O exemplo de D'Alessandro
Opinião de Lucas Faraldo
62 mil visualizações 97 comentários Comunicar erro
Dez anos depois, quem diria? D'Alessandro deu um exemplo daqueles para torcedores não só do Internacional, onde é ídolo, ou do Grêmio, onde certamente é persona non grata. Mas para corinthianos, palmeirenses, flamenguistas, vascaínos, atleticanos, cruzeirenses...
Primeiro cabe registrar que, para torcedores do Corinthians, é invariavelmente estranho associar D'Alessandro a um bom exemplo de... rivalidade saudável. O argentino, há dez temporadas, protagonizava patética tentativa de briga na final da Copa do Brasil vencida pelo Timão, quando, de punhos em riste, perseguiu o corinthiano William, autor da mais bela resposta que alguém poderia dar naquela situação – "fugiu" rindo e trotando de costas.
Ainda que cenas como essa venham à tona para muita gente quando o assunto é D'Alessandro, vale olhar um outro lado do polêmico ídolo colorado.
No último sábado, durante a terceira edição de seu evento beneficente anual, o Lance de Craque, o jogador de 38 anos, altamente identificado com o Internacional, abraçou e tirou foto com um torcedor gremista nas arquibancadas do Beira-Rio. A cena é digna de elogios.
Torcedor: eu sou gremista...
— Esporte Interativo (@Esp_Interativo) December 22, 2019
D'Alessandro: não tem problema.
RESPEITO! 👏👏👏 pic.twitter.com/8qQcPWUveT
Em tempos de torcida única não só se consolidando em clássicos estaduais como se espalhando Brasil afora, de polarização, de ânimos aflorados em todo o mundo, dentro ou fora dos estádios de futebol... É muito importante assistir a cenas como essa protagonizada por D'Alessandro, atendendo um gremista que, por si só, já se fazia também protagonista de outra bela cena: a de um pontinho azul num tolerante e pacífico mar de gente colorada.
É claro que a rivalidade é das coisas mais legais do futebol. Corinthians e Palmeiras que o digam! Mas é necessário separar as coisas. Brigas como as protagonizadas nos últimos anos por Felipe Melo e Clayson, por exemplo, ou por torcidas dos dois times em diversos lugares de diferentes cidades, geram, direta ou indiretamente, mais violência. Mortes. Estímulo burro à violência num momento em que deveríamos clamar por paz, por empatia.
Valeu, D'Alessandro! Que cenas como essa se façam comuns não só no Beira-Rio. Estão ávidos por exemplos assim Arena Corinthians, Allianz Parque, Morumbi, Vila Belmiro, Maracanã, Mineirão... Quem sabe não seja um caminho para, em algum momento da história, revertermos juntos medidas como a da torcida única sustentada pelo poder público – ou tantas outras atrocidades com ares autoritários também ventiladas por autoridades contra nós, torcedores e cidadãos.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
Avalie esta coluna
Veja mais posts do Lucas Faraldo
- Pra além da bomba, Rojas dá recado ao Corinthians
- Os dois diferentes perfis de reforços que Corinthians tenta contratar para 2024
- Corinthians encaminha três boas contratações. Mas torcedor se preocupa com razão
- Um motivo pra acreditar nos três 'bagres fake' do Corinthians para 2024
- Corinthians enfim acerta na busca por reforços com Augusto Melo
- Por que Augusto se revoltou com anúncio de Duilio do novo patrocínio do Corinthians