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Técnico da seleção uruguaia, reforços e um Corinthians sem planejamento
Lucas Faraldo

Editor e apresentador no canal do Meu Timão no YouTube

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Técnico da seleção uruguaia, reforços e um Corinthians sem planejamento

Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Análise de Lucas Faraldo

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Técnico da seleção uruguaia, reforços e um Corinthians sem planejamento

Com Tabárez à frente desde 2006, Uruguai ostenta o planejamento que falta ao Corinthians

Foto: Divulgação/AUF

"Foi uma estreia absoluta. Ele joga na sub-20 do Uruguai, é capitão e mostrou, como sempre passa com os talentos, que parece ter mais idade do que realmente tem, porque mostra um nível de experiência que não condiz com o tempo de desenvolvimento do futebol. Essas coisas são importantes porque agregam ao potencial da equipe e às opções de novos jogadores."

A fala acima foi dita pelo treinador (e ex-zagueiro) da seleção uruguaia Óscar Tabárez, sobre o também zagueiro Bruno Méndez, minutos depois de promover a estreia do garoto com a camisa celeste, em 2018, num amistoso contra o Brasil, em Londres.

Passados quase dois anos, o ainda talentoso e hoje corinthiano Bruno Méndez não apareceu hoje entre os convocados de Tabárez para as primeiras rodadas das Eliminatórias da Copa de 2022. Não poderia ser diferente: a carreira do zagueiro estagnou.

Em suas duas primeiras temporadas desde que chegou ao CT Joaquim Grava, Bruno Méndez soma oito jogos oficiais como titular. Ele havia disputado 23 dessas partidas no Montevideo Wanderers somente em 2018, ano em que encheu os olhos de Tabárez.

Últimas três temporadas de Bruno Méndez (ex-capitão da seleção uruguaia sub-20):

  • 2018: 23 jogos como titular (no Montevideo Wanderers)
  • 2019: 5 jogos como titular (no Corinthians)
  • 2020: 3 jogos como titular (no Corinthians)

Essa história (incluindo a declaração de dois anos atrás de Tabárez) simboliza um problema que caminha ao lado da perda de protagonismo do Corinthians a nível nacional: o clube outro dia heptacampeão brasileiro é agora uma máquina de triturar seus próprios jogadores.

Lembram quando o técnico da seleção uruguaia disse que as qualidades de um talentoso jogador como Méndez "são importantes porque agregam ao potencial da equipe"? Foi assim no título brasileiro de 2017 com jogadores de nível de seleção (de base ou profissional) como Cássio, Fagner, Balbuena, Guilherme Arana, Maycon, Romero, Jô...

Passado o hepta, porém, o Corinthians definhou. Em três anos ainda incompletos, já ficaram para trás Fábio Carille, Osmar Loss, Jair Ventura, Fábio Carille de novo, Dyego Coelho, Tiago Nunes e agora Dyego Coelho de novo. O presidente Andrés Sanchez busca agora um nome para dar início ao oitavo trabalho diferente de um técnico na atual gestão (!).

Faz tempo! Araos estreou pelo Corinthians sob comando de Osmar Loss

Faz tempo! Araos estreou pelo Corinthians sob comando de Osmar Loss

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Em meio a muita contratação ruim e inexplicável no pacotão de 37 reforços da atual "era Andrés", há muita gente minimamente boa que não conseguiu engrenar. Juntam-se a Bruno Méndez os também reforços Mateus Vital, Douglas (o volante), Ángelo Araos, Sérgio Diaz, Sornoza, Boselli, Luan, Cantillo, Éderson, Yony González, Jô e agora Otero e Cazares.

E não sou eu que defino esses como "bons" nomes. Todos os citados têm passagens pelas seleções de seus países (na base e/ou no profissional). E nenhum deles realmente vingou em terras alvinegras até aqui. Parte deles já até se foi.

O Corinthians hoje desvaloriza seus próprios ativos. Bruno Méndez custou R$ 18,5 milhões por 70% dos direitos econômicos; Araos, R$ 24 milhões por 100% (confiram o documento do próprio clube abaixo). O próprio Luan, contratado mais recentemente e cujo valor ainda não foi documentado publicamente pelo clube, custou mais de R$ 20 milhões por 50% dos direitos.

"(...) são importantes porque agregam ao potencial da equipe"...

Na teoria, a fala de Tabárez faz todo sentido e pode ser aplicada não só a Bruno Méndez mas a todos os "selecionáveis" do Corinthians – inclusive nomes como Cássio e Fagner, presentes na última Copa do Mundo. Na prática, entretanto, todos vêm jogando muito mal, desde os recém-contratados aos ídolos de longa data.

Na prática, se não há planejamento, não há equipe. E aí não há o que agregar nem a que agregar.

Quanto custa aos cofres do Corinthians cada jogador?

Reprodução

Veja mais em: Bruno Méndez, Ángelo Araos, Luan, Mercado da bola, Contratações do Corinthians, Fábio Carille, Tiago Nunes, Dyego Coelho e Andrés Sanchez.

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Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Por Lucas Faraldo Knopf

Jornalista pela ECA-USP e ex-Esporte Interativo, Jovem Pan e Lance!. Hoje trabalha no Meu Timão. Autor do livro 'Impedimento - Machismo, racismo, homofobia e elitização como opressões no futebol'.

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