Recopa, invasão da Fiel no Japão, Carille, La Coruña... Guilherme Torres fala ao Meu Timão
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Por Rodrigo Vessoni
Guilherme Torres está feliz na Europa e não pretende voltar tão cedo ao Brasil. Mas o carinho e o respeito pelo Corinthians seguem intactos desde que deixou o clube na temporada 2014.
Por meio da internet e dos aplicativos que transmitem os campeonatos do Brasil, o volante acompanha o dia a dia do ex-clube, e segue torcendo pelos ex-companheiros. Foi isso que ele deixou claro em entrevista exclusiva ao Meu Timão, concedida durante suas férias no Brasil.
O ex-camisa 19 do Corinthians, que já acertou um novo contrato de quatro anos com o Deportivo La Coruña, também falou sobre o atual momento no Velho Continente, na qual foi eleito pela "Federación Gallega de Fútbol" como o melhor jogador de sua equipe na última temporada.
Guilherme ainda lembrou dos melhores momentos no Parque São Jorge, falou da convivência por quase 20 dias com a Fiel no Japão, relembrou as conquistas do Campeonato Paulista e da Recopa Sul-Americana em 2013, entre outros assuntos.
Confira a entrevista exclusiva na íntegra abaixo
Meu Timão - Como está sua passagem pela Europa?
Guilherme Torres - Eu aprendi muita coisa, mudei muito em relação ao que eu jogava no Brasil. Taticamente é diferente, passei pelo futebol italiano, que é de marcação, e no momento estou no Espanhol, que é um campeonato mais bonito de ver, as equipes tentam jogar da mesma maneira, é um jeito que eu jogo e estou feliz de atuar lá na Europa.
É mais fácil jogar lá ou aqui no Brasil?
Olha, nenhum lugar é fácil. Aqui tem suas cobranças, sua maneira de jogar e lá do mesmo jeito. Os dois lugares são complicado.
O extracampo parece ter uma pressão maior aqui no Brasil...
É mais sossegado, posso dizer pelas equipes que joguei. Quando joguei no Corinthians foi diferente. Quando perde fica mais difícil de sair, fica um clima ruim. Lá fora, não. Saímos para jantar mesmo diante de derrotas. É o jeito dos clubes europeus. Meu pensamento é ficar na Europa, ainda mais agora que eu tive um filho.
Você consegue ver o futebol brasileiro jogando na Espanha?
Eu acompanho por aplicativo, eu gosto de assistir e acompanhar meus colegas.
Como foi chegar após a Libertadores de 2012, e ter o convívio daqueles jogadores?
Eu cheguei feliz, mas um pouco assustado. Eu vinha de um time considerado menor, mas me trataram bem desde que eu cheguei ao hotel. Todos eram bons jogadores, não é à toa que conquistaram vários títulos. Me sinto honrado de ter jogado no Corinthians, ainda mais com as pessoas que jogaram.
Qual a frustração de não ter disputado o Mundial de Clubes pela falta de credenciamento?
Fiquei muito triste, queria estar em campo e poder jogar. Mas o Tite diminuiu muito minha tristeza por ter me levado, e ter dito que eu fazia parte do grupo. Me considero campeão mundial. Tite foi verdadeiro, fiquei feliz com a decisão.
Como foi viver aqueles 15, 20 dias no Japão diante da presença maciça de torcedores do Corinthians?
Vim de um time que não disputava títulos aí, em pouco tempo, fui para um Mundial de Clubes. Cheguei no Japão e vi aquilo tomado por corinthianos. Pensei comigo: "O que é isso? Meu Deus do céu, uma coisa de louco mesmo". É uma coisa inexplicável, só quem esteve ali entenderá o que foi.
O que mais marcou naquela conquista do bicampeonato mundial?
A maior, sem dúvida, foi no embarque. Parecia que eles (torcedores) levariam o ônibus na mão até o Japão. Foi uma coisa de louco mesmo, até o Julio Cesar, que estava há anos e anos no clube, disse que foi a primeira vez que viu aquilo. Foi absurdo mesmo. Chegando lá, ver o estádio todo preto e branco foi bonito demais. Vou contar para meus filhos, meus netos... foi bonito demais.
Em 2013, você foi campeão paulista e campeão da Recopa Sul-Americana. Como foram aquelas conquistas?
Foi muito bom, começar o ano sendo campeão paulista foi muito bom. Mas, claro, como foi titular na Recopa, por estar jogando, o torneio sul-americano valeu mais. Acho que ajudei mais dentro de campo. Então, ainda mais por cima de um rival. Depois daquela Recopa, eu dei conta do recado.
Você conviveu com o Tite. Imaginava que ele chegaria à Seleção Brasileira?
Foi maravilhoso conviver com ele, é um paizão. Ele cobra de todos de forma igual, não importa quem está jogando ou de fora. Ele sempre fala que, quando precisar, tem de estar pronto. O Tite passa sinceridade, é boa pessoa, a gente tem de correr por ele. O Jô passa uma grande fase, tenho certeza que todos podem ajudar todos.
Tem alguma passagem com o Tite que você guarda com carinho?
Uma parte especial foi quando a gente foi campeão da Recopa Sul-Americana, e ele veio me cumprimentar. Eu falei no ouvido dele: "Pode contar comigo". Ele nem falou nada, só olhou no meu olho. Ali entendi que ele entendeu o que eu quis dizer. Depois daquilo comecei a jogar bastante, dei conta do recado.
Você fez parte do time que participou da inauguração do estádio. Como é saber que, após 105 jogos, a equipe tem apenas sete derrotas no estádio?
Claro, você jogar contra o Corinthians é muito difícil, ainda mais preocupado coma a repercussão. Eu já imaginava pela postura da torcida, que apoia os 90 minutos. É difícil mesmo. Torço muito por eles.
Por que perdeu do Figueirense? A perna pesou naquele momento tão importante?
Era um pouco difícil, estávamos todos empolgados, o torcedor e a gente. Fomo afoitos ao pote, infelizmente tomamos um gol. Eu lembro que tive duas chances, quase fiz o gol. Mas faz parte. A derrota não apagou nada.
E o Mano Menezes? Como foi dividir o CT com ele mais uma vez?
É um modelo diferente de trabalhar, joguei o Paulistão, mas pouco o Brasileiro, não convivi muito. É um bom treinador, mas não tenho muito o que falar.
Acha que se desse continuidade ao trabalho no clube, você teria feito até mais sucesso no clube?
Eu seria muito melhor do que eu joguei aquela vez, faltou um pouco de tempo. Mas, com certeza, eu comecei 2014 muito bem, estava confiante, mas acabei saindo. Deus quis que eu não tivesse ali. Eu iria ajudar se tivessem convidado.
Qual sua impressão do atual time do Corinthians em 2017?
O Carille deu outra cara o Corinthians, fui contra o Santos e o São Paulo. O Jadson dá qualidade, Jô faz gols, Pablo, Arana... Gabriel está marcando demais. Estou acompanhando tudo.
Você conviveu com o Carille por muitos meses. O que pode falar sobre ele?
Eu tive uma impressão muito boa, tem bom caráter, é um cara merecedor, vou torcer por ele. Foi o Carille que foi até o Canindé para ver a condição legal e poder jogar.
Vendo do lado de fora dá vontade de jogar na Arena Corinthians?
É bonito, chegou a arrepiar, ver o mosaico, a torcida que não para um minuto. Dá vontade mesmo, mas passou, tenho de me colocar no meu lugar, basta só torcer pelos nossos colegas. Vontade de jogar sempre dá, ali na Arena Corinthians é diferente.