E se o Sub-23 do Corinthians funcionasse como deveria?
Opinião de Mateus Pinheiro
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Equipes alternativas dos grandes clubes fora do Brasil servem, beirando a perfeição, à função para quais foram criadas. Real Madrid Castilla, Barcelona B, Juventus Sub-23; não são poucos os exemplos de elencos atrelados aos grandes, nos quais os jogadores que ainda não conseguiram se firmar no elenco profissional podem ganhar rodagem e tempo de jogo – fora os lesionados, que costumam fazer passagens por esses times na recuperação final.
O corinthiano que lê esse parágrafo pensa: porque por aqui, não é assim?
O clube contratou 25 jogadores para a temporada de 2019 do Sub-23. O erro – enorme – se dá logo nesse início. O elenco inflou e chegou ao número de 38 jogadores. Adicionaram-se a eles jogadores que já estavam sob contrato com o Corinthians.
Dentro dos contratados, a maior bizarrice que deixou o torcedor com uma pulga atrás da orelha foi a de Fran, meio-campista de 27 anos que é filho de um conselheiro do clube. Andrés veio a público e “explicou” que se tratava de um favor pessoal ao colega. Pois é...
Assim, resolvi que fazer um exercício de imaginação seria benéfico para o panorama atual. Imaginar como seria ótimo se o Sub-23 funcionasse e os jogadores que deveriam estar ali, estivessem.
Jovens que não tem mais idade para o Sub-20
O ideal é que jogadores que “estouraram” a idade para o Sub-20, mas ainda não conseguiram ser aproveitados no elenco principal, possam compor esse elenco. Isso pois as competições que disputa o Corinthians B poderiam dar mais rodagem e “casca” para esses atletas, mantendo eles por perto da comissão técnica, sem ter que emprestá-los a outros clubes. Mas não foi isso que aconteceu.
Entre os quase 30 jogadores contratados, poucos agradaram a comissão técnica, e alguns deles já estão sendo liberados para outros clubes. O Oeste, por exemplo, recebeu Kaue Moreira, Luan Victor e Reifit. O mesmo Oeste que recebeu jogadores que deveriam estar nesse elenco. São os casos de Caetano, Thiaguinho, Gustavo Silva (Mosquito) e Gabriel Vasconcelos.
O elenco do Sub-23 corinthiano tinha que ser composto por esses casos perfeitos de jogadores que não foram aproveitados, mas não passam dos 23 anos. O mais velho desses é Vasconcelos, garoto que foi mais emprestado entre todos e não conseguiu render: 23 anos de idade.
Adiciona-se a eles casos claros. Jogadores que ainda estão no clube, aqueles que deixaram por definitivo e aqueles que estão emprestados:
Elenco Sub-23 ideal
JOGADOR | POSIÇÃO | IDADE | TIME | SITUAÇÃO |
---|---|---|---|---|
MATHEUS VIDOTTO | GOLEIRO | 25 | FIGUEIRENSE | VENDIDO |
CAÍQUE FRANÇA | GOLEIRO | 24 | CORINTHIANS | 3º RESERVA |
FELIPE | GOLEIRO | 21 | CORINTHIANS | 4º RESERVA |
DIEGO | GOLEIRO | 19 | CORINTHIANS SUB-20 | TITULAR |
GUILHERME ROMÃO | LATERAL | 21 | SÃO BENTO | EMPRESTADO |
CAETANO | LATERAL/ZAGUEIRO | 20 | SÃO BENTO | EMPRESTADO |
LÉO PRÍNCIPE | LATERAL | 23 | PARANÁ | EMPRESTADO |
PEDRO HENRIQUE | ZAGUEIRO | 24 | ATHLETICO-PR | EMPRESTADO |
LÉO SANTOS | ZAGUEIRO | 21 | CORINTHIANS | LESIONADO |
JOÃO VICTOR | ZAGUEIRO | 21 | CORINTHIANS | 5° RESERVA |
DEL'AMORE | ZAGUEIRO | 22 | CORINTHIANS SUB-23 | ENCOSTADO |
