Cuidado, Corinthians! A 'MP do Flamengo' pode ser um grande erro pra você
Análise de Rodrigo Vessoni
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O Corinthians segue quieto, ainda não se posicionou sobre a 'MP do Flamengo', como está sendo chamada a Medida Provisória (MP) 984, assinada por Bolsonaro, que proporciona ao clube mandante a venda dos direitos de televisão (para virar lei ainda necessita de aprovação do Congresso).
E para o Corinthians? É interessante essa 'MP do Flamengo'?
A princípio, sim. O Corinthians tem a segunda maior torcida do país; a maior torcida da região mais rica do país; e a maior torcida da cidade mais rica do país. Haverá, sempre, pra quem vender. Diante de um bom trabalho e boas ações, o clube tem potencial para gerar dinheiro.
P-O-R-É-M...
O Corinthians, neste momento, tem o segundo maior faturamento de TV do Brasil. Em 2018, o clube faturou R$ 197 milhões com essa receita. Em 2019, R$ 188 milhões. Os dois números estão nos balanços do clube.
Duas temporadas que o clube não brigou pelo título brasileiro, chegou a uma final nacional (Copa do Brasil), a uma semifinal de torneio sul-americano e conquistou dois títulos estaduais. Campanhas, digamos, regulares. Nada de brilho. E recebeu uma grana bastante considerável.
Vale a pena, então, trocar um valor tão alto garantido por uma aventura? Vale a pena apostar num canal próprio, patrocínios atrelado, engajamento, etc?
De verdade, não sei. Não sei mesmo.
Vamos lá:
No caso do Estadual:
O Corinthians recebe R$ 26 milhões pela participação no Paulistão. Este ano, tende a fazer apenas os 12 jogos da primeira fase (deve ser eliminado). Seria possível fazer uma transmissão própria (com todos os gastos) e arrecadar R$ 2,1 milhões por jogo? Um Corinthians x Oeste tem potencial para fazer esse montante?
Pensamos no caso do Brasileirão:
O Corinthians arrecadou cerca de R$ 160 milhões em 2019. Se pegar esse valor e dividir pelos 38 jogos, o clube arrecadou cerca de R$ 4,5 milhões por jogo.
Hoje o Corinthians interessa à TV Globo para seus 38 jogos. Com a MP, ele passará a interessar apenas para 19 jogos.
Ou seja, para fazer esses mesmos R$ 160 milhões, o clube teria de fazer cerca de R$ 9 milhões em cada um dos 19 jogos como mandante. Vai monetizar pra tanto?
Para piorar, serão jogos como mandante, que não interessam tanto ao clube porque essas transmissões costumam tirar o torcedor do estádio.
Vou além:
Se os 2 do Sul (Grêmio e Inter) e os 2 de Minas (Cruzeiro e Atlético-MG) ficarem juntos numa negociação, os quatro clubes valerão 76 jogos.
Ou seja, para a Globo, é melhor fechar com o quarteto e ter 76 jogos para transmitir em sua grade ou fechar com o Corinthians e ter apenas 19 jogos?
Outro cenário:
Pense em 10 clubes pequenos e médios. Se a Globo fechar com esse grupo, a emissora terá 190 jogos para transmitir.
Para a emissora é melhor gastar um valor razoável, ter esses 190 jogos para espalhar na sua grade ou gastar um valor alto para fechar com o Corinthians e ter apenas 19?
Detalhe: 190 jogos que incluirão todos os grandes clubes, que estarão como adversários. Serão 190 jogos atrativos.
Por isso, Corinthians... cuidado! É preciso pensar com a cabeça, não com o fígado.
Obs: nada deve acontecer até 2024, quando acabará os atuais contratos de transmissão dos campeonatos nacionais com a TV Globo. Essa discussão toda, basicamente, é para 2025.
E mais: onde o Corinthians entra na briga entre Flamengo e Globo
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