Eleições no Corinthians: assessora alvo de áudio misógino de Augusto Melo depõe à CPI
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Por Victor Godoy
Cintia Montino foi ofendida por Augusto Melo em um áudio gravado pelo candidato
André Bueno / Rede Câmara
Nesta quinta-feira, na Câmara Municipal de São Paulo, aconteceu mais uma sessão da CPI da Violência e Assédio Sexual. Cintia Montino, assessora da diretoria administrativa do Corinthians, prestou depoimento sobre o recente caso do áudio misógino por parte de Augusto Melo, candidato à presidência do clube. No último sábado, Montino registrou um boletim de ocorrência sobre o caso.
Na reunião, que não contou com a presença de Augusto Melo, Cintia Molino contou como descobriu a gravação e como o fato tem afetado a sua vida nos últimos dias.
"Na quarta-feira (15), feriado, entrando no clube com meu filho de 12 anos, rodas de homens machistas com um áudio do senhor Augusto Melo me difamando. O áudio, quando escutei, escroto, misógino e machista. Automaticamente fiquei decepcionada, comecei a chorar e fui atrás da minha família verificar o que estava acontecendo. Quando escutei o áudio não tive dúvida nenhuma que era ele, porque conheço bem a voz dele", depôs a assessora.
"Estou sofrendo, tomando remédio para ansiedade, não consigo dormir, tenho meu filho que está super preocupado, fora as ameaças que vêm de fakes na internet, no Instagram. Tive que desativar o Instagram do meu filho porque estavam indo para cima dele", completou.
O candidato assumiu a autoria do áudio e se desculpou. Na gravação, ele insinuava que Cintia "cobra dinheiro para dar a buc*** para os velhos aqui (do Parque São Jorge)" e que iria "acabar com ela". A assessora relatou que seu objetivo é punir não apenas Augusto Melo, mas também outros homens envolvidos nas difamações contra ela.
"Quero punir não só ele, como rodinha de WhatsApp dos amiguinhos dele falando mal de mim também", afirmou Cintia". "Já peguei todos os prints em grupos de sauna, piscina e futebol. Os amiguinhos dele falando mal de mim, me chamando de 'puta', 'vagabunda', já mandei todos os prints para a Ética, e para o processo também", explicou.
Cintia também negou que a abertura do BO tenha movimentações políticas: "Por ser uma pessoa que não concordo com a política dele, falam que estou usando isso na campanha, mas não é verdade, é uma pura mentira. Peguei o áudio na quarta e fui só fazer uma perícia (antes de prestar B.O. no dia 18 de novembro). Pessoas que não concordam comigo, até mesmo mulheres, me xingando, falando que quero confete, aplausos".
Outros casos de machismo dentro do Parque São Jorge
Outras corinthianas marcaram presença na Câmara para protestar
André Bueno / Rede Câmara
A reunião extraordinária da CPI da Violência e Assédio Sexual também abordou outros casos recentes do Corinthians. Vale destacar que diversas mulheres marcaram presença na Câmara Municipal para pedir respeito e usaram faixas com o slogan já conhecido do Corinthians #RespeitaAsMinas.
Além de Cintia, outra mulher foi chamada para depor em decorrência de falas misóginas dentro do Parque São Jorge: Suzy Miranda Sanchez, conselheira do clube. Ela acusou, em 2022, outro conselheiro, Manoel Ramos Evangelista, conhecido como Mané da Carne, de lhe constranger, além de ameaçar sua integridade física. "Mulher tem que tomar porrada para aprender a ficar de boca fechada!", disse Mané na ocasião. Ele já havia sido denunciado por machismo em 2021.
O último caso citado foi de Aparecida Antonia Manoel de Oliveira, conhecida como Tia Cida, funcionária do União Barbarense, equipe que Augusto Melo trabalhava em 2019. Na ocasião, o candidato gravou um áudio em que a chamava de "negrona" e "gordona". Ela o denunciou por racismo e gordofobia.
Augusto Melo representa a oposição e disputa com André Luiz Oliveira, da situação, a presidência do Corinthians. As eleições acontecem neste sábado e quem vencer comanda o clube no triênio de 2024 a 2026. Além do cargo máximo, os sócios escolherão os 200 novos membros do Conselho Deliberativo.