RAUL GUSTAVO | ZAGUEIRO | 19 | CORINTHIANS SUB-20 | TITULAR |
WARIAN AMEIXA | VOLANTE | 23 | CORINTHIANS SUB-23 | ENCOSTADO |
MARCIEL | VOLANTE | 24 | VITÓRIA | EMPRESTADO |
THIAGUINHO | VOLANTE | 22 | OESTE | EMPRESTADO |
DU | VOLANTE | 19 | CORINTHIANS SUB-20 | TITULAR |
MARQUINHOS | MEIA | 22 | PONTE PRETA | EMPRESTADO |
ARAOS | MEIA | 22 | PONTE PRETA | EMPRESTADO |
FABRICIO OYA | MEIA | 20 | SÃO BENTO | EMPRESTADO |
MATHEUS MATIAS | ATACANTE | 21 | CEARÁ | EMPRESTADO |
RAFAEL BILU | ATACANTE | 20 | AMÉRICA/MG | EMPRESTADO |
ANDRÉ LUÍS | ATACANTE | 22 | FORTALEZA | TITULAR |
CARLINHOS | ATACANTE | 22 | VILA NOVA/MG | RESERVA |
FESSIN | ATACANTE | 20 | CORINTHIANS SUB-20 | LESIONADO |
GABRIEL VASCONCELOS | ATACANTE | 23 | OESTE | EMPRESTADO |
GUSTAVO 'MOSQUITO' | ATACANTE | 23 | OESTE | EMPRESTADO |
JANDERSON | ATACANTE | 20 | CORINTHIANS | RESERVA |
Claro que existirão os jogadores que não aceitarão as condições de jogarem num time alternativo, ainda mais em um cujo calendário pode acabar em agosto. Mas isso é passageiro, afinal, levando em consideração a força desse elenco que seria o ideal, o time deveria subir divisões rapidamente e ampliar o calendário anual.
As idades acima de 23 podem assustar os leitores, mas é a melhor maneira de fazer jovens revelados no clube renderem. O único clube que leva o elenco a sério já provou que é possível: o Athletico-PR ganha estaduais com os meninos, sem forçar seu elenco principal para a temporada.
E assim como faz Rodrygo e fez Vinicius Júnior no Real Madrid, jovens que possam ganhar chances no principal, podem simplesmente "mudarem" de elenco.
Jogadores lesionados
A categoria Sub-23 serve para aqueles que jogadores com sérias lesões que precisam de maior tempo de recuperação para ganharem de volta o ritmo de jogo. Não foram poucos os casos de atletas assim nesses últimos anos.
Renê Júnior, por exemplo, que passa por processo de adaptação ao campo nos últimos seis meses, poderia ter sido inscrito e utilizado em jogos da categoria para acelerar esse processo.
A ideia do elenco Sub-23 é flutuante. Ou seja, jogadores vão ir e vir por ali, sem que a base e o estilo de jogo seja mudada e todos os atletas promissores do clube possam prosperar ali, sem ter que serem emprestados para outro estado e passarem por todo um processo de adaptação.
No final da leitura se percebe: não é tão difícil. Realmente, o que se escancara é a falta de vontade com uma categoria que poderia ser muito útil ao Corinthians.
Em contato com a coluna, a assessoria do clube esclareceu pontos importantes em relação à categoria, os quais adiciono a seguir:
- O clube esbarra no desejo dos jogadores de atuar pela categoria. Afinal, a exposição deles em clubes de Série B é maior;
- Jogadores vindos da base precisam, para atuarem na Copa Paulista e serem inscritos na "Lista B" (jogadores revelados no clube, como o Paulistão), terem jogado no ano anterior da disputa em alguma competição sub-20. Assim, se limita o número de inscritos que podem entrar na Lista A, de jogadores foras dessas condições;
- Em caso de classificação ao Brasileiro Série D, o clube precisaria atuar sob outro CNPJ, para evitar a desclassificação.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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