9 a 2
Opinião de Lucas Faraldo
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Uma goleada de 9 a 2 numa partida de futebol traduz muita coisa. Sem nem assistir a esse jogo meramente ilustrativo é possível concluir que os vencedores passaram os 90 minutos, acima de tudo, interessados em fazer gols (afinal, trata-se de uma média de um a cada dez minutos). Também ouso afirmar que os derrotados passaram os mesmos 90 minutos mais torcendo pelo apito final do que por seus próprios gols, anotados despretensiosamente.
Pois somando os gols de Grêmio 4 x 5 Fluminense e Vasco 1 x 1 Corinthians, da última rodada do Campeonato Brasileiro, chegamos à tal ilustrativa goleada de 9 a 2. Os vencedores nessa comparação foram os times de Renato Gaúcho e Fernando Diniz; o derrotado, o de Fábio Carille. Não me atrevo a colocar Marcos Valadares no barco, pois não bastasse ser técnico interino ainda é interino do paupérrimo Vasco da Gama.
E já faço de antemão uma réplica aos que, citando o calendário nacional, defendem a atual forma de jogar do Corinthians: poderia haver mais rodízio no elenco. Levantamento aqui do Meu Timão apontou que 35% dos jogadores de 2019 não jogaram mais do que 90 minutos.
Carille conseguiu montar um Corinthians chato. Chato de enfrentar. Chato de assistir. O chato que até ganha (e ganha bastante – como enaltecido nesta mesma coluna em texto recente em homenagem à Notre-Dame). Mas que ganha no cansaço. Prova disso são as críticas de boa parte da torcida ao futebol alvinegro menos de um mês após ser tricampeão paulista.
E pior: ao vender a ideia de que atuações como a do último sábado são boas (como fez na entrevista coletiva pós-jogo), Carille frustra por antecipação o torcedor do Corinthians. É como se alertasse: nos apoie, torça, reze e, quando ganharmos, comemore! E só.
Se o torcedor corinthiano de hoje quiser desfrutar de um bom jogo de futebol, assista a VTs de jogos do passado (até mesmo da equipe comandada por Carille em 2017) ou às atuais exceções nacionais – Grêmio de Renato Gaúcho, Santos de Sampaoli, Fluminense de Diniz... Ali sim você encontrará jogos prazerosos de assistir, em que se ganha mesmo perdendo.
Carille é o mais vitorioso técnico do futebol brasileiro nos últimos anos. Tricampeão paulista, campeão brasileiro, vivo em todas as competições de 2019... Mas se tanto questionamos a "cultura do resultado" no nosso país quando um técnico é ceifado, por que não questioná-la também (nem que para fins de meros devaneios) quando um técnico é exaltado?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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