Seguidos por milhões, por que nossos ídolos se calam?
Opinião de Lucas Faraldo
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Por que jogadores de futebol no Brasil quase nunca reagem publicamente a mortes (ou injustiças de forma geral) decorrentes de problemas crônicos da nossa sociedade?
Em tempos de bola parada, fica mais fácil enxergar o papel extracampo do futebol:
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Tudo isso são notícias apenas do mês de maio. E olha o tanto de coisa – geralmente ficam perdidas no noticiário em meio aos conteúdos de futebol.
Os clubes vêm fazendo sua parte. Uns mais, outros menos, mas creio que cada vez mais.
E os jogadores? Pra citar exemplo mais recente: o ex-quarterback da NFL Colin Kaepernick ofereceu pagar advogados para manifestantes presos durantes os protestos que literalmente incendeiam os Estados Unidos pela morte de George Floyd, causada por um policial branco. Em 2016, ele já havia protestado fortalecendo o movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam), contra injustiça racial – problema crônico e com particularidades nos EUA.
Se hoje é tão comum criticarmos influenciadores digitais fúteis que não agregam nada e mesmo assim servem de exemplo pra tanta gente, por que, no país do futebol, nossos ídolos não são questionados sobre a responsabilidade de serem seguidos por milhões de brasileiros?
Por que nesse mesmo mês de maio praticamente nenhum jogador brasileiro usou sequer as redes sociais pra questionar a política pública por trás da morte do menino João Pedro? A mesma política pública responsável por matar a menina Ágatha, o músico Evaldo (vítima dos 80 tiros), os nove jovens de Paraisópolis, os milhares de doentes vítimas da covid-19 e reféns de um sistema público de saúde falido... São problemas crônicos da nossa sociedade.
"Imagina se um grande jogador de futebol, o Neymar, posta toda semana uma dica de livro no Instagram dele. Seria o livro mais lido do mundo. Mas não, ele tem outras prioridades", disse Gustavinho Lima, ex-camisa 10 do basquete corinthiano, em entrevista ao Meu Timão nesta semana.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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