Corinthians enfim faz com Vital o que Renato Gaúcho tentou fazer com Pedrinho
Opinião de Lucas Faraldo
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O talentoso Mateus Vital enfim vai se tornando a peça decisiva do Corinthians que tanto se espera desde sua chegada, em 2018. E isso passa diretamente pelo técnico Vagner Mancini.
Gols e agora assistências são consequências de um jogador melhor orientado. Vital sempre foi um bom condutor de bola, mas faltava ser objetivo no campo de ataque. O diagnóstico é da comissão técnica. Mancini então passou a orientá-lo à parte no dia a dia do CT. Hoje é um jogador mais agressivo, mais finalizador e com mais personalidade. Obviamente era questão de tempo para superar o mediano Otero, por exemplo. Hoje o titular do Timão é o carioca.
Quando um técnico pensa a médio/longo prazo, naturalmente vai buscar soluções a médio/longo prazo. É diferente do que fazia Fábio Carille, que deixou escapar uma crítica aos jovens Vital e Pedrinho por ainda não estarem prontos pra classificar o Corinthians a uma final de Sul-Americana. O treinador campeão brasileiro e tricampeão paulista se dava melhor com nomes medianos que pudessem resolver a curto prazo. E tudo bem. É uma forma de trabalhar e tentar ser vitorioso no futebol. Mas hoje não é o que o Corinthians precisa.
Se Mancini de fato ficará no Corinthians por muito tempo, só o futuro dirá. Mas o trabalho é, ao menos até aqui, de quem pensa a médio/longo prazo, diretamente envolvido em promoções do Sub-17, Sub-20 e Sub-23, na dispensa de jogadores caros e/ou pouco úteis, na possível contratação de reforços pontuais e principalmente na utilização de jovens como base de um elenco profissional. Pensa dentro e também fora de campo. Parecido com o que Renato Gaúcho faz no Grêmio - e com o que queria fazer com Pedrinho.
Pessoas próximas de Pedrinho cansavam de dizer nos bastidores: no entendimento delas, o jovem era subaproveitado no Corinthians. Era nesse contexto que Renato Gaúcho, em diferentes oportunidades, pediu ao Grêmio para sondar a possibilidade de contratar Pedrinho.
Na minha visão, Mancini faz com Vital justamente o que Renato queria fazer com Pedrinho: enxerga um talento a ser lapidado e tenta potencializá-lo mesmo que isso não traga grandes resultados de imediato - afinal, ainda é um jovem irregular. A tendência, porém, é se desenvolver, ser cada vez mais regular e aos poucos se tornar o protagonista que Pedrinho nunca foi no Corinthians mesmo tendo àquela altura até mais potencial que Vital.
E além da esfera esportiva: e se Vital render tanto quanto ou ainda mais que Pedrinho, negociado com o Benfica por 18 milhões de euros como a maior venda da história do Corinthians? É o pensamento dentro e fora de campo...
Tal como Vital, vou finalizar: ele e Pedrinho, assim como tantos outros jogadores que passaram pelo Corinthians nos últimos anos, foram mais vítimas do que culpados. Vítimas de uma gestão que sucateou o departamento de futebol com oito trabalhos diferentes de técnicos entre 2018 e 2020 e que nunca pareceu trabalhar de forma sustentável pelo clube.
Percentual de titularidade de Mateus Vital no Corinthians*
- 39% com Carille em 2018
- 32% com Loss em 2018
- 53% com Jair Ventura em 2018
- 39% com Carille em 2019
- 50% com Coelho em 2019
- 26% com Tiago Nunes em 2020
- 29% com Coelho em 2020
- 52% com Mancini em 2020/21
* em negrito, os trabalhos que mais utilizaram Vital como titular
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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