Uniformes do Timão remetem ao DNA do Clube
Opinião de Roberto Gomes Zanin
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Quem me dá a honra de acompanhar o que escrevo, sabe que meu saudoso pai era palmeirense.
Mas o Corinthians me escolheu. E um dos dias mais marcantes da minha vida foi quando ganhei meu primeiro manto alvinegro.
Era a camisa número dois, preta. E com que orgulho eu a envergava. Era o próprio super-homem. Sei lá, me sentia um daqueles deuses da raça que arregimentavam 120 mil almas para vê-los ganhar de adversários com mais craques, mas com muito menos gana.
Foi com aquela camisa que vi Ruço e Geraldão, em 76, decretarem nossa vitória contra o super time do Inter de Falcão (que faria um golaço, o de honra deles, naquele jogo).
Minhas camisas sempre foram sem marca e não havia pirataria.
Naquela época, a oficial era da Athleta. Tive uma usada por Ademir Gonçalves, contra a Portuguesa, na semifinal do Paulista de 77. Não usei por que era grande para um garoto de 10 anos.
E assim foram se seguindo minhas camisas, sem grife. Apenas com o principal: o glorioso escudo do Sport Club Corinthians Paulista.
Minha primeira camisa oficial foi comprada em 89. Número 10, com o escudeto da FPF, alusivo ao inesquecível título paulista de 88.
Depois vieram as da marca “Finta”. Com o enorme patrocínio da Kalunga, gola preta e botão. Com ela comemorei o primeiro Brasileirão.
Mais tarde, uma camisa que me marcou muito foi a de 96, da Pênalti, desenhada pelo estilista francês Ted Lapidus. Tenho uma branca. Se você não lembra do modelo, dê um Google e vai achá-la.
Gostei muito dos modelos do Mundial de 2000, da Topper, sempre respeitando a tradição do preto e branco.
O ano de 2003 marcou a chegada da Nike. A primeira camisa era bem legal. Depois vieram alguns modelos diferentes, como a cinza de 2004, até que em 2008, veio o divisor de águas.
A camisa roxa, em plena série B, foi um sucesso de vendas e inaugurou as terceiras camisas, com cores diferentes.
O que acho interessante é que todas têm um motivo. A bordô, uma das mais bonitas, foi concebida para relembrar a partida em que homenageamos o Torino, cujos jogadores morreram em tragico acidente aéreo ; a azul, de 2012, muito bonita, resgata a partida que fizemos representando a seleção brasileira contra o Arsenal; a laranja reverencia nosso Terrão, que viu nascer tantos craques.
As camisas atuais também têm uma bela história que as justifica: a branca, em homenagem à Democracia Corinthiana e preta, remete ao histórico de lutas do clube. De acordo com o release (texto de divulgação) da Nike, “muito mais do que uma camisa de futebol, o novo uniforme principal representa um período de empoderamento dos jogadores e funcionários do clube para participarem das decisões dentro e fora de campo. Durante a Democracia Corinthiana, a voz de um era a voz de todos.”
Já a segunda camisa consagra a rica trajetória de garra travadas pelo time, com uma estampa mais moderna que relembra o concreto da cidade de São Paulo e a origem de luta do clube. O manto traz a inscrição “NÃO PARA DE LUTAR”, reforçando o grito entoado por milhões de vozes em todo jogo do Corinthians.
Como comunicólogo, defendo que o clube deve transmitir seu DNA. E o uniforme do Timão faz isso. Não se trata apenas de “bolar” um design, mas de colocar no pano um pouco de nossa história.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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