Yony González além dos 17 milhões de reais
Opinião de Jorge Freitas
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O Corinthians anunciou nesta terça-feira a devolução do atacante Yony González. Depois de receber o jogador por empréstimo com compra quase que obrigatória (bastavam apenas cinco jogos para ter de comprá-lo), o clube resolveu abrir mão do jogador e o devolveu ao Benfica, numa negociação que, segundo todas as partes, não se relaciona em nada com a venda de Pedrinho.
Com a alta do euro devido à pandemia do coronavírus, a aquisição de 50% dos direitos do colombiano sairia na casa dos 18 milhões de reais. Especula-se que Yony receberia um salário em torno de R$ 300 mil, que renderia, até o final de seu contrato em 2023, aproximadamente o total de R$ 14 milhões.
Na soma dos direitos de aquisição mais o valor de salário, o jogador custaria aos cofres alvinegros ao menos R$ 30 milhões de reais. Exceto se vendido durante o contrato ou se emprestado com pagamento de metade dos salários (praxe no Corinthians), o clube desembolsaria na casa, por exemplo, do recebido pelas vendas de Jô e Rodriguinho juntos (considerando que o clube não ficou com 100% do valor da venda de ambos).
E este é o grande ponto.
O que faz um jogador como Yony González valer tanto? E pior, por que o Corinthians havia topado desembolsar tanta grana por um jogador que fez um Campeonato Brasileiro bastante mediano pelo Fluminense e que sempre apresentou grandes problemas de finalização? Apesar dos seis gols marcados no Brasileirão 2019, o jogador chegou a ficar mais de 900 minutos sem fazer balançar as redes.
A diretoria, provavelmente, espera reconhecimento pela economia feita com a devolução do jogador, mas a verdade é que isso não aconteceu por competência, mas sim por um acaso improvável, fruto de uma pandemia raríssima. Em qualquer outra temporada normal, Yony faria cinco jogos e teria sua compra efetivada obrigatoriamente. Ou seja, o Corinthians o trouxe ciente de gastar até mesmo R$ 30 milhões por um jogador que não se diferencia em nada para valer tanto e que cuja principal característica é correr.
Repito para quem ainda não ficou claro: a diretoria do Corinthians havia assinado um contrato que poderia custar ao clube um valor de R$ 30 milhões. Mesmo que o salário do jogador esteja abaixo da casa dos R$ 300 mil mensais, a diferença total não seria tão grande a ponto de parecer um grande negócio a sua compra.
E tudo isso para um clube que terminou o ano passado com uma dívida estratosférica.
Além do mais, esta contratação levanta suspeita até mesmo sobre a qualidade do trabalho do Cifut (Centro de Inteligência de Futebol) do clube, aparentemente incapaz de encontrar um jogador que atue pelos lados de campo e que seja, de fato, mais competente, barato e perigoso.
Por fim, um questionamento: qual realidade é esta do futebol brasileiro que se paga tanto por um jogador sem boas credenciais?
É muito estranho tudo o que tem acontecido no Corinthians.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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