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Tite: 'Vejo que as coisas conspiram a favor'

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Por Meu Timão

A hora e a vez de Adenor Leonardo Bachi. Ou simplesmente Tite. A poucos dias de um momento especial em sua carreira e na história do clube, o técnico do Timão conversou na tarde de ontem com o MARCA BRASIL e garantiu: 'Sabemos que podemos perder para alguém que faça melhor do que nós, mas sabemos que não vamos perder para nós mesmos'.

Entre tantos sentimentos que envolvem o clássico que vale o título contra o arquirrival Palmeiras, o comandante falou sobre suas expectativas para o encontro com Felipão, a possibilidade de uma conquista especial, a dificuldade da eventual frustração e, principalmente, detalhes de sua metodologia de trabalho. Confira:

MARCA BRASIL: Tite, você está a um passo de entrar para o seleto hall dos técnicos campeões brasileiros. Se isso acontecer, você será o melhor técnico do país em 2011?

Tite: Ser o melhor é algo grande. Não vejo assim. Mas estou em um grande momento e fazendo um grande trabalho. No Brasileiro, o meu trabalho está entre os três melhores. Mas daí a ser o melhor, tem que analisar a carreira, a história.

MB:Você se vê merecedor desse título?

T: O Corinthians merece o título (silêncio). Quando falamos em merecimento, falamos da qualidade técnica do plantel, composto por peças de reposição nos diversos setores. Quando falamos em merecimento, falamos no trabalho de uma equipe para deixar os atletas com saúde nos momentos decisivos. Quando eu falo em merecimento, falo no técnico que deu a eles uma coordenação tatica e direcionamento do atleta, que sabe a função que vai exercer em campo. Por todo esse contexto, o Corinthians merece. Mas chegaram a esse momento as duas equipes que tiveram essa força. O Vasco também é muito forte.

MB: Você desconsidera o fator sorte. Apesar das superstições, encara os resultados como frutos do trabalho. Ainda asim, se vê em um momento iluminado?

T: Sim, eu vejo que as coisas conspiram a favor. Parece que elas conspiram para que dêem certo. Tudo isso é fruto de um trabalho, do contexto, de um grupo todo. E aqui há um grupo de trabalho iluminado.

MB: Você já parou para pensar em um eventual tropeço? Qual seria o tamanho dessa frustração?

T: Frustrante vai ser. É uma possibilidade que existe e é real. Não quero que isso aconteça, mas também a vida vai ter que seguir. Não vou morrer por isso. Isso é maturidade. O (Michael) Jordan disse em seu livro que para tantas cestas certas que fez, iguais ou até mais ele errou, perdeu. Ninguém é Super-homem que só tem sucesso, só alegrias, que só supera os outros, que é o melhor, ‘o’ cara. Nós passamos por etapas. O reconhecimento do trabalho já é evidente, mas ele precisa desse título para ser coroado.

MB: Você parece muito confiante com essa conquista. De onde vem essa força?

T: A possibilidade de título já traz esse componente. Na carreira, alguns tu acaba perdendo e isso é inevitável. Mas essa confiança e serenidade é porque sabemos que podemos perder para alguém que faça melhor do que nós, mas sabemos que não vamos perder para nós mesmos pelo nosso grau de mobilização e confiança.

MB: Você deve ter vontade de viver a euforia do torcedor, mas não pode. Como conter essas emoções?

T: Temos que ter o misto de paixão e qualidade, entender o lado do torcedor. Em campo, precisamos de qualidade, desempenho técnico e o dom do nosso trabalho. Aqui vai ter emoção, mas vai ter que ter qualidade para vencermos o Palmeiras. Foi assim que construimos a nossa trajetória. Não tem como ser diferente.

MB:Tite, campeão brasileiro de 2011?

T: Ainda não (pausa e um leve sorriso). Ainda não, ainda não (silêncio).

MB: Mudando de assunto, o time soube sair das dificuldades em diversos momentos neste Brasileiro. Como entender o momento certo de motivar ou de acalmar os atletas?

T: É ‘feeling’, é percepção. É como se tivesse um termômetro para medir a febre e interagir fazendo o fiel da balança. Se ela é pra cima, tenho que trazer para baixo. Se é baixa, tenho que elevar. Dois ou três jogos fizemos um ótimo primeiro tempo, quando cheguei na palestra com o tom de voz lá em cima: ‘Já fui e já perdi essa merd* para esses caras. Cansei! Se continuarmos como no último jogo vamos ser atropelados!’. Teve um Gre-Nal que foi uma lição para mim: estava ganhando de1 a 0 no intervalo sem que o Inter tivesse chutado uma única bola no gol. No intervalo, falei para os atletas tomarem uma água que iria mudar o time de acordo com o que o Muricy (Ramalho) fizesse. O Inter veio, modificou, pressionou, empatou e nós ficamos com a guarda baixa, sem reação. Aprendi essa lição: nunca mais abaixar a guarda. É esse o meu desafio sempre.

MB:Agora é hora de agitar ou acalmar o elenco?

T: No começo da semana não posso agitá-los. Senão até o final de semana eles vão estar loucos. Hoje eles ficaram longe de mim. Tem hora que dou esse passo para trás. O desafio do técnico é fazer esse recuo para que o atleta não saiba o que você está pensando. Depois, na hora de falar com eles, você tem mais consistência. Então, dou o passo atrás no início da semana e, aos poucos, o treinos ganham intensidade.

MB: Você nunca escondeu que gosta do José Mourinho, do Real Madrid. Por quê? Além dele, em quem mais você se inspira?

T: O Mourinho trabalha perfeitamente com essa filosofia do micro-ciclo semanal. Ele fala muito na regeneração psiquica, do trabalho emocional com os atletas. Já a concepção que mais gosto é a de Telê Santana, que hoje é estilo de jogar do Guardiola, de posse de bola e alegria em jogar futebol. Isso motiva mais do que ficar marcando, marcando. Temos que competir quando estamos sem a bola, mas temos que ter alegria com a bola nos pés.

MB: Como é chegar a este jogo decisivo enfrentando o Felipão?

T: Estou disputando um título onde tem um campeão do mundo do outro lado. E independentemente deste momento não ser de proximidade entre nós, ele me ajudou no passado.

MB: Se campeão, espera receber os cumprimentos do Felipão?

T: Não quero me manifestar a esse respeito. A coisa tem que brotar de dentro. É melhor não dar um abraço do que forçar essa abraço. Não se pode fazer uma coisa que não é natural.

MB: Para não confundí-la com o seu trabalho, você evita falar sobre seu lado espiritual. Mas o que a religião representa em sua vida?

T: Eu rezo, vou com a família para ter paz. Quando estou bem, em paz comigo mesmo, consigo enxergar melhor as coisas. É aquela pilastra da saúde, religiosidade, da família e do amor. Quando essas quatro estão em equilíbrio, as coisas vão bem.

MB: Há alguma promessa a ser cumprida com o título, o caminho de Caravaggio...

T: Não queria falar sobre isso (silêncio) Bom, minha filha chegou outro dia e falou: ‘pai, fiz a promessa que vou para Caravaggio’. E completou: ‘eu sei da importância desse jogo e eu vou’. Ai falei para ela: ‘Então eu vou também'. Sem meias palavras, mas eu sou meio maluco com essas coisas. Se formos campeões, não duvido que vou pegar a família na segunda-feira e ir para o Rio Grande do Sul.

Reportagem de Daniel Carmona e Felipe Piccoli

Fonte: Marca Brasil

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