A maior torcida organizada do Corinthians levantou semana passada uma bandeira igualmente levantada agora por Rogério Ceni.

No protesto do último dia 6, na porta do CT, a Gaviões da Fiel cobrou Cássio pela entrevista pós-jogo à TV Globo em que disse "não tenho que provar mais nada para ninguém". No dia seguinte, houve inclusive conversa de torcedores com o goleiro para esclarecimentos.

No Bem, Amigos! dessa segunda-feira, o técnico do Fortaleza (que tirou o Corinthians de Tiago Nunes e o Atlético do Sampaoli pra dançar) explicou o Cruzeiro do ano passado com as seguintes palavras:

"(...) o jogador quando fica mais velho e tem um tempo de clube ele acha que tem cadeira cativa no clube, essa é a pior situação. Quando um jogador acha que é o dono da posição. O jogador se encontra na situação de titular momentaneamente. Ele vai mostrar no dia a dia. 'ah não tenho nada a provar'. Tem sim. No futebol todo mundo tem algo a provar todos os dias. Crítica e análise são pontuais. É pelo o que você produziu naquele dia. Temos todos que provar algo quando a gente entra no campo de jogo".

As mesmas frases foram citadas no que entendi como 1) um desabafo de Cássio pós-cobrança desproporcional no aeroporto e 2) um relato de Rogério Ceni sobre o que pode acontecer em qualquer clube do futebol brasileiro com sinais de sucateamento.

E acho que tudo isso se combina como alerta pra um risco que o Corinthians corre. Não há um elenco com disputa saudável por posições: é muito desproporcional, por exemplo, a diferença entre Fagner e Michel Macedo, Gil e... Ih, estamos sem zagueiro reserva.

Ironicamente é Cássio um dos poucos com reserva à altura. E especificamente ele, na minha opinião, não merece hoje ir para a reserva. Vem sendo muito importante para evitar placares ainda mais vexatórios que já os amargados. Vem falhando também, mas sinto que muito em função da fragilidade da equipe, que naturalmente exige mais do goleiro.

Mas, se seguirmos analisando a defesa, talvez nem Piton nem Sidcley se mostrem opções ideais atualmente. E são eles que disputam vaga pela esquerda.

O mesmo vale no ataque com Everaldo, Gustavo Mosquito e Léo Natel. Os dois centroavantes, por outro lado, são bons, mas nem Jô nem Boselli estão bem fisicamente. Isso também entra na conta do trabalho bem ou mal feito pelo departamento de futebol.

Certo mesmo é que esse atual planejamento de futebol do Corinthians, sintetizado pela declaração de Tiago Nunes sobre o Cifut sucateado, alimenta a possibilidade de lá na frente os mesmos problemas identificados por Rogério Ceni se tornarem realidade por aqui. Aliás, assim como no Cruzeiro, o Corinthians já vem rotineiramente atrasando salários.

Danilo Fernandes/ Meu Timão

O retrocesso recente é notório e resultou em derrotas em todas as competições nacionais e internacionais de 2018, 2019 e até aqui 2020. E já ameaça 2021, com contrato de Mancini até o fim do ano que vem mesmo havendo eleição daqui um mês e meio.

E assim vai infelizmente hoje o Corinthians, na base da tentativa e erro, sem muita perspectiva de competitividade nacional ou internacional temporada após temporada.

E se ninguém no Corinthians der bola para os alertas de Gaviões e Rogério Ceni, fica sério o risco de lá na frente cruzeirarmos. No fim das contas, a bola de neve (ou de fogo) estoura nos jogadores – vide as próprias entrevistas recentes de Andrés Sanchez e Vagner Mancini.

No mais: boa sorte ao novo treinador do Timão em sua missão de tirar a equipe da zona de rebaixamento. E vai, Corinthians!

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