Corinthians já jogou vestido pelo estilista de John Lennon
Opinião de Memória Fiel
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Em 107 anos de história, o Coringão já jogou de amarelo, de grená, de azul e até de roxo, mas uma das camisas mais curiosas da nossa história foi preta e branca mesmo. Lançada em agosto de 1995, a camisa "Número 3" foi uma tentativa de internacionalizar a marca Corinthians, lucrar com o marketing de um time campeão que voltava a disputar a Libertadores e ainda por cima trazer ares de modernidade à administração do Corinthians. Não deu muito certo, mas a ideia fez barulho.
A camisa teve um lançamento de gala, contando com os atores globais Paulo Betti e Beth Lago como modelos e uma grande investimento da fornecedora de material esportivo do Timão na época. Segundo a Penalty, dez mil unidades da camisa "diferentona" estavam disponíveis já na semana do lançamento. O certo, aliás, é falar no plural. A terceira camisa foi lançada em duas versões, alternando as cores do fundo e das listras. Os calções do uniformes também traziam as mesmas listras cruzadas. Alberto Duablib, presidente do Timão na época, até disse à Folha que temia certa rejeição da camisa. "Há muito conservadorismo", declarou.
Provavelmente você já sabe de tudo isso. Se não sabe, pelo menos já deve ter visto essa camisa no estádio ou na rua. Principalmente depois que uma réplica da camisa foi lançada recentemente. O que pouca gente sabe é que essa camisa tem uma relação direta com os Beatles.
Embora fabricada pela Penalty, quem assinou o design da "Camisa 3" foi a Maison Ted Lapidus, estúdio francês comandado por um dos estilistas mais conceituados dos anos 60. Aprendiz de Christian Dior, Edmond "Ted" Lapidus (1929 –2008) foi um dos nomes mais influentes da moda, vestindo celebridades como Brigitte Bardot, Alain Delon e principalmente John Lennon.
O terno branco que o líder dos Beatles veste na icônica capa do álbum "Abbey Road" é uma criação de Lapidus. Além disso, Lennon assinou uma série limitada de uma bolsa de couro criada por Lapidus. O terno branco de Lennon, aliás, foi leiloado em 2011 e arrematado por 29 mil libras (aproximadamente R$ 125 mil). Outro hit de Lapidus foi sua linha de perfumes, vendida com sucesso no mundo todo.
Infelizmente, a camisa "Número 3" do Corinthians não chegou a ser um sucesso nos campos, que é onde mais importa. O uniforme quase estreou bem. Sua primeira aparição foi em um amistoso contra o São Paulo. O jogo no Serra Dourada, em Goiânia, começou com um gol de Elivelton pelo Corinthians. O atacante Serginho, que chegava com a dura missão de substituir Viola, chegou ampliar para o Timão, mas os rivais empataram a partida em 2 a 2 no finalzinho.
(Crédito da foto: do blog uniformesdotimao.blogspot.com)
A ideia original do Corinthians era usar a camisa em amistosos e jogos internacionais (Copa Conmebol 95, Libertadores de 1996 e a Taça Ramon de Carranza, na Espanha). Rapidamente, porém, a camisa ganhou a fama de "dar azar". O Corinthians não descansou entre as conquistas da Copa do Brasil e do Paulistão de 95, jogando vários amistosos em vez de fazer pré-temporada. Até o preparador físico do time disse na época que era um planejamento errado. Por causa de dinheiro, a chance de uma tríplice coroa morreu logo de cara. Colocar a culpa na camisa era mais fácil.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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