Saudade de 2007. Não do time, mas da torcida
Opinião de Lucas Faraldo
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Há pouco mais de nove anos, no dia 28 de novembro de 2007, mais de 34 mil torcedores encheram o Pacaembu para apoiar um dos piores times que já entraram em campo pelo Corinthians. Naquele jogo, o último como mandante do Brasileirão de 2007, o time perdeu por 1 a 0 para o Vasco.
Sabe o que mais chamou atenção naquela fatídica derrota que antecedeu o empate de 1 a 1 contra o Grêmio e a confirmação da queda à Série B? A torcida.
Talvez mais do que nunca, a torcida alvinegra provou o porquê de ser apelidada de Fiel. Cleber Machado deixou de lado a transmissão da partida para, em determinado momento, dedicar os microfones apenas ao "aqui tem um bando de loucos".
Do início ao fim da partida, os torcedores cantaram, aplaudiram e deram força a nomes como: Fábio Ferreira, Fábio Braz, Amaral, Bruno Octávio, Lulinha e Arce. Quando o técnico Nelsinho Baptista tirou do banco de reservas Héverton, Vampeta (a versão fim de carreira) e Wilson, a torcida empurrou. Foi fiel ao Corinthians, acima de tudo.
Passados nove anos – e nove títulos –, muitas coisas mudaram. A torcida foi uma delas.
Em meio à contratação de um dos maiores jogadores da história do futebol mundial e da construção de um bilionário estádio, surgiu um novo tipo de corinthiano. Na noite dessa quarta-feira, contra o Santa Cruz, esse torcedores voltaram a dar as caras.
Em Cuiabá – provando não se tratar apenas de uma exceção da elite que visita Itaquera em dias de jogos –, o técnico Fábio Carille e o volante Willians foram vaiados. Mês passado, contra o Cruzeiro, na Arena, o mesmo fenômeno havia acontecido.
Há quem defenda a atitude alegando que as vaias eram contra a substituição, que recuaria o time. Há quem diga que eram contra o volante, que ainda não teria mostrado a que veio ao Corinthians.
Na minha opinião, tais vaias são injustificáveis e só significam uma coisa: a torcida do Corinthians vem perdendo sua identidade.
Fico me perguntando o que fariam esses mesmos torcedores que vaiam Willians e Carille se tivessem vendo Nelsinho Baptista preparar Zelão, Iran ou Marcos Tamandaré para entrar em campo. Arremessariam bombas em direção à área técnica?
Talvez mimados com os feitos conquistados pelo clube na última década, os torcedores que outrora eram fiéis e jogavam junto com time principalmente nos momentos de dificuldade agora parecem estar preocupados apenas com o espetáculo pelo qual estão pagando.
Isso não ajuda o Corinthians. Isso não condiz com a história do Corinthians. Isso não é Corinthians.
Pior do que lamentar para seus filhos ou netos no futuro que um dia o Corinthians sofreu em campo com atleta x ou y será admitir que você foi um dos que, ao invés de ser o 12º corinthiano, se acomodou vaiando x, y e, consequentemente, o próprio Corinthians.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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