Patrocínio do BMG tinha potencial de ser o maior do país, mas se perdeu na bagunça do Corinthians
Opinião de Mateus Pinheiro
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Quando anunciado, em janeiro de 2019, o patrocínio máster do Corinthians prometia ser um dos maiores valores o país: R$ 42 milhões anuais, fora adicionais de contas abertas. Segundo Luis Paulo Rosenberg, na época diretor de marketing: “a maior contratação do clube”, com dois anos de duração.
Se aproximando da Crefisa, no Palmeiras, que paga R$ 81 milhões por ano, fora ajuda de custo em salários de jogadores, luvas e outros, e maior até do que o contrato atual do Flamengo, com o Banco de Brasília, que paga R$ 35 milhões fixos, BMG e Corinthians deram a entender que a camisa voltaria a figurar entre as mais valiosas do país.
Logo nas primeiras semanas, porém, detalhes do contrato foram expostos, e toda desilusão da torcida também. A diretoria do Corinthians havia, na verdade, adiantado R$ 30 milhões com o banco, e o valor fixo anual seria de R$ 12 milhões. Para efeito de comparação, a Azeite Royal acertou valor parecido com o Botafogo para estampar o nome no dorso do clube: R$ 8 milhões anuais.
Mas de onde vinha os outros R$ 30 milhões em potencial? Toda operação se baseava na abertura de contas no banco digital da empresa: O Meu Corinthians BMG. A cada conta aberta, o Corinthians receberia R$ 30. Se adicionaria a isso “bônus” por cumprimento de metas: R$ 1,5 mi para 50 mil contas abertas, R$3 mi para 100 mil, e assim em diante. Com uma torcida de 35 milhões de alvinegros pelo país e pelo mundo, e uma conta que não exigia pagamento algum, se 1/30 desses corintianos fizesse “a sua parte”, o valor seria angariado sem grandes problemas.
CONTAS ABERTAS
O Corinthians esbarrou, no entanto, no que seria o x da questão: a adesão. Os valores falados na mídia de R$ 42 milhões, que foram logo desmentidos e dissecados para melhor entendimento da torcida, jogaram um balde de água fria num movimento positivo que havia sido gerado em primeiro momento.
Em 2019, no anúncio, Andrés esperava que 200 mil contas fossem abertas. No entanto, o ano se encerrou com 30 mil novos clientes. 15% do previsto, e “apenas” R$ 900 mil de bônus via BMG. Ou seja, de valor real de patrocínio, quase R$ 13 milhões.
DECEPÇÃO x MISSÃO
A decepção da diretoria se deu pelo fato da torcida não comprar a ideia do produto, que tinha potencial enorme para gerar valores exorbitantes ao clube.
Agora, se analisado os possíveis motivos desse número baixíssimo, dois fatores cruciais gritam por atenção: o envolvimento e a missão do torcedor.
Se imaginada uma situação ideal na qual o torcedor vê seu tempo (e dinheiro) investido em contratações, com transparência, em um clube idôneo, que não figure no noticiário esportivo diariamente por cobranças e dívidas, o sentimento de envolvimento é maior. O torcedor se sente abraçado e abraça a causa.
No Vasco da Gama, uma campanha por sócios-torcedores abraçou esse sujeito que queria ver seu clube figurando no alto das listas de associados, cobrou preços baixíssimos para tal, e conseguiu feito histórico em duas semanas.
Aí que chegamos na missão: sabendo do retorno do dinheiro, com o produto explicado bem para o consumidor médio, e essa marca bem explorada pela comunicação, o torcedor passa a ter o sentimento de “missão”. Numa espécie de relação causa x consequência, o fã, tratado como investidor, vê no seu investimento um lucro. Seu time contrata e vence pois ele ajudou abrindo a conta. Existe uma missão.
O Corinthians, atualmente, se encaixa nos pressupostos acima?
CHEGADA DE LUAN
Em mais uma tentativa de angariar um lucro maior e diminuir a antipatia gerada com o torcedor, o Banco BMG entrou em cena para ajudar o Corinthians na contratação de um Rei da América: Luan, do Grêmio.
Através da campanha “Não é Só Patrocínio”, emprestou R$ 20 milhões ao clube e comprou o jogador. Mesmo assim, não viu o número de contas aumentar proporcionalmente, e sim, fazer exatamente o contrário.
O anúncio foi feito por meio de suas redes sociais, e apenas "retuitado" pelo Corinthians, num movimento que passou impressão de desleixo ao torcedor. Faltou valorizar o produto, a marca.
PATROCÍNIO PRETO E BRANCO
Em 2020, 13 mil contas foram abertas. Até 4 de julho de 2020, 13.480 novos clientes no Meu Corinthians BMG. Tendo em conta que o banco tentou novidades como pagar mensalidades do Fiel Torcedor, bônus de R$ 10 na conta, R$ 25 de desconto em produtos oficiais, mas nada que alterasse significativamente o balanço.
Eis que surge um marketing natural e orgânico da torcida do Corinthians, que pediu para o banco deixar seu logotipo branco e preto na Camisa I, em homenagem ao título de 1990. A #BMGemPretoeBranco figurou nos trending topics no Twitter do Brasil e mundial. A equipe digital do banco interagiu com diversos torcedores e por meio de posts enigmáticos, deram a entender que o desejo seria atendido.
No entanto, o BMG decidiu que para que esse pedido se tornasse realidade, 50 mil contas novas teriam que ser abertas. Ou seja, se em 1 ano e meio algo em torno de 43 mil contas foram abertas, em um período de 15 dias, o torcedor teria que dobrar o alcance. Será possível?
*Procurada pela coluna, a diretoria do Corinthians não se manifestou sobre o assunto até o momento da publicação.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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