O que será que Sócrates pensaria disso tudo?
Opinião de Sarah Tonon
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Muitas cartas e textos escritos para pessoas que já se foram ou que estão distantes começam com "queria que você estivesse aqui pra ver isso..."
Comecei a rascunhar essa coluna como uma carta pro Sócrates e, definitivamente, eu não queria que ele estivesse aqui pra ver isso. Onde quer que ele esteja, está melhor do que aqui. Longe de toda a situação que vive o nosso país e que está sendo refletida no Corinthians.
Já pararam pra imaginar o que Doutor Sócrates, ídolo do Corinthians e símbolo da Democracia Corinthiana, estaria pensando dos atos e protestos feitos por conselheiros do próprio clube solicitando a retirada da camisa de Gustavinho do Memorial do Corinthians?
O gesto de Gustavinho, um fã inegável da Democracia Corinthiana e de Sócrates, simboliza e resgata os valores da história do Corinthians. Um clube fundado por operários, humildes e humanos que batalharam pra construir o nosso Corinthians, o Time do Povo. Um clube que muito além de um time de futebol, sempre defendeu a humanidade, a liberdade de expressão, a igualdade e os direitos humanos. Gustavinho disse, ao completar 1 ano da morte de Marielle, que "uma ideia não morre e que nossa memória não pode ser tão curta ou seletiva, pois o esquecimento é o melhor amigo da barbárie". Quisera eu, o próprio Gustavinho, Sócrates e tantos outros corinthianos que têm orgulho do time que torcem e de tudo que representa, que a memória de outros não tivesse sido tão curta assim...
Como algumas pessoas podem se denominar 'Fiéis Escudeiros', se tornarem conselheiros do clube e manchar a história que temos tanto orgulho de carregar? Parece que estes são alguns daqueles que tiveram a memória seletiva comentada por Gustavinho. E, infelizmente, estes são os que possuem (ou simplesmente tomaram) poder, capaz de pressionar a diretoria para cometer a retirada de algo tão simbólico para o resgate da Democracia Corinthiana e do que ela representa. Atitude dos tais 'fiéis' que é um reflexo da sociedade doentia que vivemos atualmente, que traz à tona o que de pior tem na humanidade.
Desculpe por ter que te contar isso tudo, Doutor. Mas nosso passado é realmente uma bandeira - que deveria ser orgulho pra todos carregar - já nosso presente é uma (amarga e triste) lição.
Mesmo assim, até queria que você estivesse aqui pra ver que eu e mais alguns dos bons seguimos tentando não fazer a ideia da Democracia Corinthiana morrer. Seja com pequenos textos como esse, com bandeiras, camisas, gritos ou vigílias pela Democracia, nós não vamos empurrar as memórias do que foi construído para baixo do tapete, ou melhor dizendo, de alguns escudos.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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