Cria do Terrão relembra títulos no Corinthians e fala sobre possível retorno após destaque na A2
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Por Victor Godoy
Caíque França fez toda sua categoria de base no Corinthians e atualmente defende a Ponte Preta
Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians
Principal destaque da Ponte Preta na conquista da Série A2 do Campeonato Paulista, Caíque França possui grandes lembranças no Corinthians. Afinal, foi dentro do Parque São Jorge que fez toda sua formação. Pela base, venceu Brasileiro e Paulista Sub-20, além da Copinha de 2015. No profissional, integrou os elencos que venceram os Brasileiros de 2015 e 2017 e os Paulistas de 2017, 2018 e 2019.
Em entrevista exclusiva concedida ao Meu Timão, o goleiro relembrou o primeiro grande destaque vestindo a camisa alvinegra ao vencer a Copinha de 2015.
"Aquele time (de 2015) era realmente muito bom. Bastante jogador acabou dando certo, não fomos só campeões da Copinha, também fomos campeões do Brasileiro Sub-20 e Paulista. Foi um time que acabou ganhando tudo. Então a gente imaginava que dali sairiam boas coisas que dariam certo em outros times também", contou.
Treinados por Osmar Loss, o time base do Corinthians naquela campanha era composto por: Caíque França; Léo Príncipe, Rafael Augusto, Rodrigo Sam e Guilherme Arana; Maycon, Marciel, Matheus Vargas e Marcinho; Yan e Gabriel Vasconcelos.
Corinthians foi o grande campeão da Copinha de 2015
Rodrigo Coca / Agência Corinthians
Além do próprio goleiro, Léo Príncipe, Marciel e Guilherme Arana chegaram a atuar pelo elenco profissional alvinegro, mas rumaram para outros cantos. Matheus Vargas e Rodrigo Sam foram casos que trilharam outros caminhos. Maycon é o único que segue no Parque São Jorge.
Na campanha, o Timãozinho foi o primeiro do Grupo W, com 100% de aproveitamento. No mata-mata, eliminou Grêmio Prudente, Goiás, São Caetano e São Paulo. A finalíssima foi contra o Botafogo-SP e o Corinthians venceu pelo placar mínimo. Após o destaque por ser o goleiro titular na campanha, Caíque foi promovido ao time principal.
Estreia na despedida do Tite
Mesmo com a promoção, o goleiro só viria a estrear profissionalmente um ano depois, em um momento marcante para todo torcedor corinthiano: a despedida de Tite. O técnico havia sido contratado pela Seleção Brasileira e em sua última dança venceu o Botafogo por 3 a 1 em plena Neo Química Arena.
A estreia ocorreu na segunda etapa, quando Cássio se sentiu mal e decidiram que seria melhor poupar o camisa 12. Àquela altura, o jogo estava empatado em 1 a 1. Na sua vaga, entrou Caíque França, que viu o Timão aplicar dois gols e vencer a partida. "Não deu pra ter uma preparação a mais porque eu entrei no intervalo, né? Estava 1 a 1 e o Cássio se sentiu mal no intervalo, eu entrei e acabamos vencendo de 3 a 1. Não deu pra participar tanto (risos). Foi legal, ainda mais que estreei sem levar gol e o time venceu. Foi tudo bom aquele dia", relembra com carinho.
De titular no título brasileiro ao adeus
Depois, viria a ser acionado novamente apenas em 2017, sob a tutela de Fábio Carille. Aquele foi o ano que o arqueiro mais vestiu a camisa alvinegra, atuando cinco partidas oficiais e outros dois amistosos.
Vestindo a camisa 40, Caíque foi o titular na vitória sobre o Fluminense, que culminou no título daquela edição do Campeonato Brasileiro. Quarto goleiro daquele time, o jovem de até então 22 anos acabou se tornando o reserva imediato de Cássio por conta da lesão de Walter e o afastamento de Matheus Vidotto. Portanto, nas vezes em que Cássio era convocado pela Seleção, ele era o substituto automático.
Walter e Caíque França eram parceiros no Corinthians até 2021
Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians
No entanto, penou a conquistar espaço depois disso. Entre 2018 e 2019 disputou apenas um jogo oficial, além de ter atuado pelo Sub-23 em alguns momentos.
