A semana histórica do predestinado
Opinião de Ulisses Lopresti
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O Corinthians estava perdendo, a torcida adversária fazia a La Bombonera tremer, a equipe não conseguia criar chances claras de gol e a primeira final de Libertadores da história do Timão era contra o Boca Juniors, um dos times mais vitoriosos da competição. Aquela quarta-feira fria de 2012 parecia um dia de frustração para o corinthiano. Só parecia.
Perto do fim do jogo, Tite olha para o banco e chama Romário Ricardo da Silva, o Romarinho. O jogador havia sido contratado do Bragantino pouco antes desse jogo. Na época, o interesse corinthiano no atleta foi destaque, pois o Santos também queria o atacante. Ainda bem que ele escolheu o lado certo. O anúncio foi feito no dia 29 de maio, menos de um mês antes da apoteose. Edenílson se lesionou e por isso, Romarinho foi inscrito às pressas.
Na época o corinthiano mal se importou com a contratação. Com Sheik, William e Jorge Henrique no elenco não parecia que o novo atacante teria muitas oportunidades. Romarinho havia sido eleito a revelação do Paulistão, quando fez seis gols pelo Bragantino, mas isso parecia pouco perto do tamanho do desafio continental que o Timão vivia.
Na véspera da decisão contra o Boca, o Corinthians jogou um Dérbi pelo Brasileirão e escalou uma equipe alternativa. Romarinho teve sua primeira chance de atuar pelo Corinthians, logo no maior clássico. Após sair atrás do placar, Romarinho fez dois gols e garantiu a vitória alvinegra. Um gol foi de letra e outro um golaço de fora da área pós um drible desconcertante. Começava aí a melhor semana individual de um jogador corinthiano.
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A Fiel se impressionou muito com o jogador, a zoeira com o rival foi gigante, afinal, era o primeiro jogo do garoto. Mas logo tudo mudou, o foco virou o jogo contra o Boca Juniors na La Bombonera.
O roteiro da quarta-feira todo mundo já sabe. Quando Tite chamou Romarinho, o recém-contratado, muita gente desconfiou. Mas aquela semana era do atacante. Ao receber um passe de Sheik na área, um toque. Sim, apenas um toque por cima do goleiro e toda a frustração foi embora com um ato de frieza que parecia incabível naquela situação. Todo mundo ficou em estado de choque, Fiel, rivais, os argentinos, o narrador. Todo mundo precisou de alguns instantes para compreender aquilo.
Romarinho não é o jogador mais técnico de nossa história, nem o mais raçudo, mas com certeza ele tem o carinho da Fiel por aquela “irresponsabilidade”. Se ele errasse, talvez ficasse conhecido como displicente, mas não. Ele soube o segredo do sucesso. Aquela semana foi os melhores sete dias de um jogador do Corinthians na história. E tenho dito!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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