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A temporada do Corinthians está sobre pilares de areia
Jorge Freitas

Colunista esportivo do portal 'No Ângulo', este internacionalista é mais um louco do bando e busca analisar o Timão com comprometimento com a realidade e as necessidades do maior clube do planeta.

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A temporada do Corinthians está sobre pilares de areia

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A temporada do Corinthians está sobre pilares de areia

Oásis de criatividade, mas com capacidade física limitada, Renato Augusto pode fazer menos do que se exige dele em toda a temporada corinthiana

Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

O início da temporada tem prometido dias sofríveis ao torcedor corinthiano. Depois de empatar com o pior (penúltimo na classificação geral) do Campeonato Paulista num jogo absolutamente morno e sem conseguir sequer balançar as redes do adversário, o Timão tem mostrado que a construção da temporada vem sendo feita de maneira irresponsável, como se em pilares de areia esperando uma pequena subida do mar para ser derrubada.

Desde a escolha pelo novo técnico até a contratação e a não-contratação de jogadores, tudo no Corinhtians indica um aparente retrocesso ao crescimento que tivemos desde 2021, quando nomes como Roger Guedes, Renato Augusto e Giuliano chegaram.

O fato é que o elenco do Corinthians segue bastante desequilibrado e extramente dependente de algumas peças. A começar pelas laterais, com Fabio Santos e Fagner mais uma vez sem substitutos à altura e com idade cada vez mais avançada para uma temporada que promete ser mais longa e disputada que a do ano anterior.

Além disso, a extrema dependência de Renato Augusto preocupa demais. Ontem, contra a limitada Portuguesa, bastou que Gilson Kleina fortalecesse a marcação no camisa 8 para que o Corinthians sofresse na armação da jogada. Contra o São Bernardo, sem o craque, foi ainda pior. O que esperar quando a temporada se intensificar e tivermos jogos contra times da Elite de maneira simultânea em Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil?

A dura realidade é que o Corinthians não possui mais centro de inteligência capaz de encontrar novos jogadores, o que deixa a instituição à mercê de empresários ou nomes consagrados (e por consequência, caros). Há quanto tempo o clube não traz um grande jogador promissor pelas próprias pernas?

Fausto Vera, ótima contratação surpresa do ano passado, foi indicado por Vitor Pereira. O restante vem apenas pelo óbvio, pois não existe, no maior clube da América Latina, competência e inteligência para descobrir jogadores promissores tanto nos clubes do interior quanto nos menores da América Latina.

E isso reflete diretamente nos nomes que chegaram para este ano. Romero voltou por ser um ex-jogador do clube e, mais velho que antes, deve deixar ainda mais nítida a sua falta de intimidade com a bola. Sobre Matheus Bidu, ainda é cedo para avaliar, mas é um grande risco por ter Fabio Santos idade avançada, o que pode resultar em uma sequência importante da temporada sem nosso principal lateral. Bidu é de confiança e dará conta na substituição?

A falta de um centro de inteligência é causa também do retorno de Balbuena, bem abaixo do que jogou em sua primeira passagem. É difícil de acreditar que o zagueiro tenha perdido sua qualidade. O mais óbvio é que se destacou quando jogou em um time totalmente reativo e defensivo, protegido por outros 9 jogadores que se desdobravam na marcação e facilitavam a vida tanto dele quanto de seu colega, Pablo.

Hoje, com uma proposta mais ofensiva e com nomes como Roger Guedes dando menos do que deveria na marcação, os defeitos do zagueiro estão expostos e sua titularidade pode, naturalmente, ser bastante questionada. Não por acaso, a mesma fase ruim tem passado seu colega Pablo, cuja contratação pelo Flamengo foi bastante badalada, mas não consegue se destacar no ofensivo Flamengo.

Outro fato que tem sido levantado em areia é a confiança em jogadores como Roger Guedes, Adson e Roni. Tudo é naturalmente mais fácil no Campeonato Paulista. Os adversários são piores, a exigência é menor. Embora tenha qualidade para vestir a camisa do Timão, o camisa 10 foi praticamente força nula nas finais contra o Flamengo no ano passado, a ponto de perder um gol literalmente debaixo das traves em uma das poucas vezes que apareceu para o jogo, além de não apresentar muito comprometimento quando o assunto é marcação. Vai deixar os companheiros na fogueira quando a temporada apertar e a parte física se abater?

Já Adson e Roni são provas de como a base corinthiana está infestada por um vírus que corroi o clube e não permite que se forme jogadores além do que chamamos de "esforçados". Hoje, é ilusão imaginar que ambos farão boa temporada apenas por terem ido bem em alguns jogos desse sofrível Campeonato Paulista.

Já sobre o comando, mesmo acreditando que Fernando Lazaro não seja o nome certo para comandar um clube do tamanho do Corinthians (poderá vir a ser depois de bons trabalhos em clubes menores, mas não agora), é difícil criticar o treinador que aceitou a missão de se virar e fazer um time competitivo com um elenco desequilbrado e com uma diretoria absurdamente amadora. Até porque, com exceção da dupla de goleiros, falta tudo para o Corinthians ser elenco a nível de conquistas da série A e não podemos jogar a culpa nas costas do treinador, mas sim de quem o efetivou.

Com tudo isso, meu maior receio é que um eventual título do Paulistão (que não é difícil, haja vista ser o Palmeiras o único rival forte no campeonato) iluda a torcida e esconda as falhas do elenco e os erros da diretoria. Ou pior, um vice-campeonato disputado "de igual para a igual" em ambos os jogos com a falsa sensação que dá para disputar os principais torneios contra os times mais fortes do país.

Ou seja, mesmo que o castelo construído até março seja lindo e tenha uma bandeira no topo, já está sobre pilares de areia. E uma hora, se não corrigido, certamente cairá. Resta saber quando e qual o tamanho da onda.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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