Meu Timão

Apesar do resultado, vimos hoje o principal motivo dos desempenhos abaixo do esperado em outros jogos, que é o demérito de jogadores menos badalados, enfraquecendo a equipe e a tornando extremamente previsível.

Róger Guedes não jogou bem de novo, e é pelo mesmo motivo acima, mas tenho que explicar o porque de não só ele como outros não terem rendido como falso 9. Pois muitos criticam Roger Guedes pela posição de falso 9 sem entenderem o que é falso 9 de fato.

A principal função de um falso 9 não é ser um imitador de centroavante, mas sim de ficar bem próximo à área e aguardar quem estiver no meio passar por ele para que ele possa tocar a bola para esse meia finalizar. E para que essa função seja bem aproveitada, pelo menos dois meias devem estar próximos ao falso 9 para que ele possa escolher a quem passar na corrida para que esse meia ou o próprio falso 9 finalize após receber novamente.

Acontece quem não se vê muito essa aproximação com Guedes. E isso explica o porque do próprio Luan não ter se firmado nessa posição: porque raríssimos eram os jogos em que ele tinha a devida aproximação, seja por não aproveitamento de jogadores da base que possuíam a capacidade de jogar com o falso 9, seja por má escalação, seja por estratégia errada, coisa que vimos muitas vezes com Sylvinho. Quando ele tinha essa aproximação, ou Luan marcava gols ou dava assistências ou fazia parte das jogadas, e isso víamos em alguns jogos com Mancini, quando Gustavo Silva, Cazares e Vital se aproximavam. Foi isso que fez com que quase nos classificasse para a Libertadores nas últimas 15 rodadas.

Nesse jogo, não foi só Róger Guedes que fez a função de falso 9, mas também Willian e Adson, que fez o gol nesse pensamento: ele saiu da sua função de meia/ponta direita e correu diretamente para a área, achou o espaço aberto e marcou o gol. Tanto Willian quanto Adson, ao alternarem nessa função, procuraram passar ou finalizar dependendo da ocasião como foi descrito, seja dentro da área, seja fora da área.

Tenho uma crítica muito forte sobre esse posicionamento, que será mostrado depois. Mas antes darei foco ao bom jogo do Giuliano: apesar de pouco acionado, a movimentação dele foi excelente. Mas ele é um dos responsáveis pela crítica que irei fazer em seguida.

Eu gostaria muito de perguntar, olhando no fundo dos olhos dos jogadores badalados, o que justifica essa pretensão em valorizar mais o jogador de grande nome do que os jogadores da base ou os menos badalados. É por isso que perdemos jogos: porque se esquecem do conceito real de coletivo.

Notem como o lado direito do Juventude estava muito mais fragilizado do que o esquerdo, que foi aonde o Corinthians concentrou mais os seus ataques. Chega a ser desalentador! Se pensarmos que OS DOIS GOLS foram atacando pelo lado direito, fica perceptível a lógica de dar valor a todos os jogadores. Notem, olhando o gráfico de passes, o quanto Willian, Renato Augusto e Fábio Santos trabalharam muito entre si...agora olhem só o Adson para ver se ele recebeu a mesma atenção: ele só recebeu grandes passes do Rafael Ramos! Nem mesmo Renato Augusto teve o tato de dar atenção ao rapaz com a devida frequência!

O principal erro do Roger Guedes consistiu em fixar seu posicionamento para receber seus passes exclusivamente perto de Willian, mas pouco se aproximou de Adson, que fez o gol. Seja por alguma espécie de etnocentrismo com os mais jovens, seja por falha de posicionamento. Se for trabalhado fortemente para combater essa falha, seremos mais produtivos ofensivamente.

Definitivamente não gosto de Adson jogando como ponta esquerda: ele é um meia-atacante que oscila como meia-de-criação, para a partir daí explorar os lados com o objetivo de fortalecer passes. Mais interessante seria pôr o Willian na sua posição de ponta-direita e colocar Gustavo Mantuan na ponta esquerda.

Apesar de empatarmos ou perdermos jogos, creio estarmos no caminho para evolução tática. Vejo como desnecessárias as críticas sobre o rodízio de jogadores: além da temporada ser extremamente puxada, há de se levar em conta que tivemos um ano terrível de pandemia que alterou fortemente o calendário, com jogos extremamente emendados e desgastantes. E tínhamos um elenco limitado, com jovens promissores que não eram aproveitados como deveriam. Poucos foram os jogos até agora que eu pude colocar na conta do técnico, mas ele, de longe, é o menos culpado pelo rendimento do time. Estamos em primeiro lugar, nos classificamos em segundo na última rodada da Libertadores e estamos nas oitavas-de-final contra o Boca Juniors e enfrentaremos o Santos na Copa do Brasil. Meu conselho principal é manter o rodízio, colocando jogadores como Mantuan, Adson, Felipe Augusto, Bambu, Luan quando se recuperar, Cantillo e outros jovens que não lembro agora – e que tem que usar – enquanto preserva os principais. Renato Augusto é importante de ser preservado, assim como Du Queiroz, Piton, Willian e Róger Guedes. Antes não tínhamos essa possibilidade, e agora agradeço e muito por termos isso.

VAI, CORINTHIANS!