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Cuca na Suíça: único jornalista brasileiro em Berna relembra fatos, locais e personagens da época

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Cláudio Dienstmann foi o único repórter brasileiro a estar em Berna durante o período em que Cuca ficou preso na Suíça no final da década de 80

Cláudio Dienstmann foi o único repórter brasileiro a estar em Berna durante o período em que Cuca ficou preso na Suíça no final da década de 80

Jornal Seguinte de Gravataí

Cláudio Dienstmann é um dos jornalistas mais conhecidos do Rio Grande do Sul. O gaúcho cobriu seis edições de Copa do Mundo, os Jogos Olímpicos de Seul, publicou 11 livros e foi o único repórter a viajar a Berna, na Suiça, após Cuca e outros três jogadores do Grêmio serem acusados - e presos - por abuso sexual de uma criança de 13 anos.

A reportagem do Meu Timão entrou em contato com o jornalista, responsável por inúmeras matérias sobre o caso no jornal Zero Hora no final da década de 80. Por cerca de 40 minutos, Cláudio Dienstmann relembrou fatos, locais, personagens e revelou detalhes.

"Estivemos no quarto 204, onde tudo aconteceu", contou Claudio. "O pai da garota queria a guarda da filha", revelou o gaúcho.

O jornalista esteve em Berna duas vezes. A primeira na companhia do fotógrafo Paulo Dias em meados de 1987, por um período de 17 dias - ambos foram enviados pelo jornal gaúcho cinco dias após a prisão do quarteto.

A segunda em junho de 1989, quando o jornalista aproveitou a ida à Europa para acompanhar um amistoso da Seleção Brasileira contra o Milan, em Monza. De trem foi a Berna e ficou por cerca de dois dias.

Abaixo, Cláudio Dienstmann conta passo a passo, com alguma ordem cronológica, tudo que viu e relatou à época nas páginas da Zero Hora. São muitos detalhes dos fatos, dos locais e dos personagens. Veja!

A primeira vez

"Minha primeira vez em Berna foi uns quatro, cinco dias após a prisão deles (Eduardo Hamester, Henrique Etges, Fernando Castoldi e Alex Stival, o Cuca). Fui eu e o fotógrafo Paulo Dias. Foram 17 dias por lá.

Chegamos numa quinta ou sexta. Tínhamos contatos de jornalistas locais, alguns que eu já tinha sido parceiro em Copas do Mundo. Não falo 100% alemão, mas arranho bem. Conseguimos o endereço da casa dela com esses jornalistas locais e fomos lá, acho que isso era uma segunda-feira, dias depois de chegarmos.

Conversei com a mãe da vítima, que autorizou nossa entrada sob uma condição: não podíamos tirar fotos da garota, inclusive sob aviso de que a polícia seria chamada se tentássemos. Conversamos e pegamos os primeiros detalhes de todo ocorrido.

Voltamos ao local uns dois dias depois, pois precisávamos de uma imagem. E conseguimos fotografá-la quando saía de casa para a escola, perto de uma estação de trem que ficava próxima à casa. Na época, pelo que me recordo, essa exposição de menores não era um problema.

Me lembro que a Zero Hora vendeu as fotos para todos os jornais brasileiros, todos mesmo. Repercussão foi grande. Vivemos até algo inusitado. Saímos para jantar horas depois. Quando chegamos no hotel, um carro de polícia estava na porta. Ficamos com medo de terem ido por nós, mas era apenas uma confusão no restaurante do estabelecimento. Foi um susto.

Os dias foram passando, eu sempre em contato com o Cacalo (Luiz Carlos Pereira Silveira Martins, advogado enviado pelo Grêmio a Berna para defender o quarteto). Foi ele quem me ajudou, por exemplo, a conseguir um depoimento de Cuca quando ele estava preso a cerca de cinco minutos de Berna, numa prisão onde outros presos aguardavam julgamento.

No sábado seguinte aos primeiros contatos com a garota e a mãe, apesar dos alertas para não tirarmos fotos da garota, soubemos que ela estava num jogo do Young Boys, um time local. Conseguimos ir lá, mas não a encontramos.

Horas depois, estávamos tomando um chopp num bar de rua quando veio uma multidão atrás de nós. Eram torcedores do Young Boys. Me lembro que o irmão dela, o Dany, foi quem nos ajudou, pedindo para ninguém nos agredir. Escapamos por pouco.

