A camisa do Gustavinho e a compra de votos no Corinthians
Opinião de Walter Falceta
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1) Em coluna de ontem, leitores deste Meu Timão procuraram descaracterizar o caso Gustavinho como assunto pertinente ao nosso Corinthians. Ouso dizer que estão enganados.
2) O caso da camisa censurada em nosso Memorial guarda relação estreita com os escândalos e conchavos que prejudicam nossa agremiação, frequentemente loteada por antigos senhores feudais.
3) Em 2018, o Corinthians promoveu eleições para a presidência e para seu conselho. O primeiro detalhe que salta aos olhos é o número reduzido de votantes, apenas 3642 em uma nação composta por 30 milhões de adeptos.
4) Cabe também lembrar o resultado da investigação do Ministério Público sobre o pleito: não foi "íntegro, seguro e confiável".
5) Se defendemos a democracia, é óbvio que não problema nas opções partidárias de muitos dos membros da chapa Fiéis Escudeiros, esta que iniciou o processo de censura política aos itens de nosso Memorial.
6) Postarem fotos com camisas do candidato do PSL é um direito que lhes é garantido pela Constituição. Nada a reparar.
7) No entanto, é certo que tal grupo sabota a própria democracia ao emular no Corinthians os piores hábitos da política nacional. O voto negociado e imposição autoritária de suas ideologias.
8) Em 3 de dezembro de 2017, a imprensa noticiou a "compra de votos" na eleição do Corinthians. As evidências irrefutáveis constam de áudios de Antonio Rachid, então secretário-geral do clube, comunicando-se por WhatsApp com membros dos Fiéis Escudeiros.
9) Você pode ouvir pelo G1 ou pela coluna do Juca Kfouri, clicando aqui .
10) Se você tiver preguiça de clicar, reproduzo um deles aqui:
– Bom dia, amigos, Fiéis Escudeiros. Vocês todos já devem saber que a diretoria lá mudou a regra do jogo, né? Na última hora. Então é o seguinte: se algum de vocês, na relação de votos tem alguns inadimplentes, que com certeza votarão na nossa chapa, eu vou ficar no clube lá até mais ou menos umas duas horas. Deve terminar lá pelas quatro, não sei, para tentar colocar alguém em dia. Quem achar que isso vale a pena. Mas com certeza de voto, né? Porque não vão pagar para os outros votar (sic) em inimigo, não é verdade? Então, quem achar que dá, que vale a pena, vai me passando WhatsApp. Eu vou fazer o possível para colocar o maior número.
11) A comissão eleitoral de nosso clube pediu a impugnação da candidatura de Paulo Garcia à presidência. Não deu em nada. Também recomendou que Rachid fosse investigado pela Comissão de Ética do Corinthians. Como sempre, o conselheiro vitalício saiu ileso do episódio.
12) No clube, os Fiéis Escudeiros representam o que no Congresso Nacional se convencionou chamar de Centrão. Por vezes, apoiam o presidente Andrés Sanchez. Noutras, dificultam estrategicamente seu caminho, a fim de mostrar força e influência.
13) O episódio da camisa de Gustavinho certamente guarda significado político e expõe escandalosa contradição. Afinal, esse grupo não se manifestou quando o Major Olímpio se intrometeu na festa do título paulista de 2019, tampouco quando o palmeirense Bolsonaro apareceu vestindo um agasalho do Corinthians.
14) O objetivo era, neste caso, também marcar presença e sublinhar a fraqueza da administração de Andrés Sanchez, uma liderança ideologicamente controversa e de competência administrativa questionável.
15) Fique de olho, porque o seu Corinthians merece mais, muito mais!
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.