Um resultado enganoso que vai além dos 90 minutos
Opinião de Jorge Freitas
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Quem olha o elenco de Corinthians e São Paulo não tem dúvida que há uma clara diferença de qualidade entre eles. Com Renato Augusto, Roger Guedes, Yuri Alberto, Cassio e outros bons jogadores, o Timão está indiscutivelmente acima do rival, não somente nos 11 iniciais, mas também nas possibilidades de substituições.
Mesmo assim, o jogo dessa terça-feira não demonstrou essa disparidade em campo. Ao contrário, foi o São Paulo quem dominou praticamente toda a partida, teve a posse de bola, criou chances de gol, mas, por dessas coisas que o futebol ama propiciar, acabou derrotado com duas bolas magníficas do melhor jogador dentre todos de ambos os elencos somados.
Uma vitória que, em termos resultadistas, dá tranquilidade à equipe técnica do Corinthians, mas que deveria servir de alerta para uma necessidade que urge no clube, estampada principalmente pela péssima classificação da equipe no Campeonato Brasileiro.
Hoje, o time treinado por Vanderlei Luxemburgo é literalmente uma bagunça, sem esquema tático definido, sem profundidade, sem triangulação, com excesso de lançamento pelos zagueiros (que sorte que Caio Paulista falhou em um deles), com buracos no meio de campo, defesa desprotegida e atacantes que praticamente não recebem a bola em condição de finalização.
Ontem, durante uma semifinal de Copa do Brasil dentro de casa, o Corinthians chegou a ter apenas 40% de posse de bola e precisou de mais de meia hora de jogo para finalizar pela primeira vez à meta rival. A renatodependência gritou mais que nunca nesta terça-feira, o que escancara o péssimo planejamento corinthiano que depende, pelo menos há um ano e meio, de um craque com condições físicas instáveis.
Por isso, esse jogo de ontem vai além dos 90 minutos mais acréscimos que ficaram dentro do gramado da Neo Química Arena. Nesta terça-feira, ficou escancarada ainda mais a falta de planejamento e de conhecimento da diretoria corinthiana que, sem Vitor Pereira, preferiu efetivar Fernando Lázaro a buscar o atual campeão da Libertadores da América e da Copa do Brasil, Dorival Jr., para o comando da equipe nesta temporada.
É importante lembrar que Dorival ficou quase quatro meses completos desempregado enquanto o Timão era mau treinado por Lázaro e que chegou a perder uma intertemporada pós-eliminação pelo Paulista com o interino efetivado enquanto podia ter buscado um nome de maior peso e qualidade para comandar o Timão.
Já Dorival, que de pronto aceitou a proposta do rival, chegou em um time desacreditado, que certamente brigaria para não cair com o ex-goleiro no comando técnico, mas que está agora na parte de cima da tabela do Brasileirão, na semifinal da Copa do Brasil e nas oitavas da Sulamericana. Sim, o Corinthians também está tanto na semi da copa nacional quanto nas oitavas da internacional, mas foi eliminado com uma rodada de antecedência na Libertadores e chegou às semis passando por um time da Série D, um da Série A em fase ruim com time misto no jogo da volta, e outro que era o lanterna do Brasileirão.
Detalhe: sempre com sufoco.
Isso tudo sem falar no Brasileirão, pelo qual aparentemente sofreremos até o fim.
Enfim, ontem o jogo foi bem além dos 90 minutos. Ficou ainda mais clara a diferença entre comando técnico, entre um treinador que conquistou dois títulos gigantes na última temporada contra um que vive de história. O resultado, é inegável, saiu muito melhor que o desempenho.
Estamos vivos na temporada pela Fiel. Porque se fosse pela diretoria, tudo seria ainda pior.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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