O que eu vivi ontem no Maracanã
Opinião de Sarah Tonon
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Já fiz algumas loucuras pelo Corinthians, já passei por muitas experiências e emoções envolvendo esse time. Mas o que vivi ontem no Maracanã, foi inesquecível, extraordinário e inexplicável.
Segunda-feira trabalhei até às onze da noite. Deitei pra dormir por volta da uma da manhã mas não consegui desligar. A cabeça estava no jogo. Guardei um dinheiro pra poder ir de avião dessa vez pro Rio de Janeiro - ano passado fui de ônibus - e eu deveria estar no aeroporto às cinco da manhã. 0 horas de sono de segunda pra terça. O voo atrasou e cheguei no Rio de Janeiro às oito em ponto da manhã, horário em que eu começaria a trabalhar aqui no site. Começamos a cobertura do jogo, da situação do Fagner, e a tensão só aumentava. Entre uma notícia e outra, eu via pela janela aquele dia frio, chuvoso e cinzento. Algo incomum para o Rio de Janeiro e bastante normal na capital paulista. Estava com uma cara de Corinthians! A chuva deu uma pequena trégua na hora do almoço, aproveitei e fui comer um PF. Enquanto caminhava pelas ruas cariocas, ouvi vários "Vai Corinthians!", encontrei com alguns loucos do bando, ouvi um grupo de senhores tocarem e cantarem o hino alvinegro e aquele samba-enredo emocionante: "Me dê a mão, me abraça! Viaja comigo pro céu..." Aquilo tudo mexeu comigo. Coração bateu mais forte e a ansiedade só aumentava. Claro que teve uma senhora nos parando na rua pra dizer: "Vieram assistir o Flamengo ganhar do Corinthians, é?" entre outras provocações saudáveis.
Fim de expediente no Meu Timão por volta das cinco da tarde. Começava, então, o expediente Corinthians. Parti rumo ao Maracanã! Trânsito caótico, ruas lotadas de torcedores. Manto alvinegro por baixo da blusa e confusão do lado de fora do estádio. Descemos do carro e seguimos a pé até a entrada visitante. Todo mundo vestia vermelho e preto e rumava sentido portões principais do Maracanã. No sentido contrário e de preto e branco eu seguia rumo ao encontro do bando de loucos. Samba, cerveja, bandeiras, milhares de vozes, ônibus e carros lotados de corinthianos tomavam conta da área destinada aos visitantes. Visitantes que mais estavam em casa que qualquer outra coisa. A torcida corinthiana dominou o Maracanã.
Eu e todos os loucos presentes ali cantamos por cada um dos mais de 30 milhões de corinthianos. Apoio não faltou e nunca vai faltar. E é isso que nos diferencia das outras torcidas. Os flamenguistas, por exemplo, foram calados por nós mesmo tendo nos eliminado. O momento em que eles cantaram mais alto foi no apito final e pra gritar "eliminado" pra nossa torcida. Curiosamente, foi o momento em que nós também mais cantamos. Acabou o jogo, perdemos a partida e fomos eliminados. Mas cantamos o mais alto que pudemos com orgulho do que vimos em campo. Que outra torcida no mundo canta mais e apoia ainda mais após uma eliminação? Só nós mesmos... os loucos.
A polícia ainda nos segurou no estádio por mais de uma hora e meia após a partida e adivinhem o que fizeram os torcedores que ali estavam? Cantaram. Choraram. Vibraram o tempo todo. Todos juntos, uns felizes, outros tristes, alguns revoltados mas todos unidos em prol do Corinthians. Todos com o mesmo amor no coração. Eu confesso que, durante essas horas de espera após o jogo, passei por momentos diversos de emoção. Fui do ódio, tristeza e decepção ao orgulho, alegria e emoção de estar vivendo aquele momento. Quando a polícia liberou a nossa saída, seguimos caminhando e cantando o hino do Corinthians até as ruas. Foi lindo de ver, ouvir e participar.
Enfim, com poucas horas de sono, embarquei de volta à São Paulo. Chegando já com muito trabalho aqui no Meu Timão pra trazer todas as notícias do dia depois da eliminação e o que mais tem pelo caminho do Corinthians nos próximos dias, aproveitei pra dividir aqui nessa coluna a experiência que vivi.
Chorei muito, me emocionei, lavei a alma e torci com todo meu coração. Trouxe na bagagem uma história fantástica pra contar. O que eu vivi ontem no Maracanã, espero que todos possam um dia viver. Eu vi e vivi, mais do que nunca, o que é SER CORINTHIANS.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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