Então, passou 2020 emprestado ao Oeste e se destacou, retornando ao Corinthians no final da temporada que, vale lembrar, terminou apenas em 2021 por conta da pandemia de Covid-19.
Caíque França ocuparia o lugar de Walter, que havia acertado com o Cuiabá, como primeiro reserva de Cássio. Mesmo assim, não entrou em campo na temporada 2021, perdendo espaço para Matheus Donelli. Depois, acabou tendo que operar uma hérnia inguinal, que o afastou dos gramados até o fim de seu contrato. O arqueiro revelou que a cirurgia acabou ocorrendo justamente por essa falta de espaço.
"Eu retorno porque o Walter estava indo para o Cuiabá e eu estava de férias. Volto no meio/final da temporada da Série A (de 2020, que acabou em fevereiro de 2021), já começando o Paulista, e acho que a cirurgia não teve muito a ver com a sequência, porque nessa minha volta de empréstimo eu já não estava na posição de reserva imediato. Até por isso que eu operei da hérnia, que não era um problema tão difícil de resolver, era uma cirurgia vista até como simples", disse Caíque França e complementou falando que mesmo se não tivesse operado teria optado por deixar o Corinthians.
"De qualquer maneira, operando a hérnia ou não, eu provavelmente teria saído do Corinthians, porque eu buscava jogar, já estava lá há algum tempo e achava que precisava respirar novos ares".
Já decidido, ao fim de 2021 o goleiro deixou o Parque São Jorge e, em fevereiro de 2022, foi anunciado pela Ponte Preta.
Voltaria?
Logo em sua primeira temporada pelo clube campineiro, Caíque foi um dos principais destaques da Série B do Campeonato Brasileiro. Foi titular em 35 jogos, saindo 13 deles sem ser vazado. Ainda, defendeu 71% dos chutes que levou e chegou a agarrar um pênalti no decorrer da competição. O jogador aponta que uma maior sequência de jogos e a experiência de ter jogado no Corinthians foram cruciais para o sucesso.
"Eu vinha da experiência de ter jogado no Oeste, foi a primeira vez que tive uma sequência maior de jogos. Aí venho para a Ponte Preta, já há um bom tempo sem jogar, mas consigo estrear bem. Estava preparado, treinei para isso. Já estava acostumado com a pressão, que vem desde a base pelo Corinthians e na Ponte também tem, é uma torcida que apoia bastante, mas também cobra muito. E quanto mais sequência eu tive aqui, fui me sentindo melhor e foi me dando cancha para estar no meu melhor possível nesse ano (2023)", explicou Caíque.
Dito e feito: foi o melhor goleiro da Série A2 do Campeonato Paulista 2023. Além de boas atuações no decorrer do torneio, defendeu três cobranças de pênalti na final e levou a Ponte Preta de volta para a elite do futebol paulista.
Caíque França junto à taça da Série A2 do Campeonato Paulista
Marcos Ribolli / Especial PontePress
Com esse destaque, surge a dúvida se a Cria do Terrão retornaria ao Corinthians um dia. Ele não negou, mas disse que teria que analisar com seu atual clube. Também afirmou não ter recebido sondagens e estar focado em ajudar a Ponte Preta.
"(Se chegasse proposta) eu iria analisar se seria bom para mim, para minha família, para Ponte. Não só o Corinthians, mas qualquer outro clube eu iria analisar e se fosse algo vantajoso para mim, fosse bom para o clube e minha família estivesse de acordo eu analisaria, sim", disse Caíque França.
"Ainda não tive nenhuma sondagem. Se chegou alguma coisa foi para os meus empresários, mas acredito que não. Não me passaram nada. Eu tô na preparação, porque domingo já tem jogo pela Série B do Brasileirão", complementou.
Vestindo a camisa 12, Caíque França tem contrato com a Ponte Preta até o fim de 2024 e nesse momento se prepara para a estreia na Série B do Campeonato Brasileiro. Os campineiros estreiam neste domingo, contra o Vitória, fora de casa, às 18h. Além do goleiro, o time do interior paulista conta com Matheus Jesus no elenco, volante que está emprestado pelo Corinthians.
