Há exatos dez anos, pouco depois de se despedir de Ronaldo Fenômeno, o Corinthians apresentava Adriano Imperador como reforço para a equipe . Dentro de campo, no entanto, a passagem foi muito discreta.
Em quase um ano como atleta do Corinthians, Adriano entrou em campo em oito oportunidades e marcou dois gols. Em entrevista ao GloboEsporte.com, Luis Paulo Rosenberg, ex-diretor de marketing do clube, afirmou que o impacto midiático não chegou nem perto do que Ronaldo causou quando foi anunciado pela equipe.
"A contratação do Adriano não tem nada a ver com a do Ronaldo. Era um cenário totalmente diferente. A gente estava rico na época, todo mundo queria jogar no Corinthians! Era bem diferente de aceitar o desafio de jogar num clube recém-promovido da Série B", disse o ex-diretor, que ainda afirmou o impacto de Zizao nas mídias do clube foi maior do que a do Imperador.
Adriano ainda sofreu com uma lesão pouco tempo após sua chegada à equipe do Parque São Jorge. Sem nunca ter passado por um processo daquele em sua carreira, o ex-fisioterapeuta do Timão, Bruno Mazziotti, afirmou ao GE que o atacante passou por uma guerra mental e que faltou disciplina para manter o nível de recuperação.
Foram seis meses afastado pela lesão no tendão de Aquiles e outras 67 faltas a treinos da equipe. As ausências opcionais geraram multa de recolhimento de parte do salário do atacante, que recebia R$ 380 mil por mês.
As situações, somadas à falta de condicionamento físico do atleta, incomodaram o técnico Tite. O treinador revelou que ele e o preparado físico Fábio Mahseredjian teriam ficado com vergonha quando Adriano marcou o gol contra o Atlético-MG, importante para o título brasileiro de 2011, e tirou a camisa, mostrando estar acima do peso.
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Apesar disso, Adriano também deixou uma marca positiva para seus ex-companheiros de equipe. Chicão e o ex-técnico Fábio Carille, que na época era auxiliar de Tite, contaram bastidores do jogador no CT.
"Era um cara de coração enorme, muito querido no CT, sempre disposto a ajudar. Adriano só foi ruim para ele mesmo. Foi uma convivência bem legal. Mas o que me marcou foi a bondade dele, o coração dele", afirmou Fábio Carille, que hoje comanda o Al-Ittihad, da Arábia Saudita.
"Ele era muito gente boa, fazia mal para ele só, aquela coisa de chegar atrasado. Tinha um coração enorme, queria ajudar todo mundo. Fazia mal para ele, mas se preocupava muito com os outros. Uma pena o que aconteceu com ele. Merecia muito mais no futebol", disse Chicão.
Multicampeão pelo Corinthians, o lateral-esquerdo Fábio Santos relembrou um episódio que aconteceu durante um treino no CT e que marcou a consideração e respeito que o elenco tinha por Adriano.
"A gente estava na pré-temporada. Todo mundo tinha terminado o trabalho físico e ele precisava fazer um trote a mais a mando do preparador físico. E ele já estava cansado pra caramba. Aí o cara falou: "Só mais duas voltinhas". Lembro que todo mundo falou: "Pô, então todo mundo vai fazer contigo". Aí todo mundo levantou e fez o trabalho com ele. Foi maneiro que ele conseguiu fazer e foi uma coisa que marcou no grupo", lembrou o lateral Fábio Santos.