1 em 30 milhões: corinthiano dormiu em praça de Londres e acordou na final da Libertadores-2012
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Por Lucas Faraldo
A história do torcedor alvinegro Anderson dos Santos é daqueles casos em que uma maluquice feita pelo Corinthians é recompensada pela sorte de ser... maluco pelo Corinthians.
É na mesma terra em que se passam as fantasias britânicas Harry Potter e A Fantástica Fábrica de Chocolate que tem início o romance de Anderson com um dos maiores títulos da história do Timão. A exemplo do que acontece nos best-sellers citados acima, parece que foi num passe de mágica que o corinthiano dormiu numa praça em Londres, capital da Inglaterra, e acordou com um ingresso para a final da Copa Libertadores da América de 2012, no estádio do Pacaembu.
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Anderson, desde 2005, mora na Inglaterra, onde trabalha como gerente de contas numa empresa do mercado financeiro. "No meio da campanha do tetracampeonato... Foi difícil largar o time, mas vim", contou, em entrevista concedida ao Meu Timão.
O verbo largar, convenhamos, não foi usado em sua forma literal por Anderson. O corinthiano, afinal de contas, não pensou duas vezes antes de cometer aquilo que considera uma das mais válidas loucuras já feitas pelo Timão: assim que a equipe eliminou o Santos nas semifinais e se classificou para a decisão da Libertadores de 2012, ele comprou passagens de ida e volta para São Paulo, onde queria estar na ocasião da grande final, mesmo sem a menor pretensão de conseguir um ingresso a quase 10 mil quilômetros de distância do Pacaembu.
"Fiquei pagando a passagem por um ano. Queria ir para o Japão (no Mundial de Clubes), mas não dava porque eu ainda estava pagando a passagem para São Paulo", lembrou, entre risos nem um pouco arrependidos.
Anderson, então, deu o famoso "migué" na empresa em que iniciara a trabalhar havia menos de três meses – fingiu que um amigo trabalhava numa empresa aérea e havia descolado passagens a preços imperdíveis para o corinthiano matar a saudade dos parentes no Brasil. A desculpa colou, e a chefia liberou o torcedor para sua viagem de "visita à família".
A relação um tanto quanto astuta com o trabalho, aliás, faz parte do que Anderson chama de adaptação. "Minha vida mudou quando vim para cá, tive que adaptá-la ao Corinthians."
E é justamente por conta de uma dessas adequações que Anderson foi parar na St John’s Garden, praça na região central de Londres, em 28 de junho de 2012. Os leitores mais ligados já perceberam: tal data diz respeito ao dia seguinte do empate de 1 a 1 entre Timão e Boca Juniors, pelo jogo de ida das finais da Libertadores daquele ano.
Por conta da diferença de fuso horário, Anderson se acostumou a tirar breve soneca depois do jantar às quartas-feiras e então ser acordado pelo despertador às 2h da manhã no horário local para assistir às partidas do Corinthians. Foi assim na madrugada daquela quinta-feira. O diferencial ficou por conta do pico de adrenalina motivado pelo gol de Romarinho.
"Quando começa aquela fase de jogos muito importantes fica complicado dormir depois. Qual a chance de conseguir dormir, às 4h daqui, depois daquela partida?", indagou.
Naturalmente, naquele dia, Anderson mal conseguia ficar de olhos abertos na empresa. Assim que o sinal acusou o horário do almoço, o corinthiano pegou suas coisas e foi cochilar na tal praça, localizada próximo de onde trabalha. A hora de sono foi interrompida, porém. Era o telefonema de um amigo brasileiro, também torcedor do Timão.
Novamente em alusão às fantasias britânicas já citadas, foi aqui que Anderson entrou na plataforma 9 ¾ (para os fãs de Harry Potter) ou achou o bilhete dourado (para aqueles que conhecem A Fantástica Fábrica de Chocolate):
"Era um brother meu, o Fabinho, falando que tinha ingresso sobrando para a final. O cara me cobrou o valor normal do ingresso, acho que era R$ 36. O cara era um irmão mesmo, né?" falou, antes de emendar: "Puxa, cara! Meu coração disparou. Perguntei para ele se era zoeira umas três vezes. Aí caí no choro ali mesmo."
No fim das contas, o que seria uma despretensiosa viagem, para estar apenas próximo do Corinthians naquele que se desenhava como um dos dias mais importantes da história do clube, se tornou uma "ponte área" St John’s Garden–Pacaembu.
"Logo que cheguei a São Paulo, pude perceber aquele clima pesado, todo mundo só pensava no jogo entre Corinthians e Boca Juniors: corinthianos e anti-corinthianos", descreveu. "Lá no Pacaembu eu nem sabia como comemorar. Você olhava para o lado e era todo mundo com aquela cara de alívio. São Paulo parecia a Faixa de Gaza. Foi inesquecível."
E, se os internautas aqui do Meu Timão tiveram em algum momento da leitura deste texto um solidário momento de preocupação com a situação de Anderson na Inglaterra, podem ficar tranquilos: o máximo que aconteceu com o torcedor em seu retorno à Terra da Rainha foi ser tachado de louco... pelo Corinthians!
"Deu tudo certo aqui. Não falei muito para o pessoal da chefia, né? Mas alguns colegas de trabalho ficaram sabendo, e me acharam maluco. Muita gente daqui, que me conhece, passou a se interessar pelo Corinthians por causa disso. Não tem coisa igual, né?"
É, Anderson... Sem dúvida, não tem coisa igual.
Sua vez
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