A situação deles dependia basicamente do judiciário local. Me lembro que pegamos um táxi com o Cacalo e fomos à embaixada brasileira na Suíça, mas o responsável tinha tido um problema de carteira de motorista vencida, quase foi preso e, por isso, nos disse que não poderia fazer nada. Fomos até o Cônsul do Brasil em Genebra, que informou o mesmo. Ou seja, seria apenas pelo judiciário, não por contatos políticos ou consulares.

Todos os depoimentos, fatos e fotos que conseguimos eram enviados à redação da Zero Hora por nós por telex, que era o meio mais moderno da época. Após uns 15 dias, como eles não foram soltos, nossos editores pediram para voltarmos ao Brasil.

Demos azar. Assim que chegamos em São Paulo para fazer escala antes de ir a Porto Alegre, soubemos que eles estavam soltos. Me lembro de lamentarmos bastante".

A segunda vez

"A segunda vez que fui para Berna foi em 1989, quando eu fui enviado pelo jornal para cobrir um amistoso da Seleção Brasileira na Itália - equipe enfrentou o Milan, na cidade de Monza. Peguei um trem e fui reviver aquela história na Suíça.

Fiquei pouco tempo, acho que uns dois dias. Não fui na casa da jovem, mas deu tempo para conversar com os advogados. Era um do Fernando (que levou a pena mais branda) e outros dois advogados que representavam os demais (Eduardo, Henrique e Cuca).

Foi também nessa visita que tive a chance de voltar ao hotel e conseguir ter acesso ao quarto 204 onde tudo aconteceu. Apesar de começar com o número 2, o quarto ficava no primeiro andar, era bem próximo da recepção inclusive.

O quarto era em "L" mesmo como Cuca disse na entrevista coletiva no CT do Corinthians, mas não tinha cama de casal, eram quatro camas de solteiro, sendo duas em cada ambiente. Jogador não ficaria em cama de casal, né? Logo na entrada tinha um banheiro também.

Outra coisa que ele fala e não parece bater pra mim é que não houve julgamento. Claro que houve. E não foi à revelia, pois, pelo que me lembro, os quatro tinham advogados para representá-los".

Passo a passo do ocorrido no quarto 204

Quarto 204, onde tudo ocorreu em 1987

Quarto 204 do hotel Metrópole, onde tudo ocorreu em 1987

Reprodução do jornal Zero Hora

"Pelo que me recordo da época, a garota, o namoradinho dela e o irmão foram em busca de camisas do Grêmio e tinham sido impedidos de subir a escada que ficava ao lado da recepção e dava acesso ao quarto. Mas eles deram um drible e subiram pela porta de serviço.

Os relatos da época dão conta que os três subiram no quarto, mas os dois garotos foram retirados pelo jogadores. Depois de algum tempo, os três se encontraram num bar que ficava numa praça grande à frente do hotel. O namorado, então, contou o que tinha acontecido ao pai da criança, que saiu dali e foi direto à delegacia.

Me lembro que a garota morava com a mãe e com o irmão. A mãe estava com a guarda dos filhos, mas o pai queria para ele. Acho que o pai viu ali uma grande chance de conseguir seu objetivo. Os jogadores voltaram de um treino e acabaram presos.

O chefe da delegação do Grêmio, que era militar, quis dar um carteiraço e quase acabou preso. Não teve jeito. Os quatro foram levados, mas ficaram em locais diferentes. A Suíça não tem pressa para soltar suspeitos".

Por fim...

"A garota quis ir lá mesmo no quarto? Sim. Mas ela só tinha 13 anos e eles mais de 20 anos. É complicado. Em cada história, cada um puxa para seu lado. Não tivemos acesso aos autos do processo, mas ouvimos os advogados, o Cacalo... e, como disse, cada um contará sua história, sua versão.

O juiz da época viu uma chance de se auto promover com o caso, acredito eu. A pena teve a ver com o momento que vivíamos e aconteceu com base naquela região do país. A Suíça é um país pequeno, acho que caberiam umas dez suíças em São Paulo. São 52 cantões, como eles falam, seriam 52 estados digamos assim. E com três línguas diferentes (alemão, italiano e francês, dependendendo da fronteira). A maioria desses cantões tem sua legislação própria.

Realmente era uma sociedade diferente, a torcida recepcionou os quatro na chegada a Porto Alegre aos gritos de heróis e xingando a menina, que não tinha muita consideração por parte de quase ninguém. Nossa intenção era relatar os fatos, sem intenção de defender nem um lado nem o outro, mas acredito que, de maneira geral, as versões dos quatro foram mais propagadas aqui no Brasil do que a versão da garota".

Veja mais em: Cuca.

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