Dono diz que capital da Taunsa é de apenas R$ 5 mil (não R$ 150 milhões) e pede gratuidade à Justiça
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Por Rodrigo Vessoni
Em 2021, o Corinthians anunciou uma parceria com a desconhecida Taunsa Agropecuária. Na época, a empresa dizia ter um capital de R$ 150 milhões e fez parte até do anúncio da chegada de Paulinho. Agora, quase dois anos depois, a empresa diz na Justiça que seu capital é de apenas R$ 5,1 mil e pede gratuidade das custas processuais.
Cleidson Augusto Cruz, proprietário da Taunsa, garante que sofre de hipossuficiência financeira, ou seja, não pode pagar custas processuais para não comprometer o seu sustento. A petição foi assinada pelo seu novo advogado, que assumiu após a desistência do escritório anterior por falta de pagamento.
O portal Meu Timão teve acesso à petição. Segundo o documento, Cleidson diz que os valores que aparecem no seu imposto de renda de anos anteriores não devem ser considerados porque R$ 149.794.900,00 foram colocados no contrato social visando um futuro lucro até março de 2028.
"Não há justificativa para considerar cotas ainda a integralizar como patrimônio do embargante, sendo certo que tal situação será regularizada na declaração do ano calendário de 2023", escreveu o advogado.
Para comprovar a hipossuficiência financeira, Cleidson Augusto Cruz ainda anexou comprovantes de uma conta corrente dele no Banco Bradesco que está bloqueada judicialmente e de outra, recém aberta na Sicoob, instituição finaneira cooperativa, que movimentou apenas R$ 1 mil nos últimos três meses.
Para reafirmar o problema financeiro, o dono da Taunsa diz ainda que a somatória dos seus bens (carros, terrenos e etc), excluindo as cotas da empresa, totalizam R$ 2.304.522,56. Valor, porém, que está comprometido por diversas dívidas.
"É inequívoco que a situação financeira do Embargante é ruim e que não há condições de arcar com as custas processuais sem prejudicar sua subsistência", garantiu o advogado.
Pedido negado
O pedido de gratuidade das custas processuais, porém, foi negado pelo juiz Rodrigo Galvão Medina, da 9ª Vara Cível. "Indefiro o benefício da gratuidade da justiça, uma vez que não vislumbro a presença dos requisitos autorizadores", escreveu o magistrado, que ainda completou:
"No presente caso, o embargante possui patrimônio declarado da ordem de cento e quarenta e nove milhões, trezentos e sessenta e quatro mil, quinhentos e vinte e dois reais e cinquenta e seis centavos (exercício de 2022) o que é incompatível com o benefício pretendido. Diante disso, providencie a parte autora, no prazo de 15 (quinze) dias, o recolhimento das custas processuais, sob pena de cancelamento da distribuição", finalizou.
Duilio Monteiro Alves assumiu o erro
No debate promovido pelo Corinthians na última sexta-feira, o presidente Duilio Monteiro Alves assumiu que foi uma decisaõ dele assinar e divulgar a parceria com a Taunsa antes de receber o dinheiro pelo acordo. O mandatário explicou que os responsáveis pelos departamentos jurídicos e de compliance o alertaram para que esperasse o pagamento.
"Apareceu (a Taunsa). Nosso jurídico levantou, fizemos o contrato e acabamos não recebendo antecipado como era previsto (...) Não tínhamos ainda recebido a primeira parcela, teria a apresentação (do Paulinho) e tínhamos a opção de fazer com eles ou não. Temos hoje um crédito de muitos milhões na Justiça", iniciou Duilio.
"Não foi para não fechar o contrato. No momento da apresentação, o dinheiro ainda não havia entrado, tínhamos pedido um pagamento antecipado. O dono da empresa esteve conosco, mostrou algumas garantias bancárias, pois ele estava com problemas para trazer o dinheiro de fora, e chegou o dia da apresentação e não havia entrado ainda. Foi uma decisão minha, tinha a opção de fazer tudo que estava pronto e ter o risco de receber ou não o dinheiro, mesmo com os contratos e garantidas assinadas, que é o que está sendo feito. Existe um risco. Fizemos um recebimento antecipado por não conhecer a empresa e a pessoa. Eu tomei a decisão na hora de fazer e, se ele não pagar, temos o contrato, assim como qualquer outro patrocinador. Ficamos dois jogos com eles na camisa. O que ele vai pagar vale muito mais que isso e está sendo feito na Justiça. Tenho a esperança de receber, mas não está nas contas do clube (mesmo pelo histórico da empresa). Tudo é responsabilidade minha, em tudo feito nesses três anos. Eu não assino um contrato sem a autorização, o carimbo e aprovação do jurídico. O Paulinho já estava contratado, só foi contratado em cima de um caminhão e íamos receber R$ 30 milhões para chegar assim e não em um carro. Se eles não pagassem, a gente corta", finalizou.
O caso Taunsa
O patrocínio entre Corinthians e Taunsa foi firmado em 2021. O valor total seria de R$ 28,8 milhões, sendo R$ 20 milhões pela campanha de repatriação do volante Paulinho e outros R$ 8,8 milhões pelo patrocínio em si. O Timão nunca recebeu e suspendeu a parceria em abril de 2022.
No momento, a Taunsa teria que pagar R$ 24.728.857,50 referente aos encargos por Paulinho. Também foi acrescido R$ 1 milhão de honorários aos advogados do Corinthians, já os R$ 8,8 milhões foram cancelados. O valor pode aumentar por causa de juros e correções monetárias.
A ação movida pelo Corinthians iniciou em dezembro de 2022. Na época, foi veiculado que a empresa teria que pagar, ao todo, R$ 26.728.857,50. Importante destacar que, mesmo com o calote da empresa, o clube garante que Paulinho tem recebido todos os pagamentos em dia normalmente.