"Temos grandes jogadores no Sub-17, o Gustavo fez um excelente trabalho, vai ter oportunidade mais para frente no Sub-20 se ficar no Corinthians, mas é uma opção minha, do presidente, em ter o Danilo no Sub-20. Não tem bagunça nem desmando"

Foram estas as palavras de Duílio Monteiro Alves, em entrevista ao GE, quando perguntado sobre confusões recentes na base do Corinthians. Em um instinto natural de defender seu mandato, elogiável em muitos pontos, o presidente descarta que haja "bagunça ou desmando" nas categorias formativas do clube.

Como torcedor e jornalista, me permito discordar respeitosamente de Duílio, ainda que entenda seu impulso de acobertar problemas evidentes na base corinthiana. As situações de "desmando", descartadas pelo próprio, são as que me parecem mais frequentes ao relembrar tudo que se passou na base do Corinthians desde janeiro de 2021, quando iniciou seu mandato.

De início, pelo motivo mais recente, envolvendo o técnico Gustavo Almeida. O clube lhe apresentou uma proposta para assumir o Sub-20, aceita de prontidão pelo treinador. No dia seguinte, acompanhado do gerente André Figueiredo, até comunicou aos atletas do Sub-17 que seria promovido. O clube, sem profissionalismo algum, retira a proposta horas depois, e o próximo comunicado de Gustavo Almeida aos atletas seria para informar que deixaria o Corinthians, fruto de uma frustração justificável do treinador.

A opção por Danilo no comando do Sub-20, sobrepondo-se a Almeida, confirmada como uma decisão pessoal de Duílio, não se sustenta em nenhum motivo técnico plausível. O clube utiliza sua categoria de base mais importante para fazer laboratório a um treinador cujo potencial ainda é desconhecido.

É bom ressaltar que, nos últimos 12 meses, foram seis técnicos no comando do Sub-20 do Corinthians: Dyego Coelho, Márcio Bittencourt ("interino" que durou quatro meses), Tarcísio Pugliese, Gustavo Almeida (interino por uma partida), Diogo Siston e agora Danilo. Esta é apenas uma das situações de desmando que se passou na base do clube desde o início do mandato Monteiro Alves.

Outro episódio, onde a hierarquia também não foi respeitada, se passa justamente com um destes nomes que estiveram à frente do Sub-20. Em julho, o então gerente geral das categorias de base, Carlos Brazil optou por demitir o técnico Tarcísio Pugliese, mas teve sua decisão revogada por um conselheiro influente na base do Corinthians, que mesmo sem cargo, se sobrepôs a uma decisão tomada por um dirigente do clube.

Este mesmo conselheiro, aliás, acumula episódios contestáveis na base do Corinthians. Jacinto Antônio Ribeiro, o "Jaça", mesmo sem cargo, foi o representante do clube nas reuniões pela renovação contratual do meia Matheus Araújo, da categoria Sub-20. Por qual motivo?.

Tudo isso sem contar as constantes trocas no cargo de gerente geral da base. O ano começa com a gerência sob os cuidados de Fernando Yamada, com uma breve passagem de bastão a Carlos Brazil, e se encerra nas mãos de André Figueiredo, que segue no clube até o presente momento. Uma metodologia, que em tese deveria ser pensada a longo prazo, esteve sob o cuidado de três pessoas diferentes, com pensamentos e métodos divergentes entre si. Desmando.

Todas as confusões internas ainda esbarram nos meses de atraso no pagamento de auxílios aos jogadores sob contrato de formação. E sem dúvida alguma, refletem nas eliminações precoces no Brasileiro Sub-17, Brasileiro Sub-20, Brasileiro de Aspirantes, Paulista Sub-20, Paulista Sub-15 e Copinha.

Duílio, dentre vários acertos no futebol profissional, acumula erros em sua gestão das categorias de base. E o desmando, citado pelo presidente como algo inexistente, é o que mais se repete.

Veja mais em: Duílio Monteiro Alves e Base do Corinthians.

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