Análise: Corinthians tem noite para esquecer em derrota para o Grêmio
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Por João Pedro Izzo
Em um jogo fraquíssimo tecnicamente por parte do Corinthians, o alvinegro foi derrotado pelo Grêmio por 1 a 0 em sua casa. Com uma saída de bola estática, pouca profundidade, transição ofensiva lenta, poucos chutes a gol e talvez, só a atuação do goleiro Walter como o fato positivo, o Meu Timão explica para o torcedor alguns motivos que ajudam a entender a derrota corinthiana na Arena Corinthians.
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Com os desfalques de Clayson e Douglas, além de Cássio, suspenso, Osmar Loss escalou o Corinthians com a seguinte formação, no esquema tático 4-2-4: Walter; Fagner, Pedro Henrique, Henrique, Danilo Avelar; Ralf e Gabriel; Pedrinho, Jadson, Araos e Romero. Mais uma vez, o técnico corinthiano optou pela formação sem centroavante, apostando em povoar o meio de campo para atrapalhar a criação do Grêmio ao avançar rapidamente em contragolpes. No entanto, a estratégia da equipe caiu por terra e não funcionou.
Primeiro tempo
Como mostrado acima, o Corinthians iniciou o embate com Romero atuando pela ponta esquerda, Araos e Jadson mais pelo meio e Pedrinho (não aparece na imagem) pela ponta direita. Com Ralf e Gabriel como volantes, Osmar Loss pensou em dificultar a criação gremista. Com Luan sendo o principal argumento para os rápidos encaixes adversários, somados às definições no último terço de Everton, o treinador corinthiano imaginou que dois volantes como "cabeças de área" fariam com que o Grêmio tivesse problemas na criação. O que se viu foi exatamente o oposto: com Ralf sem ritmo de jogo e pouco combativo, Gabriel demonstrou muitas dificuldades para lidar com a marcação dos dois principais jogadores adversários, dificultando a vida dos seus companheiros posicionados pelo lado direito do campo, o zagueiro Pedro Henrique e o lateral Fagner.
Somado a isso, nenhum dos volantes tem a característica de infiltração, triangulação e transição rápida, algo que o Corinthians sempre teve em sua equipe nas recentes conquistas. Desta forma, não existia saída de bola qualificada. Com isso, Jadson teve que, por vezes, recuar na base da jogada e tentar um passe mais longo, ligando os pontas ou laterais. Em uma noite de pouco brilho técnico, o camisa 10 errou muitos passes e saiu no início da segunda etapa. Outro ponto negativo foi o chileno Araos. Depois de grande partida diante da Chapecoense, pelo Brasileirão, o jovem foi muito mal contra o Grêmio: errou muitos passes, foi posicionado por muitas vezes como o homem mais avançado no terço final e, aparentemente, sentiu o peso do jogo. O chileno, assim como foi em partida contra a Chapecoense, poderia ter sido posicionado como segundo volante, dando qualidade à saída de bola, infiltrando na área e dando passes precisos no último terço.
Além das más atuações, entra também o fato das decisões erradas próximas ao gol, como se vê na imagem. O exemplo mostra que Jadson tinha três jogadores pelo lado esquerdo e um do lado direito. O camisa 10 optou por Pedrinho e não pelo lado oposto. A superioridade numérica, tão pedida pelo técnico Osmar Loss depois do jogo, seria gerada e o alvinegro poderia ter tido melhor sorte neste lance.
Segundo tempo
Depois de um primeiro tempo com uma postura reativa, seria esperado que o Corinthians, ainda mais por atuar em seus domínios, fosse sair um pouco mais para o jogo, com alguma novidade ofensiva vindo do banco de reservas. Contudo, Osmar Loss não trouxe substituições para a etapa final. Opções como a entrada de Mateus Vital no lugar de um dos volantes, o que melhoraria a saída de bola, demorou 30 minutos para ocorrer; a saída de Jadson, o único por característica na equipe que tenta um passe mais longo, embora em noite pouco inspirada, para a entrada de Jonathas, colocou o Corinthians com um homem de referência, mas acabou perdendo o responsável pelo último passe, que poderia, inclusive, ter dado maiores condições para o camisa 7 marcar.
Com apenas uma mudança posicional, quando Araos passou a atuar como ponta esquerda e Romero foi usado mais à frente, o Corinthians continuou mal para o segundo tempo. Perdeu, aliás, ainda mais profundidade pelos flancos do campo, como destacado pelo treinador; "afundou" Romero entre os zagueiros, especialidade a qual não é de destaque do paraguaio.
Com seguidos erros de passe e dificuldades enormes em avançar ofensivamente, o Corinthians cometeu também erros na saída de bola. E, foi desta maneira que nasceu o gol do Grêmio: com a liberdade gerada pelo próprio Corinthians, Luan praticamente passeou pelo meio campo, sem que os volantes o acompanhassem de perto; Everton foi lançado no ataque e, embora Pedro Henrique estivesse muito à frente da jogada, não conseguiu chegar a tempo de parar o adversário. Nem mesmo Walter, que fez grandes defesas e impediu que a derrota fosse maior, pôde parar Everton.
Com a entrada de Jonathas e Mateus Vital, pouco mudou: a transição ofensiva foi até melhorada, quando o Corinthians passou a atuar no 4-1-4-1, com Araos atuando ao lado do camisa 22 no meio de campo. Entretanto, Pedrinho não conseguiu auxiliá-los na criação em atuação apagada e Jadson já estava fora de campo para dar o passe final. Com isso, Jonathas "passou fome" e pouco foi acionado, nem mesmo em cruzamentos. Ao fim do jogo, Emerson Sheik ainda entrou em campo em uma última tentativa de ataque, mas pouco contribuiu.
Pelo lado do Grêmio, é válido destacar que o adversário sofreu apenas oito gols em 19 jogos no primeiro turno do Brasileirão. Fez grande marcação contra o Corinthians, foi rápido nas transições e conquistou vitória tranquila em plena Arena.
A equipe adversária tem um padrão de jogo ajustado há cerca de dois anos pelo técnico Renato Gaúcho. Padrão de jogo que ainda precisa ser buscado pelo treinador Osmar Loss, que conta com seguidas perdas de jogadores que são vendidos em seu elenco, diversas lesões e necessidade de mudanças no time por má fase técnica de alguns jogadores, características de adversário e outros fatores que impedem uma boa sequência de vitórias.
É fato que o comandante alvinegro precisa repensar outras maneiras de ajustar a equipe para os futuros confrontos. E, por parte dos jogadores, é necessário melhorar decisões no último terço do campo e diminuir a quantidade de passes errados, tanto em saídas de bola, quanto no passe final. Assim, o Corinthians pode alcançar, finalmente, o equilíbrio que o seu técnico e sua torcida Fiel tanto esperam (e sabem que o time pode render mais).