Conselheiro do Corinthians divulga carta pedindo ações da presidência contra Mané da Carne
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Por Meu Timão
O conselheiro do Corinthians, Luiz Ricardo Alves, também conhecido como Seedorf, compartilhou a carta que enviou para a comissão de ética, a delegacia e ao presidente do Timão contra Mané da Carne. O polêmico conselheiro teria dirigido palavra racista contra Luiz Ricardo nesta segunda-feira.
Segundo as testemunhas, Manoel Evangelista falou para ele calar a boca, chamando Luiz Ricardo de neguinho e em seguida falando um palavrão para o conselheiro. Nesta terça-feira, uma carta feita por Luiz Ricardo direcionada para membros do conselho corinthiano, a presidência
do clube e a polícia foi compartilhada pedindo que ações sejam tomadas.
"Agradeço aos demais membros do conselho que se solidarizaram de imediato com a situação, do mesmo modo que me vejo indignado com algumas pessoas que vi defendendo a pessoa que proferiu o ataque racista na frente de todos e claramente sem o menor medo das consequências. Até porque, sabemos que hoje temos meios de buscar a justiça. Ao presidente da diretoria, ao presidente do conselho, ao presidente do comitê de ética, peço que sejam tomadas as medidas cabíveis também dentro do clube", diz o texto - veja na íntegra abaixo.
Manoel Evangelista, o Mané da Carne, se pronunciou para a Gazeta Esportiva e disse que não se dirigiu para Seedorf como "neguinho", tendo dito na verdade "amiguinho". Em seguida, o conselheiro vitalício afirmou que estavam tentando colocar palavras na boca dele por serem membros da oposição, visto que ele é da situação.
Confira a carta compartilhada por Luiz Ricardo Alves
"Prezados senhores venho por meio desta solicitar a necessária atenção para o assunto a seguir relatado:
Ontem no dia 24/04/2023 durante a apresentação das contas de 2022 e proposta de aprovação dessas diante do Conselho Deliberativo do Sport Club Corinthians Paulista (SCCP), no qual estávamos representados por mais de 200 conselheiros distribuídos entre vitalícios e Trienais, tivemos uma situação que podemos dizer no mínimo lamentável, desastrosa e horrenda na presença de todos ali presentes.
Após apresentação das contas pelo representante do departamento financeiro, Sr. Gavioli, foi aberto o microfone para que os demais membros do conselho pudessem expor sua visão sobre a aprovação ou não das contas, e dentro desse contexto um dos representantes subiu ao púlpito. Enquanto falava, algumas pessoas falavam mais alto entre os conselheiros quando intervi e solicitei que permitissem a quem estava com a palavra tivesse o direito de ser ouvido.
Nesse momento, o conselheiro vitalício do SCCP Manoel Ramos Evangelista (vulgo Mané da Carne) disse na presença de todos, "Cala boca, neguinho, vai tomar no c*". O fato é que claramente esse conselheiro tentou me rebaixar diante de todos usando esse artifício arcaico e sobretudo racista.
Se sou negro, se sou negão, se sou neguinho e sabe lá o que passar na cabeça de pessoas que pensam assim, e aí incluo o 'Mané da Carne', vale destacar que a cor da minha pele não faz de mim melhor ou pior do que ninguém. Sou tão ser humano, tão corinthiano, tão trabalhador quanto todos os demais. Inclusive, já disse isso no grupo de whatsapp do conselho em outra ocasião.
Importante salientar que a cor da pele não determina o caráter de alguém. Em meu nome e das demais pessoas negras como eu, posso dizer que a cor da minha pele só engrandece a força de minha/nossa ancestralidade, que mentes arcaicas e preconceituosas insistem em continuar tentando diminuir, fazendo da própria pequenez, régua para sua visão de mundo.
Daí, em pleno 2023, tendo um assunto como esse amplamente debatido exaustivamente em todos os meios de comunicação, nos deparamos com uma situação dessas causa repulsa. E não é só isso, estávamos numa reunião formal do Conselho Deliberativo do SCCP, o tão aclamado Time do Povo. Repetindo palavras usadas anteriormente, acredito muito na união de forças, mais antigo/experiente com mais novo, homens e mulheres, negros e brancos.
De maneira geral, o que temos são cérebros pensantes em prol de um Corinthians mais forte. Diante dos fatos me senti no dever de buscar meios de resolver essa situação através da justiça, e que por outras circunstâncias tinham pessoas da imprensa e da polícia na porta do clube, momento que pude relatar o ocorrido.
Agradeço aos demais membros do conselho que se solidarizaram de imediato com a situação, do mesmo modo que me vejo indignado com algumas pessoas que vi defendendo a pessoa que proferiu o ataque racista na frente de todos e claramente sem o menor medo das consequências. Até porque, sabemos que hoje temos meios de buscar a justiça. Ao presidente da diretoria, ao presidente do conselho, ao presidente do comitê de ética, peço que sejam tomadas as medidas cabíveis também dentro do clube.
Pessoas racistas como foi demonstrado ontem durante a reunião não podem continuar achando que fazem o que querem, dizem o que querem e nada é feito. Chega de arquivar denúncias contra pessoas que não agregam nada ao clube. Não só pelo ocorrido agora, mas também diante das diversas situações ocorridas em outras oportunidades. Chega.
Diante de situações como essa, temos sim que nos posicionar, dado que "Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista", como diz o slogan. Somos o time do povo, o time das multidões, ter e conviver com situações dessa natureza nos faz piores, depõe contra nós.
Estou conselheiro e me orgulho muito disso, amo o Corinthians tanto quanto essa nação de 35 milhões que temos espalhado por todo planeta, mas antes de tudo sou um homem negro tão trabalhador quanto a vocês, pai de família também, e do mesmo modo como respeito e devo sim respeitar a todos, quero ser respeitado do mesmo modo".