Dois que vão, um que passa
Opinião de Walter Falceta
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1) Está nos olhos do Palestra, como se reproduzisse o próprio hino: sabe bem o que vem pela frente, que a dureza do prélio não tarda. Piscou, dança! Sente-se o rival incomodado com a lembrança daquele implacável mosaico. No fundo, sabe, 51 é aguardente. Bi da FIFA, no Brasil, tem apenas um.
2) Em Itaquera, Felipe Melo equipara a valentia a seu talento. Tudo em miniatura. Não ganha nada. Nem o aperto de mão de Clayson. Equivoca o passo.
3) Mal se concluiu o Carnaval e o Timão já apresenta a quadrilha junina. Anarriê, alavantu e balancê. Um minutos e vinte três segundos de traquinagem com a bola. 29 costuras. E o Palestra assistindo...
4) Até que a pelota resolve constituir parceria com Rodriguinho. O corpo dá a volta em si mesmo. Dois que vão, um que passa. E a Sul vê a rede estufar-se de espanto.
5) Vem o segundo tempo e o esquadrão Crefisa procura alguma ginga. Aventura-se. Mas logo responde o Coringão, novamente, em contradança, arreliando bonito o proscênio gramado. Desesperado, Jaílson esculhamba a coreografia. Cravos dolorosos em Renê Junior.
6) O verde recorre ao roteiro comum. Dudu conduz seu teatro costumeiro. Bola na cal, resolve que é melhor fugir de cena. Busca adesão. Não rola.
7) Jadson faz o passo em falso, que é para garantir a emoção. Afinal, precisa seguir o bailado aos 42 mil da plateia.
8) Os palestrinos reagem com alguma energia, mas sem ritmo e cadência. Logo, o mesmo Dudu pretende atravessar as pernas do adversário que invade seu palco. Trava-se a banda. Silêncio. Agora, é um contra outro. Pimba, salta toda a Norte.
9) Borja delibera punir o exercício lúdico dos donos da casa. A Fiel se encanta com o conjunto de Carille. Uma bandeira se ergue do povo. O mastro é uma muleta.
10) A torcida comanda o espetáculo: olé, olé, uuuuolé... É a quarta vitória consecutiva sobre o rival da outra ponta da linha vermelha do Metrô. Este ano, mais adiante, vamos fazer 125 e igualar a conta.
11) Passa um, passa dois, pisam cá e acolá. Parece mesmo um São João prematuro. E o apitador, para não magoar demais os dançarinos de pé murcho, aponta o centro do terreiro. Finda-se o tormento visitante. É hora, como sempre, de cantar lorota e lamento.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.