Análise: Corinthians tem atuação irreconhecível e é completamente dominado pelo Flamengo
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Por João Pedro Izzo
No jogo que antecedia o primeiro jogo da final da Copa do Brasil, a festa foi toda montada pela Fiel, que encheu a Arena Corinthians com 41 mil presentes na estreia da nova terceira camisa. Entretanto, o Flamengo tratou de acabar com as comemorações e decretou a pior derrota do Timão na história do estádio. O Meu Timão explica os motivos do revés corinthiano.
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Com o retorno de três titulares, Jair Ventura escalou o que tinha de melhor para o duelo contra o time carioca. O Timão foi formado por: Cássio; Gabriel, Léo Santos, Henrique e Danilo Avelar; Ralf e Douglas; Romero, Jadson, Mateus Vital e Clayson. O esquema tático foi definido como o 4-2-4 e esse foi o principal problema: não aconteceram variações ofensivas e o Corinthians foi muito mal no último terço do campo.
Primeiro tempo
Assim como no jogo que classificou o Corinthians à final da Copa do Brasil, o Flamengo veio com o objetivo de propor o jogo e ocupar o campo de defesa alvinegro. Entretanto, desta vez, o Timão não possuía a mesma intensidade para defender e atacar, além de um poder bem menor na concentração.
No futebol, muitas vezes é preciso que os atletas de um time mais limitado se entreguem completamente para cumprir funções e, assim, alcançar resultados. O time de Jair Ventura é assim. Pela semifinal da Copa do Brasil, a disposição tática sobrou; nove dias depois da classificação, diante do mesmo adversário pelo Brasileiro, o time foi disperso e completamente apático.
Sem vibração desde o início da partida, a equipe corinthiana foi presa fácil desde o começo. Volume, intensidade, jogadores fazendo jogadas agudas e incisivas... não, esse não foi o Corinthians, pois foi o Flamengo o dono de todo o jogo. Apenas adotando uma postura reativa, o torcedor tinha a impressão que um simples contragolpe poderia render um gol. Contudo, a transição ofensiva, desta vez, sequer existiu. Os contra-golpes foram lentos e isso quando não eram interrompidos por seguidos erros de passe.
Douglas fez primeiro tempo muito fraco e apagado, sem participar da saída de bola, quase sem tocar na bola nos 45 minutos iniciais. Nessa nova formação, Jadson vem sendo o homem mais avançado, o que é um erro, pois o jogador fica muitas vezes isolado e não participa do jogo. Quando o meia recuou para transitar e fazer jogadas, o Timão teve melhores avanços e criação nos últimos confrontos. Na noite desta sexta-feira, o camisa 10 teve atuação apagada e, quando não brilha, o Corinthians dificilmente vence.
Pela parte defensiva, Gabriel sofreu muito para marcar Vitinho. Improvisado na lateral-direita, o volante levou um baile do atacante adversário. Nem a presença de Romero, que costuma cumprir função na direita, foi capaz de frear o lado esquerdo do rival. Cabe destacar o momento muito apagado do paraguaio, que não marca há 15 jogos e vem errando muitos passes, sobretudo no terço final do campo.
Apesar da pressão do time carioca, Willian Arão errou passe fácil na defesa e permitiu com que o Corinthians tivesse a chance de abrir o placar. No entanto, Mateus Vital perdeu grande oportunidade, chutando em cima do goleiro. No rebote, Douglas chutou para boa defesa de César. Com uma produção ofensiva nula, o oponente deu a derradeira e última chance do primeiro tempo, mas o ataque alvinegro não teve a competência para fazer o gol.
Segundo tempo
Os times voltaram para a etapa final sem mudanças, mas o Flamengo voltou com a mesma postura agressiva, enquanto o Corinthians continuava apático, sem alternativas táticas, ofensivas e tampouco melhora na saída de bola. Não demorou muito para que a equipe carioca continuasse tendo o domínio no gramado da Arena e, desta maneira, encontrou um gol após um erro na bola aérea do Corinthians: o baixinho Gabriel marcou o alto Lucas Paquetá, que cabeceou livre no canto de Cássio.
Segundos antes do tento do oponente, Jair preparava a entrada de Pedrinho. Era esperado que Douglas saísse, afinal, com pouca participação, o volante não aparecia em campo. E mesmo com o gol sofrido, Jair Ventura substituiu Clayson. É verdade que o ponta não fazia bom jogo, mas Mateus Vital poderia dar mais qualidade à saída de bola alvinegra e, com isso, Jadson seria beneficiado, tendo mais frescor para definir jogadas próximas à área, assim como foi diante do Sport.
Pedrinho, por sua vez, foi o corinthiano menos pior ofensivamente, tendo duas chances de finalização que levaram certo perigo. Jair Ventura ainda colocou Emerson Sheik no lugar de Douglas, mudança que não trouxe efeito, visto que Emerson praticamente não tocou na bola, sem auxiliar no ataque e muito menos no meio de campo.
Contudo, o Flamengo chegou no segundo gol em outra jogada de bola aérea. Repare que mesmo com Mateus Vital tirando em cima da linha, todos os atletas alvinegros "afundam" e ninguém se mostra atento ao rebote. Erro crasso que não pode ser cometido na grande final da Copa do Brasil.
Danilo ainda entrou no lugar de Ralf para tentar qualificar a saída de bola do Corinthians. A transição continuava estática e, com a entrada do veterano, ficou ainda mais lenta. Com isso, ainda houve tempo para contragolpe fulminante do Flamengo, que deu números finais à partida.
Deu tudo errado para o Corinthians e para o treinador Jair Ventura, que viu seu time ter a pior atuação sob seu comando. A acachapante derrota liga um sinal de alerta para todo o elenco e comissão técnica, que jogarão a temporada nas próximas duas semanas.
Agora, o comandante possui cinco dias para pensar em uma estratégia eficiente para trazer um resultado positivo diante do Cruzeiro, no Mineirão. Que a missão de Jair é difícil, a grande maioria da Fiel sabe. O que boa parte da torcida também precisa saber é que o time mineiro vem de uma eliminação dolorida pela Libertadores e irá com tudo para garantir a vitória no primeiro jogo da finalíssima do torneio nacional.
Jair Ventura precisará contar com o retorno de Fagner para dar segurança na defesa pela lateral-direita. A equipe precisará, mais do que nunca, cumprir funções e ter muita disposição para marcar o forte time cruzeirense. E, quem sabe, ser 100% cirúrgica se tiver alguma chance de atacar.