Lucas Souza
DESRESPEITANDO O POVO TORCEDOR
Esses cartolas e pseudoatletas magnatas precisam de aulas de corinthianismo, de banho de povo e, obviamente, de vergonha na cara.
O trabalhador rala muito para adquirir um ingresso no futebol moderno. E gasta mais ainda com uma camisa do time, com o transporte, com o alimento precário na porta do estádio.
Faz esse sacrifício para honrar um amor centenário, para celebrar uma parceria de mais de 108 anos. E isso ocorre de norte a sul, de leste a oeste, deste país.
Da arquibancada, no entanto, assistem frequentemente a este teatro de barbaridades que é o atual time mosqueteiro.
Esta noite, as vítimas foram as irmãs e irmãos do Ceará e de Estados vizinhos.
Em campo, viram um catadão confuso e pouco inspirado. Foi o que restou dos desmanches absurdos promovido por Andrés Sanchez, o dono da vitrine do Parque São Jorge, onde os agentes mandam e desmandam em busca do lucro fácil.
A equipe enfraquecida sofre ainda mais nas mãos de um técnico ainda inexperiente e incapaz de lidar com a escassez de talentos.
Que dizer do atrapalhado Loss? É provável que nem mesmo um Guardiola daria jeito na equipe depois dos alegres feirões de atletas promovidos por Andrés e sua turma.
Os cartolas e atletas, pouco alarmados com a derrota, jantarão pratos caros, dormirão em camas macias e viverão bons momentos nesta passagem pelo Nordeste, trocando piadas e anedotas.
O povo trabalhador, no entanto, que sustenta todas essas mordomias, lamentará mais essa derrota, não terá um júbilo para minimizar as agruras do cotidiano.
Nesta noite, os espertos viverão no conforto, curtindo suas fortunas e prazeres. O corinthiano vai chorar a ruína do futebol, um dos poucos alentos desta vida.