Cogitar volta do futebol no Brasil é loucura
Opinião de Mateus Pinheiro
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Antes de tudo, é óbvio e – ao meu ver natural - que eu anseie pela volta do futebol brasileiro. O torcedor mais ainda. Muitos regulam sua felicidade, humor e bem-estar cotidiano pelo desempenho do seu time de coração em campo. Crises no clube geram crises pessoais e conquistas nos levam à lua. Mas o momento não é adequado ao retorno do nosso tão amado esporte. É loucura, inclusive, pensar nessa possibilidade.
Mesmo depois de um mês e meio de paralisação, a situação do país não oferece as condições necessárias para a normalização. Isso envolve uma série de fatores de saúde e até culturais aos quais todos os jogadores que participam da partida, além de uma gama incontável de funcionários indispensáveis para a realização desses jogos estão envolvidos.
O Brasil tem números alarmantes nessa pandemia. Os contágios e mortes só aumentam a cada dia, e a curva dos dois fatores não está próxima do achatamento. Com o país a beira de um colapso, na tentativa de reestruturação e diminuição desses números preocupantes, qual é o motivo plausível para a volta do futebol?
“Ah, mas na Alemanha eles vão voltar”. A situação é completamente diferente. Por lá, qualquer cidade que tenha mais de 50 novos casos em cada 100 mil habitantes, terá as medidas de relaxamento do isolamento canceladas e retornará ao sistema de quarentena. O vírus foi controlado ao ponto dos cidadãos conquistarem essas medidas do governo. No Brasil, a testagem é baixíssima e os estudos atuais revelam uma taxa de contágio altíssima, que 10 pessoas infectam 28 e estas infectam outras 78.
Ou seja, são 40 jogadores somando os dois elencos, comissão técnica, segurança dos estádios e arenas, policiamento, equipe de arbitragem, os funcionários dos clubes e aqueles responsáveis pelos deslocamentos dos atletas, equipe de transmissão dos jogos, fora o maior fator agravante: os familiares de todos esse membros fundamentais para execução de uma partida só de futebol.
É possível garantir a segurança de todos? Não. Longe disso. Teriam de ser feitos exames quinzenais em todos esses envolvidos + seus familiares, além de criar mais uma rede de contaminação já que todos esses profissionais teriam que se deslocar para os eventos esportivos. A qual custo?
Exames feitos em clubes como Flamengo e Grêmio já demonstraram a gravidade da situação. Os cariocas têm 38 contaminados em 293 testados. No Sul, são 5 atletas entre 20 testados do elenco. O inimigo é silencioso e mortal. Não deixemos que ele mate mais do que já faz por um desejo egoísta de ver nosso time jogar.
O futebol vai voltar. Só não pode ser agora.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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