois de render 8 milhões de dólares ao clube

Marcelinho voltou ao Corinthians um semestre depois de render 8 milhões de dólares ao clube

Reprodução/Folha de S. Paulo

Vampeta, aliás, custou 15 milhões de dólares para a Internazionale, em 2000, mesmo ano em que o meia Luis Figo custou 56 milhões de dólares para o Real Madrid tirá-lo do Barcelona, na negociação mais cara da história àquela altura. Ou seja, um volante do Timão aos 26 anos de idade custou 28% do valor do jogador mais caro do mundo.

Para se ter uma ideia, seria o equivalente a um jogador do Corinthians atualmente ser vendido por 62 milhões de euros, 28% do valor pago pelo Paris Saint-Germain para tirar Neymar do Barcelona, em 2017 (222 milhões de euros).

A explosão dos valores

É consenso no mundo do futebol dizer que as vendas de jogadores atingiram valores exorbitantes a partir deste século, principalmente pela entrada de mercados alternativos nas disputas com grandes europeus (Rússia, Ucrânia, China entre outros) e a liberdade de circulação causada pela União Europeia.

Devido ao estabelecimento de um continente sem fronteiras, os clubes de ponta da Inglaterra, Itália, Alemanha, Espanha e afins passaram a direcionar grandes quantias de dinheiro para formarem praticamente seleções mundiais - brasileiros, mesmo sendo não-comunitários, ganharam mais espaço porque não competiam mais com europeus pelas vagas de estrangeiros das equipes.

A primeira grande venda corinthiana aproveitando esse novo molde foi a do meia Willian, promessa da base que se destacava em 2007 quando o Shakhtar Donetsk o procurou para se juntar a uma grande leva de brasileiros que se estabeleceu no leste da Ucrânia.

O garoto de 19 anos, mesmo com apenas dois gols no time profissional, acabou negociado por 19 milhões de dólares, ajudando a pagar dívidas que comprometiam a saúde financeira do clube - por outro lado, enfraqueceu o time de tal maneira que a equipe acabou rebaixada ao final daquele Campeonato Brasileiro.

Jô, ainda aos 18 anos, rendeu dinheiro ao Corinthians em um período que compreendeu de 2005 a 2008

Jô, ainda aos 18 anos, rendeu dinheiro ao Corinthians em um período que compreendeu de 2005 a 2008

Omar Torres/AFP via Getty Images

Pouco antes, em dezembro de 2005, havia sido vendido para o CSKA e iniciou uma saga de negociação dos seus direitos que só teria fim em 2008, quando o clube negociou os 10% restantes que tinha com Giuliano Bertolucci. Isso aumenta a complexidade do cálculo porque havia uma cotação do dólar bem diferente para cada um dos cenários, algo que se viu bastante desde então.

Marquinhos, por exemplo, envolve três cotações diferentes do euro em um curto espaço de tempo. Emprestado por 1,5 milhão de euros em julho de 2012, foi comprado por 5,7 milhões de euros em janeiro de 2013 e depois ainda rendeu ao clube 5% da transferência de 31 milhões de euros ao Paris Saint-Germain, em julho de 2013.

O euro, que estava em R$ 2,49 na primeira negociação, bateu em R$ 2,94 na última, exigindo três correções inflacionárias diferentes que chegam ao total de R$ 53 milhões recebidos pelos direitos econômicos do jogador no período.

Nomes como Malcom, Guilherme Arana e Maycon são outros exemplos de como cotações diferentes podem alternar o valor final a depender do que vai balizar o cálculo, entre conversão de moeda estrangeira e inflação no período. E também abrem discussão sobre um outro ponto fundamental: o valor real que entra para o clube.

Fatiamento dos atletas

O Corinthians vendeu Pedrinho por 18 milhões de euros (20 milhões de dólares) em 2020 ou, em valores corrigidos pela inflação até fevereiro de 2022, R$ 168 milhões, a maior negociação estabelecida com esse parâmetro. O clube, no entanto, tem direito a apenas 70% do montante, já que os outros 30% pertenciam ao seu empresário, Will Dantas.

Ou seja, o Corinthians viu entrar no seus cofres 14 milhões de dólares, algo em torno de R$ 118 milhões em valores corrigidos para 2022 pelo jogador, menos que os 15 milhões de dólares recebidos por Willian, em 2007.

O caso ficou mais emblemático na venda de Guilherme Arana, em 2017. Um dos destaques do time no titulo brasileiro, o jogador foi comprado por 11 milhões de euros segundo o Transfermarkt, site especializado em negócios do futebol, mas o Corinthians teve direito a apenas 40% desse montante.

O restante dos direitos federativos dele, parte do atacante Malcom e quase a totalidade do meia Matheus Pereira haviam sido envolvidos em negociação com o empresário Fernando Garcia para a aquisição dos direitos de Petros, em 2014. Um quebra-cabeça difícil de montar.

Isso não é um privilégio dos dias de hoje, porém. Desde a década de 90 o Timão não tem direito a receber o total das negociações em várias das saídas de atletas registradas em seus times estrelados.

