Policiais fizeram revista ilegal em celulares dos torcedores do Corinthians no Maracanã
60 mil visualizações 54 comentários Reportar erro
Por Meu Timão
Presente nas arquibancadas do Maracanã no último domingo, no empate entre Corinthians e Flamengo, o torcedor Kelvin Thiago, dono do canal Corinthians Mil Grau no Youtube, denunciou um abuso de autoridade da polícia militar na ação contra os torcedores do Timão. De acordo com o vlogueiro, os policiais acessaram informações dos celulares dos corinthianos durante a revista pós-jogo.
"Policial revistando celular de todo mundo. Olhando foto, conversa de Whatsapp", contou, durante publicação feita nesta quinta-feira em seu canal.
De acordo com o Artigo 5º, Inciso X da Constituição Federal, "são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação". Somente com uma ordem judicial, portanto, é que os policiais poderiam exigir acesso ao conteúdo dos celulares de um suspeito. Caso contrário, tais provas se tornam ilegais.
Uma alternativa para os policiais seria utilizar as câmeras de segurança do Maracanã. Assim, poderiam identificar os torcedores que de fato agrediram policiais antes do início da partida. Em relação a tais câmeras, contudo, há relato de um funcionário do estádio que denuncia que a polícia solicitou o desligamento do equipamento durante a revista pós-jogo.
"Eu estava lá trabalhando, do lado da torcida do Corinthians, próxima da faixa da Camisa 12 deles. Depois que o jogo acabou, a PM mandou desligar todas as câmeras de segurança do Maracanã e meteram a porrada, bateram muito neles. A PM fez corredor polonês. Usaram soco inglês, meu irmão. Maquinha de choque... Meteram a porrada", diz, em anonimato, o funcionário.
Intimidação
Outro comportamento da polícia citado por Kelvin é a intimidação contra aqueles torcedores que filmavam a ação policial, seja durante a briga que antecedeu o jogo ou a revista que sucedeu a partida. O próprio vlogueiro relatou receio de ter seu equipamento roubado.
"Desde o momento que entrei no estádio, um amigo meu falou que 'o bagulho vai ser louco'. A polícia já havia avisado os torcedores, na revista dos ônibus das organizadas, para tirar crianças e mulheres porque ia dar merda", contou.
"O policial tentou pegar minha câmera e falou 'cuidado com o você está gravando'. No fim do jogo o mesmo policial trocou ideia com o comandante e falou "aquele moleque está gravando". Ali dei minha câmera para uma menina, tirei o cartão de memória e enfiei no meu tênis", completou.
Como consequência da ação policial contra a torcida do Corinthians, 31 torcedores estão presos desde a noite de domingo no Rio de Janeiro. Ao menos um deles tem prova da inocência, conforme relatado pelo Meu Timão, e mesmo assim a Justiça não o liberou.