Døuglas Sccp
Admiro o Mauro Cezar, sempre coerente, Me espanta vê pessoas chamando ele de clubista, é um dos que mais mete o pau nos mulambos.
em Bate-Papo da Torcida > Mauro Cezar Pereira e a realidade do Corinthians
Em resposta ao tópico:
Estava pensando em escrever um texto sobre a situação atual do Timão, e me deparei com este comentário bastante pertinente na ESPN, senhores:
Sei que o estilo do Mauro Cezar Pereira não agrada a muita gente, mas poucos jornalistas são tão coerentes como ele em suas opiniões e análises.
Concordo com tudo o que ele disse, e insiro abaixo minha reflexão:
Resolvi postar o link com o vídeo porque recentemente tenho visto muita gente criticando o Carille de forma exagerada por aqui. Geralmente são pessoas que amam demais, não ao clube, mas a si mesmas. Explico: O futebol é mesmo um reflexo da sociedade em que vivemos. Muitas pessoas projetam no futebol seus sucessos e fracassos. Se o time vai bem, ficam orgulhosas de si mesmas por serem Corinthianas, e querem que todos vejam sua felicidade, principalmente através das redes sociais. O time ganhou, essas pessoas ganharam, são campeãs. Contudo, quando o time perde, tais indivíduos não sabem o que fazer socialmente. Alguém tem que responder por 'seu fracasso'. São tão egoístas que não conseguem enxergar a realidade das coisas, o momento atual e extremamente difícil do clube, as limitações técnicas que nosso elenco possui e como nossas finanças estarão comprometidas a médio e muito possivelmente, longo prazo. Não conseguem aceitar a realidade.
Realidade que pode se traduzir em jejum, sim. Não só pelas nossas limitações, mas pelos méritos dos adversários também.
Realidade que não vai deixar de existir se o Carille colocar o Pedrinho em campo e ele dar alguns dribles a mais e fizer a diferença em um jogo ou dois, massageando assim o ego daqueles que vão dizer 'não falei? '. Satisfação tão volúvel que pode facilmente se transformar em indignação e provavelmente queimar o talento do garoto quando pedirem a cabeça dele por ocasião de um drible mal-sucedido e uma eliminação decorrente de um contra-ataque gerado por sua jogada de efeito e falta de disciplina tática. Vejam bem, a questão aqui não é a competência do Carille ou o talento do guri já que todo mundo sabe que ambos possuem tais competências - mas sim o sucesso e a vergonha do 'torcedor'.
O que separa hoje o Corinthians de vários times quebrados e completamente sem rumo no Brasil é a identidade - na forma de jogar, na gestão (que sim, ainda que com muitas ressalvas, funciona em meio ao caos), e principalmente em algo que nunca perdeu, mas que se moldou aos tempos atuais e à realidade do clube: na participação da torcida.
E é dela que o Timão depende mais.
Não da que representa a atual sociedade do espetáculo, das selfies que simbolizam egocentrismo, de gente mimada se acha no direito ficar tacando amendoim (perdoem-me a figura de linguagem que faz referência aos nossos amigos alviverdes) ou de encher o saco do Carille na beira do campo como também fizeram com o Mano anteriormente, não daquela que entende que cobrar vitórias e títulos pelo caro ingresso que pagou ignorando a realidade é o que significa ser torcedor. Não é dessa que o Timão precisa, pois essa, inadvertidamente, joga contra o time.
O Corinthians precisa de sua FIEL torcida, que faz da Arena a casa do povo e causa temor nos adversários, que se envolve com o time, que se expressa de modo fantástico na felicidade, tristeza ou indignação, mas com sensatez.
Faça-se ouvir, fiel torcedor.