Meu Timão

Quando li essa declaração, por alguns segundos acreditei. Carille nunca escondeu esse perfil ambicioso dele por 'revolucionar o futebol'. Potencial ele tinha mesmo, dentro de um projeto a longo prazo. Aqui ele mostrou muita destreza e inteligência tática, gerencia de grupo... Mas não era nenhum postulante a Guardiola como ele aparentemente pensa ser. Pelo menos não ainda. Pra isso ele ainda precisaria comer a grama que o Tite comeu pra chegar onde está.

No entanto, nada isso de fato importava.

Carille tem o direito de sentir o Guardiola e se encantar com o projeto de revolucionar o futebol árabe? Claro que tem. Tem o direito de topar isso e deixar o Corinthians? Tem. Tem o direito que se encantar mesmo com as cifras? Já é corriqueiro.

Ele tinha o direito de ser ganancioso, desonesto e ingrato com o Corinthians e largar um projeto no maior clube do país na metade e nos deixar nas mãos sem mais nem menos? Obviamente que tinha. Mas não venha com papinho de 'obrigado Carille' pois ele não teve nenhuma gratidão com o clube e torcida que há um ano e meio atrás deu o voto de confiança nele pra que hoje ele pudesse estar indo ganhar milhões pra 'revolucionar o futebol árabe' e não treinando um Paraná da vida.

Ele podia até não conseguir dar continuidade no projeto corinthiano esse ano e prolonga-lo. Ou podia ganhar tudo e no fim do ano se sentir seduzido por um projeto grandioso, ou mesmo pela grana, mas que não nos deixasse na mão com esse egoísmo e frieza no meio de campeonatos importantes.

Ele podia muito bem ter ao menos se preocupado em terminar o trabalho desse ano com a gente.

Nem que de fato o tal projeto tenha seduzido ele, pra ele se preocupar mais com o projeto de um clube árabe e do afago do próprio ego do que com ao menos uma finalização digna e respeitável do vitorioso ciclo aqui, já mostra quem ele é.

E pra ser sincero, ele nunca escondeu isso de nós... Nós que não percebemos, ele é a caricatura do futebol moderno: frio, pragmático e profissional. Nem despedida vez pra 'não abalar o vestiário'.

Talvez o Tite tenha sido mesmo o último dos técnicos modernos que ainda pulsava e vibrava e se emocionava.