Duilio colocou a temporada do Corinthians em risco
Opinião de Jorge Freitas
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Enfim, foi dada a largada para a parte mais importante da temporada de 2022. Abril é o mês mais esperado dos últimos tempos, com o Corinthians de volta à Libertadores da América, além das estreias no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil.
A eliminação do Campeonato Paulista foi ruim, mas houve motivos para comemorar. Pela primeira vez desde que chegou, Vítor Pereira teve dez dias para fazer ajustes necessários na equipe que deseja começar a parte que realmente importa no calendário atual. No entanto, mesmo com esse tempo de treinamento, o que vimos nesta terça-feira foi um time mal ajustado, com problemas físicos e pouca intensidade.
Dentre os empecilhos de um possível sucesso do treinador português em terras tupiniquins está certamente a incompetência quase escancarada do presidente do clube, Duilio Monteiro Alves, que embora enaltecido por parte da Fiel, tem errado muito para quem se dispôs a presidir o maior clube da América do Sul.
Tudo bem que competência não é e nunca foi requisito para ser presidente do Corinthians, vide seus últimos mandatários, mas o atual parece ter feito questão de atrapalhar os planos de uma boa temporada do clube em 2022.
A começar pela demora em demitir Sylvinho, quando todos já reconheciam o óbvio. Quase dois meses de trabalho jogados fora, que poderiam ser usados para que o atual treinador fizesse uma preparação física mais adequada, conhecesse melhor seus jogadores, pedisse reforços pontuais que poderiam ser contratados a tempo, além de ter usado os primeiros jogos do Campeonato Paulista, cuja tabela nos prestigiou com adversários mais fracos, para realizar experiências que a esta altura não caberão mais na temporada.
Além disso, se Roberto de Andrade e Alessandro não fazem por merecer o cargo que exercem, isso também tem relação direta e culpa do atual presidente, que se protege com um ex-presidente e um ex-jogador para diminuir as críticas sobre sua dificuldade em montar um elenco competitivo. A realidade é que o Corinthians não possui hoje um lateral-esquerdo, nem centroavante de qualidade para aguentar três competições tão importantes e bater de frente com os principais times do Brasil e do continente.
E ainda jogamos uma semifinal de Campeonato Paulista com um zagueiro improvisado porque ninguém confia no substituto do lateral-direito, contratado também com aval do presidente e da sua dupla de assessores, sem nunca ter jogado bola para vestir a camisa do Corinthians, o que ficou claro no jogo contra o Always Ready.
Aliás, é sempre bom lembrar que foi Duílio quem trouxe boa parte daqueles jogadores horríveis da última gestão de Sanchez. Nada mais claro para ilustrar que o atual presidente contrata ou por nome ou por indicação de empresário, mas nunca por entender a forma com a qual se monta uma equipe.
Por falar nisso, jogadores sem gabarito para estarem no Timão se tornou comum de uns tempos para cá. O Cifut, tão reconhecido no início da década passada, não existe mais e não vemos mais o Corinthians trazer jogadores desconhecidos para brilharem no clube. A impressão que dá é que agora só vestem a camisa aqueles "bem empresariados" ou ex-jogadores que pretendem uma nova passagem pelo clube.
Como se não bastasse, Duílio também não demonstrou força nos bastidores para impedir que o Corinthians jogasse contra o São Paulo com dois dias de descanso a menos, coisa inaceitável em qualquer torneio profissional de futebol que se preze. A queda de braço que vimos recentemente entre os presidentes dos rivais a cerca de data e local para o segundo jogo da final sequer foi vista quando a Federação Paulista de Futebol anunciou que o São Paulo, favorito contra o São Bernardo, poderia ter mais de 48h de vantagem contra seu possível rival, o Timão. Num calendário tão apertado e com um elenco com idade acima da média, as 48 horas a menos de descanso foram fundamentais.
Enfim, chegamos a abril com expectativa ilusória de que uma "intertemporada" de dez dias resolveria parte dos problemas que a inércia do atual presidente causou. Ficou claro que não vai ser assim. Duílio colocou a temporada em risco e qualquer fiasco deve ser integralmente colocado em sua conta.
Jogaremos dois jogos por semana (às vezes, três) com jogadores de ótima técnica, mas idade avançada porque não possuímos alguém na direção capaz de montar um elenco equilibrado, cujas pessoas se unam para a formação de um bom time titular com boas peças de reposição. Veremos atletas cansados, porque preferiram manter um treinador com péssimo trabalho a trocar logo na virada do ano para iniciar uma temporada com um preparador físico de maior intensidade.
Enfim, correremos riscos que com um pouco mais de competência e sabedoria certamente seriam evitados, mas o clube do povo, sabemos bem, tornou-se o clube de alguns, que mandam e desmandam sem entender bulhufas de futebol.
É preciso que se pare de passar pano ao presidente pelos nomes que trouxe na segunda metade do ano passado. Nesta terça-feira sequer ameaçamos um time medíocre do ridículo campeonato boliviano, cujo 11-inicial conta com um atacante que participou do pior Corinthians de todos os tempos.
Se a temporada for um fiasco, repito, a conta será do presidente.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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