Félix Lima
A estreia de Sylvinho está sendo contestada por alguns motivos. Primeiro, ele colocou Gil na defesa sob uma linha de 4 e, segundo, que os ataques foram exclusivamente pelos lados. Jogamos para cima, finalizamos, mas pouco aconteceu em termos criativos. É sobre essas falhas de criação que que focarei nessa análise, e assim ficará explicado muita coisa sobre o que aconteceu realmente.
O JOGO
O Corinthians jogou num 4-3-3 alternando para um 4-2-4 em ataque e defensivamente era uma linha de 4 e outra de 5. Foi só depois dos 15 minutos é que o Corinthians fez uma marcação-pressão violenta no Atlético, graças aos meias e atacantes. Chama a atenção que Gustavo Silva invertia constantemente com Mateus Vital entre as pontas direita e esquerda, e tanto Roni quanto Ramiro revezavam para serem o homem-surpresa na área: numa dessas vezes, aos 27 minutos, Ramiro recebe um cruzamento e, de primeira, emenda no canto, para a baita defesa do goleiro. Noutra ocasião, aos 32 minutos, após um excelente ataque pelo lado, Ramiro recebe um cruzamento do Vital e não conseguiu finalizar bem, mas no rebote dado pelo goleiro, Piton emenda de primeira com perigo. Como podem notar, volantes-atacantes podem ser um trunfo de Sylvinho.
Esse mapa de calor é do primeiro tempo. Como podem ver, o ataque do Corinthians se concentrou mais pelos lados do campo ao invés de pelo meio, enquanto que o Atlético-GO procurou se defender praticamente em todos os cantos. O que é curioso, uma vez que as nossas melhores chances foram com jogadas advindas pelo meio. Um fator que poderia ajudar e muito nessas construções de jogadas seria a descida do Raul Gustavo, mas Sylvinho preferiu manter o rapaz fixo no campo defensivo.
Esse é o mapa de passes do Corinthians também do primeiro tempo, confirmando o fato de que os ataques foram muito concentrados pelos lados do campo. Piton, Fagner e Raul tocaram mais vezes e na defesa próximo ao meio-campo, porém com menos frequência para Luan, Roni ou até mesmo Gustavo Silva. 126 passes foram realizados no meio-campo e 77 no ataque: a maioria dos 77 pelas laterais.
Ao entrar Ángelo Araos e tirar Roni, foi uma substituição inteligente que Sylvinho fez porque ele, Vital e Luan revezariam posições. A questão agora era se os meias jogariam mais próximos, como era a necessidade...mas ainda assim estavam afastados.
Mais tarde entrariam Adson e Cantillo, saindo Vital e Camacho. Não tiraria os dois porque o problema não era com eles, mas sim era uma questão de posicionamento que não havia. Mas tanto Cantillo quanto Adson realmente deram qualidade nos passes, pois praticamente o time passou a ter 4 articuladores: Cantillo, Adson, Araos e Luan. Mas de pouco adiantaria, e muito menos quando Jô entrou.
QUAIS FORAM OS ERROS DO CORINTHIANS?
A falha do Corinthians foi em não explorar os ataques pelo meio com algum jogador que desequilibre ali. Camacho não teve nenhuma culpa, uma vez que ele fez exatamente o que tinha que fazer: fez o papel de transicionar a bola da defesa para o ataque. Camacho só errou muitos passes porque havia um buraco muito grande na posição onde o meia-de-criação fica, e esse buraco era facilmente preenchido pela defesa adversária para dar a opção somente de atacar pelos lados e marcando os volantes e laterais. Faltou apoio para Camacho para que pudesse atacar pelo meio...e quem poderia fazer isso? Raul Gustavo e Mateus Vital...mas a tática do Sylvinho foi em jogar com os quatro atacantes em linhas e Raul Gustavo jogou preso na defesa. Nem preciso dizer o quanto Luan e os homens-surpresa foram prejudicados com isso, uma vez que não houve a aproximação como descrito.
O 4-2-4 é um excelente esquema se ele for efetivo em ataque pelo meio tanto quanto é pelas pontas. Mas esse ataque pelo meio não houve. Isso facilitou muito para a defesa adversária, que pôde adiantar a linha de marcação e não se preocupava com os ataques nas laterais porque sabiam que o Corinthians não conseguiria obter superioridade numérica dessa forma.
CONCLUSÃO
Dos titulares, os que realmente buscaram o jogo foram Ramiro, Roni pelos lados e Gustavo Silva. Foram combativos, criaram perigos e foram bem ao ataque. Isso porque os ataques pelas laterais não conseguiram atender a necessidade de superioridade numérica. Luan também, mas que poderia ele fazer sendo que não chegou uma bola decente pra ele?
Quarta-feira temos o jogo novamente contra o Atlético-GO pela Copa do Brasil. Estou tentando ser otimista e procurando achar que Sylvinho estava querendo esconder o jogo, para colocar João Victor e Bruno Méndez de volta, jogando com 3 zagueiros. Pois será justamente o jogo de quarta-feira que será mostrado quais são as reais intenções estratégicas de Sylvinho, uma vez que ele jogará num mata-mata e será forçado a dar o seu melhor.
VAI, CORINTHIANS!
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