Vampeta, por exemplo, foi vendido por 15 milhões de dólares à Internazionale em julho de 2000, montante que atinge os R$ 167 milhões se corrigido pelo IGP-M. Dessa parte, porém, apenas 15% (2,25 milhões de dólares) ficou com o clube do Parque São Jorge, já que o acordo com a Hicks Muse, fundo responsável pela aquisição de atletas, previa que os americanos obtivesse 85% das vendas.

Paulinho, em 2013, mais de uma década depois, foi vendido por 20 milhões de euros (26 milhões de dólares) para o Tottenham, da Inglaterra, o maior valor nominal de um jogador do Corinthians em moeda estrangeira. Como tinha apenas 50% dos seus direitos ligados ao Timão, no entanto, entrou metade desse valor nos cofres alvinegros.

Dessa forma, destacam-se na coluna final nomes que tinham 80% ou mais dos direitos ligados ao clube, como o meia Renato Augusto, em 2015, o zagueiro Gil, em 2016, e o centroavante Jô, em 2017.

Veja abaixo três rankings possíveis para a eleição dos jogadores mais caros da história do Corinthians

Top-20 pelos valores totais da venda corrigidos pela inflação em R$ (IGP-M fev/2022)

  1. Pedrinho (Benfica-2020) - R$ 168 milhões
  2. Vampeta (Internazionale-2000) - R$ 167 milhões
  3. Willian (Shakhtar-2007) - R$ 122 milhões
  4. Paulinho (Tottenham-2013) - R$ 117 milhões
  5. Edu (Arsenal-2000) - R$ 100 milhões
  6. Edilson (Flamengo-2000) - R$ 93 milhões
  7. Fábio Luciano (Fenerbahce-2003) - R$ 87 milhões
  8. Gil (Shandong Luneng-2016) - R$ 80 milhões
  9. Sylvinho (Arsenal-1999) - R$ 77 milhões
  10. Guilherme Arana (Sevilla-2017) - R$ 73 milhões
  11. Malcom (Bordeaux-2016/17) - R$ 72 milhões
  12. Marcelinho Carioca (Valência-1997) - R$ 66 milhões
  13. Renato Augusto (Beijing Guoan-2016) - R$ 63 milhões
  14. Jô (Nagoya Grampus-2017) - R$ 56 milhões
  15. Marquinhos (Roma/PSG-2012/13) - R$ 53 milhões
  16. Cristian (Fenerbahce-2009) - R$ 53 milhões
  17. Jô (CSKA-2005/08) - R$ 52 milhões
  18. Maycon (Shakhtar-2018) - R$ 46 milhões
  19. Dentinho (Shakhtar-2011) - R$ 41 milhões
  20. Viola (Valência-1995) - R$ 38 milhões

Top-15 pelos valores brutos na época da negociação (em dólar)

  1. Paulinho (Tottenham-2013) - 26 milhões de dólares
  2. Pedrinho (Benfica-2020) - 20 milhões de dólares
  3. Willian (Shakhtar-2007) - 19 milhões de dólares
  4. Vampeta (Internazionale-2000) - 15 milhões de dólares
  5. Guilherme Arana (Sevilla-2017) - 13 milhões de dólares
  6. Gil (Shandong Luneng-2016) - 11 milhões de dólares
  7. Malcom (Bordeaux-2016/17) - 10,5 milhões de dólares
  8. Jô (Nagoya Grampus-2017) - 10 milhões de dólares
  9. Felipe (Porto - 2016/17) - 10 milhões de dólares
  10. Cristian (Fenerbahce-2009) - 9,8 milhões de dólares
  11. Edu (Arsenal-2000) - 9 milhões de dólares
  12. Renato Augusto (Beijing Guoan-2016) - 8,5 milhões de dólares
  13. Marquinhos (Roma/PSG - 2012/13) - 8,2 milhões de dólares
  14. Marcelinho Carioca (Valência-1997) - 8 milhões de dólares
  15. Maycon (Shakhtar-2018) - 7,7 milhões de dólares
  16. André Santos (Fenerbahce-2009) - 7 milhões de dólares
  17. Edilson (Flamengo-2000) - 7 milhões de dólares

Top-10 pela porcentagem que ficou com o Corinthians após repartição (em dólar)

  1. Willian (Shakhtar-2007) - 15 milhões de dólares
  2. Pedrinho (Benfica-2020) - 14 milhões de dólares
  3. Paulinho (Tottenham-2013) - 13 milhões de dólares
  4. Malcom (Bordeaux-2016/17) - 10,5 milhões de dólares
  5. Gil (Shandong Luneng-2016) - 10 milhões de dólares
  6. Jô (Nagoyra Grampus-2017) - 10 milhões de dólares
  7. Edu (Arsenal-2000) - 9 milhões de dólares
  8. Renato Augusto (Beijing Guoan-2016) - 8,5 milhões de dólares
  9. Marquinhos (Roma/PSG - 2012/13) - 8,2 milhões de dólares
  10. Marcelinho Carioca (Valência-1997) - 8 milhões de dólares

Veja mais em: Mercado da bola, Base do Corinthians e História do Corinthians.

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