Guilherme Garcia
Temos um campeonato longo pela frente, e esperamos ganhar os outros 2 que estamos disputando (Sulamericana, Copa do Brasil). Consequentemente, jogando simultaneamente 3 competições.
Sendo assim, acredito que qualquer jogo que não seja um mata mata, seria uma ótima oportunidade para testá-lo.
em Bate-Papo da Torcida > Vamos falar de Bruno Méndez
Em resposta ao tópico:
Não é de hoje que nossa defesa não é a mesma de tempos atrás.
Nos orgulhamos principalmente de 2008 para cá de um dos melhores sistemas defensivos (se não o melhor) do país. Com altos e baixos, mas sempre com padrão tático e jogadores ascendentes em seus desempenhos.
Porém isso vem mudando de forma mais acentuada do ano passado para cá. É notório.
Desde a saída da dupla Balbuena/Pablo não temos jogadores regulares ou afirmações para a posição.
Sabemos que um sistema defensivo passa por um goleiro firme, laterais que anulem as subidas, linhas compactas, volantes aplicados e não apenas dois ou três bons zagueiros, porém por mais que tenhamos pontos a corrigir, com exceção de nossa dupla de zaga temos um sistema consistente e jogadores preparados, como Cássio, Fagner, Ralf, Gabriel, Junior Urso e outros minimamente preparados no banco.
Nesse ponto o que preocupa mesmo é nossa dupla de zaga. Minha humilde opinião: Manoel e Henrique não são jogadores para um time que pensa em títulos. Veio no paulista? Sim, mas quando pensamos em Copa do Brasil e Sulamericana em que um jogo ruim termina com um campeonato inteiro e o Brasileiro em que regularidade é tudo, é difícil pensar que esse nível de jogadores possa nos ajudar a levantar o caneco ao final do ano.
No banco temos um contestado Pedro Henrique que por mais que tenha tido suas oportunidades e demonstrado certo desenvolvimento, não trás confiança à torcida, além de Marllon que mostrou seu valor em todas as oportunidades mas mostra certa resistência com Carille (ao qual é difícil de sabermos porque) e Bruno Méndez. Este, um jogador novo, com apenas 19 anos de idade e desconhecido por grande parte da torcida. Sendo assim resolvi pinçar números de sua carreira e fiquei extremamente surpreso.
Sei que não é apenas um jogador que muda um time (com exceção de alienígenas como Messi), mas os números ajudam a compreender o impacto de sua entrada e visível melhora do desempenho, sobretudo defensivo da equipe.
Vamos aos fatos:
O jogador subiu para os profissionais do modesto Montevideo Wanderers em meados de 2017, logo no final do Clausura Uruguaio (segundo turno, digamos assim). Inicialmente como lateral direito foi titular em 4 partidas na reta final do campeonato, atuando por 90 minutos em 3 delas e por 45 em uma.
Clausura 2017:
Sem ele: 11 jogos / 22 gols sofridos / média de gols sofridos: 2,00 por jogo
Com ele: 4 jogos / 4 gols sofridos / média de gols sofridos: 1,00 por jogo
Durante o ano de 2018 disputou tanto o Apertura quanto o Clausura pelo Montevidéu Wanderers além da Copa do Uruguai. Tanto no Apertura quanto na Copa jogou como lateral direito, passando a ser zagueiro central no Clausura, por onde se destacou mais ainda.
Apertura 2018:
Sem ele: 2 jogo / 4 gols sofridos / média de gols sofridos: 2,00 por jogo
Com ele: 12 jogos / 16 gols sofridos / média de gols sofridos: 1,33 por jogo
Clausura 2018:
Sem ele: 6 jogos / 12 gols sofridos / média de gols sofridos: 2,00 por jogo
Com ele: 8 jogos / 8 gols sofridos / média de gols sofridos: 1,00 por jogo
Copa do Uruguai 2018:
Sem ele: 4 jogos / 7 gols sofridos / média de gols sofridos: 1,75 por jogo
Com ele: 3 jogos / 3 gols sofridos / média de gols sofridos: 1,00 por jogo
Números absolutos jogando pelo Montevideu Wanderers:
Sem ele: 23 jogos / 45 gols sofridos / média de gols sofridos: 1,96 por jogo
Com ele: 27 jogos / 31 gols sofridos / média de gols sofridos: 1,15 por jogo
Aproveitamento? O aproveitamento sem ele em campo foi de 28,98% dos pontos disputados, com 5 vitórias, 5 empates e 13 derrotas em 23 jogos disputados, enquanto que com sua presença, em 27 jogos disputados a equipe obteve 13 vitórias, 6 empates e 8 derrotas, acumulando 55,55% de aproveitamento dos pontos disputados (praticamente dobrando o aproveitamento).
Demais números? Ao todo foram 8 cartões amarelos, 1 gol e 3 assistências.
Seleção Uruguaia? Ao todo foram 29 jogos, sendo 1 pela Sub-17,26 pela Sub-20 (25 como capitão) e 2 pela seleção principal (contra Brasil e França, em 2018 e em ambos como titular).
Novamente repito que não é ele que mudou TUDO, mas é de se pensar o resultado de sua entrada no time pois os números são bem claros.
Somado ao fato de ser homem de confiança na sub-20 e convocado com apenas 19 anos para a principal em jogos contra potenciais e sendo titular.
Posso estar errado e no Corinthians a camisa pesar, mas vi vários jogos dele e sempre mostrou extrema personalidade, liderança e qualidade acima da média para a sua posição (talvez por migrar da lateral para a zaga). Não foi apenas no mediano campeonato uruguaio que se destacou, mostrou tudo isso em todas as camisas que vestiu, sendo protagonista na sub-20 e jogando muito bem nas duas oportunidades que teve pela principal.
Sempre lembrando: 19 anos!
Não podemos ter um jogador desse no elenco para queimá-lo e possivelmente emprestá-lo para qualquer time de série B por não utilizá-lo enquanto temos dificuldade absurda com nossa zaga titular. Sem levar em conta sua qualidade ainda tem o valor futuro que 85% de seus direitos econômicos podem nos trazer. Sei que chegou a pouco tempo, mas não utilizá-lo com inteligência é negligenciar e pior, depreciar um ativo relevante que temos.
Abre o olho Carille!
