Kelisson Tozzi
O técnico Fábio Carille vem enfrentando inúmeras dificuldades nesse início de temporada. O que até certo ponto é compreensível: começo de trabalho, herança complicada deixada por Jair Ventura, vários jogadores recém-contratados…
Inúmero atletas já foram testados, diferentes formações já foram utilizadas, e, mesmo assim, parece que o técnico está longe de encontrar o time e a forma ideal de atuar.
Na partida diante do Novorizontino, no último domingo, me chamou a atenção a posse de bola improdutiva, algo que já vinha acontecendo nas partidas anteriores.
No livro Guardiola Confidencial, do jornalista Martí Perarnau, o técnico do City, que na época comandava o Bayern de Munique, faz fortes críticas ao “movimento de U” apresentado por sua equipe em determinado momento.
Esse movimento nada mais é do que a bola passada do lateral para o zagueiro, depois para o outro zagueiro, até chegar no lateral oposto, assim formando o desenho de um “U”.
“O movimento de saída de jogo é repetitivo e estéril. A bola circula de um lado para o outro de maneira inócua. É um movimento horizontal que não leva a lugar algum. A bola circula de um lado para o outro, de pé em pé, sem qualquer propósito. É como um cozido sem sal. O adversário pode se defender quase sem esforço. (…) Um movimento em forma de U que não leva perigo”, descreve Perarnau sobre o raciocínio de Guardiola.
Na última partida, por exemplo, o mapa de calor do Footstats deixa bem clara essa dificuldade básica da equipe comandada por Carille:
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Mais do que isso, a imagem mostra que a equipe praticamente não conseguiu atingir a área mais crítica do adversário, onde as principais chances costumam ocorrer.
As razões para essa dificuldade são várias. Ralf é um primeiro volante que tem como principal característica a marcação. Ramiro é um segundo homem de meio campo que está desabituado a exercer essa função e, até por isso, quando acionado, volta a bola para os defensores.
Falta ao Corinthians o chamado “rompedor de linhas”. Característica presente em atletas com os quais, curiosamente, o time alvinegro contou nos últimos anos, casos de Elias, Paulinho e Maycon. E Carille sabe disso, tanto que já falou sobre o assunto ao comentar a chegada de Junior Urso:
“Ele pisa na área, um segundo volante que anda. Uma característica que sempre houve aqui no Corinthians. Claro que ele tem outras características, de força e chegada. Ele não é tão técnico quanto o Paulinho, mas com força, sabendo o momento certo para romper estas linhas. É isso que espero do Urso. Ele teve sete gols em 2016 no Atlético-MG, que é um número muito bom para volante. Vai nos ajudar bastante”, destacou o treinador.
Resta saber se, daqui para frente, Carille conseguirá minimizar o temido “movimento de U” e se de fato Junior Urso será capaz de tornar mais eficiente a transição entre defesa e ataque do Corinthians.
Texdo de @ranieri_andre
em Bate-Papo da Torcida > Temido por Guardiola, ‘movimento de U’ é defeito crucial do...