Fábio Hulk
Excelente tópico, Douglas. Sobre o pagamento da Arena ainda acredito que a diretoria tem alguma carta na manga, não é possível que eles estejam comendo bola, com uma divida como essa do estádio e a diretoria ainda se recusa a fazer shows, cede a arena pra olimpiadas sem custo, não explora os tours para passeios, não abaixa valores para O NR, venda dos CIDS e venda de camarotes. Caramba se estou com uma divida monstra como essa qualquer dinheiro que entra é Bem vinda. Mas como disse nossa diretoria não pensa assim e acho muito difícil que isso seja inércia, até porque vi uma entrevista do Damião Garcia dizendo que fez proposta de 400 milhões pelos NR, que foi recusado pela diretoria.
Por isso acredito que a diretoria tem algumas cartas na manga. Mas é só minha opinião. Parabéns pelo tópico
em Bate-Papo da Torcida > Análise Econômico-Financeira 2015 - Corinthians
Em resposta ao tópico:
Bom dia pessoal.
Acabo de receber a Análise Econômico-Financeira dos Clubes de Futebol Brasileiros, baseado nos dados reais do ano de 2015. Este estudo é realizado anualmente pelo Itaú e revela como os clubes se comportaram financeiramente no último ano.
Através dele, podemos entender algumas situações que andam ocorrendo no clube, como venda de jogadores e o baixo investimento em contratações.
Se você não gosta deste tipo de análise financeira, leia pelo menos a conclusão, para se situar um pouco mais sobre o momento que o clube passa.
- Receitas:
O Corinthians apresentou crescimento de 16% nas Receitas, com bom desempenho em praticamente todas as linhas. Os Direitos de TV cresceram 12%, a Venda de Direitos Econômicos saltou 26% e o destaque foi a parcela de Sócios Torcedores cuja receita entrou no caixa do clube e não foi revertida em ingressos nos jogos.
A TV ainda representa a maior parte das Receitas (41%).
- Geração de Caixa:
Operacionalmente o desempenho de 2015 foi melhor que o de 2014. Ainda que os Custos e Despesas tenha crescido (+ 4%) ficaram abaixo da variação das Receitas e isso permitiu que a geração de caixa fosse melhor, ainda que abaixo das possibilidades apresentadas em outros anos. Lembrando que 2013 foi o último ano onde a Receita integral da Bilheteria ficou com o Clube.
- Custos e Despesas:
Positivamente a Folha de Pagamentos é comportada e fica abaixo de 50% das Receitas. Entretanto, há uma conta chamada “Serviços de Terceiros” que tem valor relevante – chegou a R$ 43 milhões em 2015 – que não tem detalhamento e está considerada em Outras. Se houver associação com Folha de Pagamento, a relação com as Receitas sobe para 67%, ainda assim dentro do permitido pelo Profut.
- Fluxo de Caixa:
Apesar da geração de caixa positiva, o clube precisou de Adiantamentos de TV na composição do caixa. Foram R$ 31 milhões.
Em termos de contas de giro, houve saída de R$ 15 milhões, em diversas contas, que vão do financiamento da venda de atletas, passando por direitos de imagem, entre outras movimentações.
Os investimentos foram bem mais modestos que os apresentados em 2014. A Base saiu de R$ 27 milhões para R$ 7 milhões, enquanto o Profissional recebeu R$ 14 milhões em aquisições de atletas.
Algumas dívidas cresceram muito. Vale ressaltar que apesar de parte das necessidades de caixa terem sido supridas com Adiantamentos de TV, o clube pagou R$ 41 milhões em Despesas Financeiras e investiu R$ 15 milhões em Estrutura física. Logo, houve necessidade de aumentar as Dívidas Bancárias, para fechar a conta.
Nos Impostos o salto representa a adesão ao Profut.
- Conclusão:
A conta do estádio chegou.
Em algum momento a conta do estádio chegaria. E de fato, ela já se apresentou. E será mais dura a cada ano.
O clube está abrindo mão de cerca de R$ 90 milhões* anuais em receitas de Bilheteria e propriedades do estádio que estão sendo direcionadas para o pagamento das dívidas de construção do estádio. Isto faz muita falta. Toda a folga operacional que o clube mostrou em 2012 e 2013 foi perdida e a geração de caixa caiu a níveis incompatíveis com o porte do clube. Para piorar a situação, a partir de 2016 ocorrerão pagamentos mais significativos de principal e juros dos financiamentos, que somam cerca de R$ 120 milhões anuais, conforme divulgado pela imprensa*. Ou seja, há um déficit potencial de cerca de R$ 30 milhões que precisam ser pagos pelo Clube.
O fato é que com menor poder financeiro, há restrições de investimentos. Com a necessidade de aumentar o endividamento e receber adiantamentos de TV para fechar as contas, as Despesas Financeiras cresceram absurdamente e isso também colabora para deteriorar ainda mais a situação.
Resultado: o clube foi Campeão Brasileiro, a despeito disso. Mas teve que abrir mão de grande parte do elenco no início de 2016 para restringir a saída de caixa, pois nesse ano as contas do estádio causarão novos danos ao caixa do clube.
Mas veja que os Investimentos em 2015 já foram bastante modestos e devem repetir a dose em 2016 e enquanto durar o estoque de dívida do estádio.
A situação não é nada confortável, e o clube precisa manter os pés no chão, controlar ainda mais os gastos e contar com o incremento de Receitas da TV, que terá crescimento em 2016, para fechar essa conta.
E ainda terá que se manter disputando os campeonatos com chance de conquistas para que sobre receita para pagar o Estádio. A vida não está fácil pelos lados da Zona Leste de São Paulo.
É isso pessoal. Espero que isso tenha ajudado a entender um pouco mais o momento complicado em que o clube se encontra.
O que nos resta é fazer o que mais sabemos: apoiar sempre!
VAI CORINTHIANS!