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É tudo política, estúpido!
Marco Bello

Setorista do Corinthians desde 2009 pela Rádio Transamérica, Marco Bello acompanha o dia a dia do clube

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É tudo política, estúpido!

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É tudo política, estúpido!

Caciques do Corinthians se encontraram em uma pizzaria

Foto: Reprodução / Internet

Em 1992, o estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton nos Estados Unidos cunhou a frase que ficou marcada como um dos maiores mantras daquelas eleições: “It´s the economy, stupid” (É a economia, estúpido)

O que ele quis dizer com isso?

Que qualquer coisa que fizessem, qualquer dificuldade que enfrentassem, discussão, crise, tudo na verdade era baseado na economia estadunidense. Se a economia estivesse mal, Clinton tiraria vantagem disso para se eleger presidente. E conseguiu.

Por que estou lembrando disso agora?

Depois que a campanha de Clinton terminou, a frase foi diversas vezes adaptada para as mais diferentes situações. “É tudo matemática, estúpido”; “É tudo arte, estúpido”; “É tudo amor, estúpido”.

No Brasil, ela é mais usada da seguinte forma: “É tudo política, estúpido”.

Tudo o que se faz aqui, nas esferas de cima que nos dominam em todos os meios, é a mais pura política. Em Brasília, no Governo Estadual, nas mais diversas instituições. No futebol, a frase vale para as torcidas organizadas, e também para os clubes.

Nós, aqui de baixo, nos surpreendemos quando vemos cenas como as desta quinta-feira, quando diversos caciques da política do Corinthians se encontram para celebrar o aniversário do decano Alberto Dualib.

É tudo política, estúpido.

Roberto de Andrade, visivelmente constrangido, recebia ali todos os setores das muitas “oposições” do Corinthians.

Andrés Sanchez, Paulo Garcia, André Luis de Oliveira, Antonio Roque Citadini, Miriam Athiê e o próprio Dualib sentaram à mesa para comer pizza.

Oposições? Estamos acostumados a ver políticos de oposição que se degladiam nos plenários aparecerem abraçados minutos depois nos bastidores. Diversas correntes que gritam por ideias completamente opostas se unirem depois nos segundos turnos das eleições da vida.

Por que?

É tudo política, estúpido.

Alguns conselheiros do Corinthians assinaram um documento pedindo o impeachment do presidente Roberto de Andrade. Fizeram isso por acreditar que a assinatura do mandatário corinthiano em um documento com data anterior prejudicava o clube? Claro que não!

Fizeram porque precisavam de mais poder. Precisavam de barganha. Acharam um atalho.

Roberto é um homem muito centralizador. Os que mais reclamam da sua administração lá dentro dizem que ele praticamente não consulta ninguém para tomar decisões. A gota d´água foi a contratação, sem consulta a ninguém, do técnico Oswaldo de Oliveira para o time de futebol.

Com o processo de impeachment, temendo ser retirado da presidência do clube, Roberto de Andrade se viu obrigado a fazer diversas reuniões com conselheiros de oposição para perguntar o que eles estavam precisando.

Uma indicação aqui, uma ajuda ali, uma melhora acolá.

E o processo de impeachment foi diminuindo de tamanho, conforme as reivindicações foram sendo atendidas.

Roberto não gosta de Andrés. Andrés não gosta de Roberto. Mas um precisa do outro. Sem Andrés, Roberto não governa. Sem Roberto, Andrés não tem mandato.

Como aconteceu com Mario Gobbi, presidente anterior que rompeu com o grupo e ficou um ano mandando sozinho no clube.

Dizem os frequentadores das alamedas do Parque São Jorge que um grande acordo já foi montado para as próximas eleições: Roberto seria mantido no cargo, o impeachment arquivado, e o grupo todo apoiaria Paulo Garcia nas próximas eleições, em 2018.

Se é verdade ou não, só o futuro dirá, até porque nenhum dos envolvidos confirmará tal acordão. Mas as fotos do encontro desta quinta-feira mostram que, mesmo constrangidos, os conselheiros, presidentes e ex-presidentes sempre se unem em torno do poder.

Afinal, é tudo política, estúpido.

Veja mais em: Diretoria do Corinthians e Impeachment.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Marco Bello

Marco Bello é jornalista, apresentador e repórter da Rede Transamérica de Rádio, setorista do Corinthians desde 2009

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